João Pessoa, 07 de agosto de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Comércio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

Um dia para não esquecer

Comentários: 0
publicado em 07/08/2023 às 17h26

Quando a reluzente aeronave, Cessna Grand Caravana prefixo PS-CNE da AZUL Conecta, pousou elegantemente no aeroporto Pedro Viera Moreira na manhã desta terça-feira, 01/08/23, taxiando na pista para o batismo do voo inaugural Cajazeiras-Recife, de imediato me veio na memória uma cena indelével de exatamente60 anos atrás de um garoto de oito anos que assistia extasiado no então Aeroporto Antônio Tomás o embarque do seu pai nessa mesma rota com destino ao sul do país a bordo de um imponente e possante avião DC3. Uma cena marcante para o pequeno e irrequieto autor dessas linhas, testemunhar o empresário do ramo de venda de automóveis, Tota  Assis, embarcar por volta do meio-dia num voo em Cajazeiras com direito a jantar no mesmo dia em São Paulo.

Algo deslumbrante para aquele intrépido garoto que fugia da escola de Carmelita para apreciar os pousos e decolagens daquelesmagníficosDC3, hábito interrompido por “seu Tota” quando fui recolhido para casa “debaixo de vara” depois de sucessivos puxões de orelha.

Depois do último voo da VARIG linhas aéreas, em Cajazeiras, já se foram 60 anos de isolamento aéreo fato que sempre nos levou a uma inquietante pergunta: por que perdemos nossa linha aérea? São varias as explicações, cito duas: a inovação tecnológica com introdução de potentes motores turbo hélice e a jato, permitiram a fabricação de aeronaves de voo mais rápido em distâncias maiores, operando sem escalas, modernidade que aposentou os obsoletos e valentes DC3 inviabilizando de vez a aviação regional no Brasil e o início do declínio da cultura do algodão que empobreceu a região nos deixando fora de um serviço que se tornou um benefício somente para ricos.

Levamos 25 anos para romper esses 60 anos de isolamento aéreo, uma luta hercúlea que abraçamos para reintroduzir Cajazeiras na malha aérea nacional.  Não foi algo fácil. A situação se agravou no início dos 1990 quando o nosso aeroporto Antônio Tomás foi desativado pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) depois de uma tresloucada construção do município de um conjunto residencial (agrovila)nas suas margens e a instalação de uma antena de rádio na cabeceira da sua pista que impedia sua ampliação. Precisávamos de um novo aeroporto. Tínhamos que conseguir o terreno, elaborar o projeto, conseguir verba para a construção, homologar seu funcionamento na ANAC e por último atrair uma empresa para operar voos comerciais regulares. Um desafio sem tamanho, ninguém acreditava!

Enquanto o poder público nos virava as costas, resolvemos agir. O sentimento nativista de dois grandes cajazeirense falou mais alto.  O terreno de 25 hectares foi doado pelo médico Dr. José Maria Moreira, o projeto de construção saiu da lavra do engenheiro Girleno  Rolim e partir daí com a escritura do terreno e o projeto na mão finalmente convencemos o governador-aviador José Maranhão a executar a obra que foi entregue parcialmente concluída em dezembro de 2010. A partir daí consumimos mais treze anos para concluir e homologar o hoje aeroporto Pedro Vieira Moreira que num evento inesquecível emocionou aquele garoto, hoje sexagenário, por ser partícipe dessa história e ter o privilégio de comemorar a reintegração definitiva de Cajazeiras na malha aérea nacional.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

Leia Também