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MaisPB Entrevista

Bernardo Lobo lança “Zambujeira”, com Pablo Lapidusas

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publicado em 29/01/2022 ás 12h03
atualizado em 30/01/2022 ás 09h36

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

 Fotos- Gabriela Perez

“Zambujeira”, é o terceiro álbum de Bernardo Lobo, este, fruto da parceria entre o cantor, compositor e violonista brasileiro e o pianista, produtor musical e compositor argentino Pablo Lapidusas. Ambos migraram para Portugal. O disco está em todas as plataformas digitais.

Além da faixa-título, “Zambujeira” que é o nome de uma região do Algarve, no Sul de Portugal, há temas batizados como “Além-mar”, “Ecos do mar” e “Longe do Rio, Perto do Tejo” entre as oito que compõem o trabalho. Desde os títulos está bem definida a estreita relação com o país europeu que eles mantêm. Bernardo mora em Portugal há cinco anos; e Lapidusas, há 10.

O álbum foi gravado entre maio e outubro de 2021, em Lisboa e Portimão –, e também no Rio de Janeiro e em Nova York, no Superlegal Studio, do músico e produtor Alexandre Vaz, onde foram registradas guitarras, algumas percussões, efeitos e programações.

Todas as gravações foram realizadas nos estúdios caseiros dos músicos convidados, num processo tecnológico, ferramenta que tem facilitado e muito.

Filho de Edu Lobo e Wanda Sá, com uma trajetória intimamente ligada à canção brasileira, Bernardo Lobo se aventura pela primeira vez, com “Zambujeira”, no terreno da música instrumental, o que configura os novos rumos citados como fonte de inspiração.

O projeto mistura vários gêneros e representa a novidade na carreira de Lobo, a da música instrumental. “Zambujeira” reúne 7 faixas inéditas e conta com a participação dos músicos Jaques Morelenbaum, João Gaspar, Jessé Sadoc e Carlos Malta, além dos artistas estrangeiros Maria João, Miroca Paris e Rolando Semedo.O disco foi produzido entre os meses de maio e outubro, com parte do repertório gravado em estúdios caseiros.

A música “Estradas”, (link na entrevista) é uma composição de Bernardo Lobo e Pablo Lapidusas, com interpretação de Bernardo Lobo, Pablo Lapisudas, Miroca Paris, Alexandre Vaz e Jessé Sadoc, já dá o tom do disco.

Bernardo Lobo tem outros discos lançados “C’Alma”, de 2018, “Uma Viola Mais Que Enluarada” – Bernardo Lobo Canta Marcos Valle, de 2019 e participação no songbook de Chico Buarque entre outros lançamentos.

Bernardo Lobo e Pablo Lapidusas conversaram com o MaisPB e revelam a gestação “Zambujeira”, comentam as canções e falam.

Respostas Bernardo Lobo

MaisPB – Como nasceu esse novo no novo álbum Zambujeira? Fruto da pandemia? É seu primeiro trabalho instrumental?

Bernardo Lobo – Esse trabalho nasceu de uma grande amizade que tenho com o Pablo. Nos encontramos durante um confinamento, no auge da pandemia, no início do ano de 2021, e tivemos a ideia de fazer esse disco. Um disco original e diferente para ambos era o desafio inicial. É meu primeiro trabalho instrumental.

MaisPB – E essa junção com o Pablo Lapidusas?

Bernardo Lobo – Essa junção foi natural, nos conhecemos há 20 anos e estamos em Portugal há algum tempo. Já tocamos juntos e aí pintou essa vontade de virarmos parceiros. E nesse encontro, em Zambujeira, Pablo entrou lá em casa e me disse: “Vamos gravar um disco juntos?” Eu disse: “Claro! Agora”. No dia seguinte fizemos o primeiro tema, que por acaso foi justamente “Zambujeira”, e a partir dali começamos a trabalhar à distância no disco.

MaisPB – “Além Mar” a primeira faixa, parece uma saudade, lembra Jobim, lembra um filme? Com Jaquinho Morelambaum ficou mais bonita, né?

Bernardo Lobo – Eu amo esse tema, talvez seja o meu xodó do disco. É cinematográfica mesmo, foi inspirada num tema lindo do Erik Satie que gosto muito. A escolha do Jaquinho foi perfeita, o cello casou muito bem com o piano do Pablo e Jobim está ali, com certeza também: são nossos guias.

MaisPB – “Estradas” a segunda faixa, já chega noutro ritmo. Vamos falar dessa canção?

Bernardo Lobo – No caso de Estradas, Pablo transformou o tema em um compasso 5/4, que lhe deu uma nova cor, e também fez uma terceira parte incrível. Essa música foi muito celebrada por nós durante o processo todo. E o Miroca Paris e o Jessé Sadoc somaram brilhantemente na canção.

MaisPB – Na sequência a faixa “Longe do Rio, Perto do Tejo” com a voz de Maria João, ora ela canta quase falando. É uma homenagem ao Rio e ao Tejo?

Bernardo Lobo – Não é uma homenagem explícita, mas não deixa de ser, pois só a presença da Maria João já homenageia o Tejo e Portugal e o Longe do Rio, pois somos imigrantes e queríamos abordar esse tema também.Ficou bem moderna e Maria João escreveu esses versos especialmente pra canção.

MaisPB – “Ecos do mar” é a sexta faixa é canção que acalma. Vamos falar dessa maravilha? Aliás, Alexandre Vaz produziu o disco e está nessa faixa?

