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Bambambãs da medicina dão injeção de excelência em hospitais públicos

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publicado em 29/04/2012 às 09h19

Movidos pelo amor à medicina e interessados em exercer a cidadania, profissionais reconhecidos nacional e internacionalmente estão dividindo seu tempo entre consultórios e hospitais particulares, onde sempre atuaram, e a rede pública de saúde. Considerados pela Secretaria estadual de Saúde como a tropa de elite da rede pública e apelidados de bambambãs nas unidades em que trabalham, o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, o cirurgião bariátrico Cid Pitombo, o cirurgião plástico Bruno Costa e o microcirurgião João Recalde oferecem atendimento de qualidade a pacientes carentes e contribuem também para a melhoria dos hospitais públicos. Eles exigem tecnologia de ponta e infraestrutura para desenvolver seus trabalhos nos polos de excelência que o governo estadual está criando.

Um dos melhores neurocirurgiões do país, Paulo Niemeyer Filho, de 60 anos, já atuou na filantropia quando assumiu o Instituto de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia. Agora, está prestes a assumir uma nova empreitada: o Hospital do Cérebro Paulo Niemeyer, cujo nome é uma homenagem ao pai dele, outro médico renomado. Previsto para entrar em funcionamento no segundo semestre, a unidade fica na Rua do Resende, no Centro, no local do antigo Instituto de Traumato-Ortopedia (Into).

— Todo médico tem o desejo e deveria participar do aspecto social e de ensino. O Rio tem carência de hospitais eletivos. Locais para fazer cirurgias de mal de Parkinson e tumores de cabeça — explicou o neurocirurgião.

Hospital terá leitos para pacientes com AVC

A nova unidade contará com o que há de mais moderno. Um dos itens, citado por Paulo Niemeyer, é um aparelho de ressonância que funciona dentro do centro cirúrgico. Segundo o médico, no Brasil apenas o Sírio Libanês, em São Paulo, tem um, que seria adaptado. O serviço também vai preencher uma lacuna na rede pública de saúde: o atendimento às vítimas de acidente vascular cerebral (AVC), aneurismas e outras doenças neurológicas. Serão 60 leitos destinados aos casos de AVC.

Outros tipos de problemas também estão tendo atendimento de médicos vip. O caso de Lucas Alberto Ferreira de Oliveira, de 12 anos, é um bom exemplo disso. O menino foi atropelado, em dezembro de 2010, em Xerém, em Duque de Caxias, e teve a perna direita cortada. O membro ficou preso ao corpo apenas pela pele. Socorrido e levado para o Hospital Adão Pereira Nunes (Hospital de Saracuruna), também em Caxias, Lucas foi atendido pela microcirurgião João Recalde, de 56 anos. Hoje, depois de dez cirurgias, Lucas faz as atividades preferidas com amigos: andar de bicicleta e jogar futebol. Na casa humilde do bairro Jardim Primavera, a mãe do menino, Patrícia da Silva Pereira, hoje é pura felicidade.

— Meu filho teve um tratamento vip. Não esperava que em um hospital público ele recebesse um tratamento como o que recebeu, de qualidade e melhor do que o oferecido em muito hospital particular — disse Patrícia.

O serviço de reimplante foi montado no Hospital de Saracuruna depois de um episódio triste. Em 2008, Ana Catarina Santos teve o braço amputado quando tinha 10 anos. A menina, que morava num abrigo para órfãos em Areal, tentou tirar roupas de uma máquina de lavar industrial em funcionamento e teve o braço decepado. Não havia local na rede pública com equipe para fazer o atendimento. Ela foi levada de helicóptero para o Saracuruna e o médico João Recalde foi chamado.

— Diante das dificuldades de atender ao caso da Ana Catarina, o governo estadual decidiu criar o serviço. O Saracuruna foi equipado com todo material necessário e uma equipe de profissionais fica de prontidão. Já foram realizados 105 reimplantes, sendo 15 deles macroimplantes, que são os de pernas e braços. O restante são os microimplantes de dedos, orelhas e outros — explicou Recalde.

Para o sucesso do serviço, o entrosamento com as equipes de atendimento de urgência tem sido fundamental. Segundo Recalde, no casos de pernas e braços, por exemplo, o tempo máximo para o reimplante é de seis horas. Depois desse prazo, não há chance de salvar o membro. João Recalde disse que a importância em manter esse tipo de atendimento na rede pública é baseada no fato de que, de acordo com as estatísticas, esses acidentes ocorrem com maior frequência nas classes mais baixas.

Cirurgias bariátricas aumentam de 16 para 300

Um dos cirurgiões bariátricos mais renomados do mundo, Cid Pitombo é adorado pelos seus pacientes, a maioria mulheres. Ele comanda um setor que foi remodelado exclusivamente para atender a pacientes obesos que vão ser submetidos a cirurgias de redução de estômago. O novo setor funciona no andar térreo do Hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Em um ano e três meses, ele fez 300 cirurgias, todas por laparoscopia (método menos invasivo e mais seguro). Segundo ele, a rede pública não conseguia realizar mais do que 16 cirurgias por ano.

O Globo

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