João Pessoa, 20 de novembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A região do Cariri paraibano abrange em torno de 25 municípios, e possui mais de 100 mil habitantes. Fica numa área central, entre os principais polos da Paraíba e Pernambuco.
Para se investir numa região empresas buscam muitas vezes apenas o básico: segurança hídrica e malha viária. Justamente o que o Cariri paraibano possui, pois além de uma malha viária que interliga todos os municípios e grandes mananciais, possui um eixo das águas da Transposição do Rio São Francisco, com um rio perenizado durante todo o ano.
Santa Cruz do Capibaribe é 15º mais rico (PIB) do Pernambuco por meio da indústria da confecção. Vai na contramão de algo que grandes empresas buscam, pois lá não existe segurança hídrica. É preciso muita água para branquear o tecido, e depois para aplicar os corantes e os produtos químicos que os fixam. Em média, cada quilo de tecido tingido requer de 100 a 150 litros de água, mas, mesmo sem água, Santa Cruz do Capibaribe é um dos maiores polos do país.
Outro exemplo, é o município de Petrolina, maior produtor de fruticultura no Pernambuco, graças ao Rio São Francisco. Ocupa a 7º no PIB do Pernambuco. Grande maioria das frutas e verduras que consumimos na nossa região vem de lá. Petrolina e toda aquela região que abrange o Vale do São Francisco usaram o rio ao seu favor.
Claro, a realidade desses municípios hoje é bem diferente da nossa, mas é preciso termos exemplos, pois exemplos arrastam. O Cariri possui água, possui uma das melhores malhas viárias do Estado, além de uma excelente localização. Mas o que está faltando?
O prefeito de São João do Tigre, Márcio Leite, município próximo de Santa Cruz do Capibaribe, é um defensor ferrenho da implantação de um polo de confecção na nossa região. A visão corretíssima é que nossa região possui condições mais favoráveis do que o município exemplo possuía quando iniciou. Uma curiosidade, é que uma grande parcela da mão de obra dos polos de confecções de Santa Cruz do Capibaribe vem do Cariri, e por que não usar isso ao nosso favor?
Atrair investidores é um primeiro passo, com incentivos fiscais e apoio, além de oportunidades de crédito.
Longe de sermos uma Petrolina, com enormes plantios de frutas e verduras, mas se temos um rio perenizado, podemos plantar, e quem planta colhe. Desde de 10 de março de 2017que fomos agraciados com a chegada das águas do Rio São Francisco em nossa região.
Existe uma canção da antiga dupla Os Nonatos que diz: “A obra transforma o sertãonum solo produtivo e rico”.
Temos a água, que transformou nossa região, porém falta produzir. Falta projetos para tornar o solo produtivo, e até o momento, o produtor não está autorizado a fazer o uso das águas para grandes plantações, apenas para uma pequena gleba de terra. Com a autorização, existirá a valorização fundiária, provocando crescente interesse de empresas pelas terras ribeirinhas.
Além disso, o incentivo com créditos para produtores é um fator necessário. Organizar as atividades dos pequenos produtores/empreendedores é o caminho mais rápido. Mas, mesmo assim, ainda acredito que é apenas questão de tempo até o agronegócio se espalhar pela região. Empresas de Santa Catarina e de Alagoas chegaram a procurar terras as margens dos rios para aquisição, e posteriormente, produzir. Até o momento não se concretizou as negociações.
O Cariri vive o melhor momento. Se olharmos para traz, nos últimos anos a região foi a que mais cresceu em nosso Estado. Há 15 anos, possuíamos apenas a BR-412, e as estradas que ligaram os municípios do Congo, Zabelê e Ouro Velho. Hoje, todas cidades possuem ligação asfáltica, e junto com isso, possuem segurança hídrica, por meio de adutoras, é claro, com a transposição do Rio São Francisco, que consolidou nossa região.
Com investimentos e incentivos, o Cariri de 2050 poderá se tornar uma região produtiva e rica, com geração de empregos e renda por meio de grandes empresas, usando o que temos ao nosso favor, e quem sabe, se tornar futuramente, o Vale do Cariri.
HORA H NA TV MANAÍRA - 10/12/2024