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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Drive-in na rede

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publicado em 05/07/2022 às 07h43
atualizado em 05/07/2022 às 07h05

Quis ver no cinema “A Suspeita”, de Pedro Peregrino, produzido pela atriz Gloria Pires, que vive a personagem de um policial civil, diagnosticada com Alzheimer e que vira suspeita durante um caso e precisa provar a inocência. Uma rajada de imaginação imitando a vida.

Vesti a roupa de domingo, mas vi que o filme tinha saído de cartaz. Vou procurar nas plataformas. Não gosto muito de ir a shopping.  O tempo entre sacolas se arrasta. A humanidade só não deu 100% errado por causa do cinema, da comida, sexo, do trabalho, do livro e da música. A quem acrescente morfina, mas não sou doutor.

Tinha começado a ver outro filme brasileiro, “Para Minha Amada Morta”, suspense de 2016, dirigido por Aly Muritiba, mas parei na metade. Desistir de algo assim pode ser considerado um ato de coragem?

Bom, obcecado pelos pertences da falecida, a personagem, um fotógrafo chamado Fernando, dorme com os vestidos da mulher, até descobrir um vídeo em VHS que revela algo chocante sobre seu casamento. Chocante, né? É não. Deve ser melhor que ver o sol quadrado. Distribuir roupas e sapatos, é o melhor a ser feito.

No caminho de volta, num lugar que pretende passar por outro, fui levado por uma amiga para assistir “Os Brutos Também Amam”, faroeste de George Stevens, 1954, num cinema ao ar livre, acho que foi na avenida Epitácio Pessoa, final da década de 70.

Sempre buscava esse filme a  galope, onde animais também brigam, mas não se odeiam e têm inteligência notória.

É lindo o amor dos pássaros. Torço pelo fim das gaiolas. A Gaiola das Loucas é um filme, né?

(parênteses) Voltava da vacina com minha mulher e vi um bando de pássaros famintos, da cor de terra, quase morenos, numa calçada da avenida Esperança, na praia de Manaíra. As migalhas eram restos de cuscuz. The Fugitive Kind, Vidas em Fuga, de Sidney Lumet.  Lembram?

O cinema drive-in era tão bom. A última sessão do itinerário, os brutos na tela e humanos nos carros, era algo liberto e fugitivo.  Naquele tempo a capital não era essa imensidão provinciana com milhares de motos e bandidos extensos.

Eu li que foi na cidade de Las Cruces, no México, por volta de 1915, que surgiram os primeiros cinemas ao ar livre, mas ganhou maior projeção quando passou a ser drive-in (em estacionamentos), em 1932, nos Estados Unidos. Creio que naquele tempo não existiam os malditos “coiotes”.

Genial, Richard M. Hollingshead Jr. Sem aguentar as queixas de sua mãe que estava acima do peso, em relação às cadeiras dos cinemas tradicionais, resolveu inovar para agradá-la. Ter uma mãe contemporânea não é para qualquer um.

Hollingshead Jr. pendurou uma tela entre duas árvores, estacionou o carro de frente e instalou um projetor em cima do veículo. Assim, surgia oficialmente o cinema drive-in.

Na “Sexta Musical” da semana passada, do jornalista Silvio Osias, uma canção linda, um blues, “Mama” que Gilberto Gil fez para sua mãe, quando ele estava no exilio. Tenho certeza absoluta que minha mãe nunca  foi ao cinema. Não me perdoo por isso. Mas vejam a série “Em casa com os Gil” de Andrucha, que é um cinema cantado.

Hoje assistimos tudo em casa nos aplicativos. Na rede Filomena (vocês lembram?) me sinto no drive-in cercado de luzes minúsculas dos eletrônicos. Os arrepios não mentem, brô.

Kapetadas

1 – Não queria assustar ninguém, mas daqui a dois dias amanhã vai ser ontem.

2 – Era de Aquário? Que eu saiba estamos na era mais conhecida como Já Era.

3 – Som na caixa: “O cinema falado é o grande culpado da transformação”, Noel Rosa

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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