Bernardo Lobo – Ecos do Mar escolhemos para ser o tema que faríamos os três juntos, então, o Pablo começa ao piano, com umas tríades soltas, chamando uma melodia. Alexandre continua e volta pra mim, que construo a segunda parte do tema. Chamamos depois de suíte instrumental. Foi quando tivemos a ideia de chamar o Carlos Malta para gravar com sua flauta baixo, simulando um pouco as ondas do mar, que é tema recorrente no disco. Alexandre Vaz foi um excelente produtor, dando dicas precisas, além de tirar um som incrível na mixagem do álbum.

MaisPB – Há quanto tempo você está morando em Portugal? É definitivo? Quando vem ao Brasil?

Bernardo Lobo – Olha, essa palavra “definitivo” é complicada. Amo viver em Portugal, mas não sei se será pra sempre. Estou no Brasil nesse momento e dessa vez o coração apertou um pouco, pensamos pela primeira vez em voltar daqui a um ano, talvez.

MaisPB – A canção Luz e Breu que fecha o disco é uma viagem entre a luz e o som, pouco breu, mais esperança. Proposital?

Bernardo Lobo – A canção Luz e Breu é a única que não é inédita, e que tinha uma letra do Alexandre Vaz gravada originalmente por mim e pelo Milton Nascimento no meu primeiro disco, de 2000.É uma viagem mesmo, muito som, pouco breu (risos). Não foi proposital, foi natural assim como tudo que se fez nesse disco.

Pablo Lapidusas

MaisPB – Assim como Bernardo Lobo você migrou para Portugal. Foi a coisa mais certa, produzir seu som noutro solo?

Pablo Lapidusas – Tenho certeza de que sim. Em 2011 me mudei para Portugal, largando para trás uma zona “confortável”, com um monte de trabalhos como sideman. Foi uma maneira de romper com tudo e focar 100% no meu trabalho como solista.

MaisPB – Como vocês se conheceram?

Pablo Lapidusas – Conheci o Bena em 1999, ainda morando em Campinas (estudava na UNICAMP). Comecei a tocar na banda do Eduardo Dussek e o guitarrista, João Gaspar (que gravou uma faixa em “Zambujeira”), que também tocava com o Bena, me indicou para fazer alguns concertos com ele quando o Kiko Continentino, seu pianista na época, foi tocar com o Milton Nascimento. Acabei tocando com ele até me mudar para Portugal. Ou seja, entre 1999 e 2011 toquei em todos os shows do Bena.

MaisPB – Esse disco foi surgindo entre as afinidades pessoais e dos instrumentos, esse casamento feliz da sonoridade?

Pablo Lapidusas – Acima de tudo, considero que este disco celebra muitos anos de amizade.

MaisPB – De quem é a capa do disco, esse mar denso e bonito?

Pablo Lapidusas – A capa é da Claudia Wolter, uma amiga de muitos anos e também esposa do Alexandre Vaz, produtor do disco e amigo nosso de longa data.

MaisPB – Além Mar é inspirada no tema Gmynopédie 1, de Erik Satie. Vamos falar dessa canção tão bonita?

Pablo Lapidusas – O Bena me mostrou Além Mar, de voz e violão, e me disse que era inspirado no famoso tema do Satie. Me pediu para terminá-lo, mas eu já o considerava pronto, desde o início. Acabei compondo uma terceira parte. A história dessa gravação é incrível: estávamos em uma reunião por zoom, Bena, Alexandre e eu, quando mostrei a ideia do arranjo ao piano e na hora eles disseram “é isso”! Como eu estava gravando a reunião, essa versão acabou valendo. O Jaquinho colocou o seu maravilhoso cello em cima desse meu “rascunho” e assim ficou.

MaisPB – Você já tocou com artistas em gravações e turnês, como Hermeto Pascoal, Cesar Camargo Mariano, Hamilton de Holanda, Eugene Friesen e Ehud Ettun…

Pablo Lapidusas – Por ser instrumentista, eu comecei minha carreira como sideman. Não coincidentemente, quando me mudei para o Rio de Janeiro comecei a trabalhar com artistas da MPB e também com músicos de maior expressão nacional. Foi um processo natural já que, naquela época, todos estavam no Rio. Sobre os artistas citados por você: O Hermeto Pascoal gravou no meu primeiro álbum, o que foi uma enorme honra para mim. O Cesar Camargo Mariano foi o meu primeiro ídolo: desde os 15 anos eu ouvia os seus discos e em 2008 tocamos juntos, na sala Cecília Meireles. Eu abri o concerto e na segunda parte ele tocou. No bis, a convite dele, fizemos um número a dois pianos e foi incrível! O Hamilton é um grande instrumentista da minha geração, um cara que conquistou tudo. Em 2019 fizemos um concerto no MIMO Festival, em Portugal. O Eugene Friesen é um cellista mundialmente conhecido, professor da Berklee College of Music. Em 2010 fizemos algumas apresentações no Rio e em SP, e gravamos um especial de Natal para a TV Cultura. O Ehud Ettun é um jovem contrabaixista Israelense. Nos conhecemos na Coreia do Sul, em 2016, e de lá pra cá fizemos diversas turnês em duo e quarteto pela Europa, além de inúmeras apresentações em Israel. Aliás, acabo de voltar de lá.

MaisPB – A canção Estrada lembra as coisas de João Donato e Marcos Valle. Estou certo?

Pablo Lapidusas – Sim, certíssimo.

MaisPB – Vocês pretendem prazer esse show para o Brasil em 2022?

Pablo Lapidusas – Pretendemos colocar este projeto na estrada, sim. Como estamos ambos deste lado do Oceano, será mais natural, creio, tocarmos aqui. Mas se pudermos apresentar este trabalho no Brasil, será incrível.

Confira o trabalho da dupla: 

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