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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Como era o réveillon

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publicado em 26/12/2020 às 08h24

Para que não esqueçamos nestes terríveis tempos Covid, já fomos imensamente felizes e ansiosos nos dias que antecediam a virada do ano. Havia um cuidado muito grande com o que iriamos vestir naquela noite. Homens e mulheres preocupavam-se até com a cor das suas cuecas e calcinhas. Vermelho prometia amor, já amarelo era garantia de que a grana iria pingar nos bolsos dos esperançosos. A roupa tinha que ser branca e preferencialmente tinha que ser nova porque, afinal, ano novo tudo novo.

As comemorações tinham sempre duas fases bem definidas. Geralmente rompia-se o ano com a família e em seguida íamos às festas com os amigos. Ah, essas festas! Desde clubes e casas até a evolução para a beira mar. Com o tempo passei de participante a ser observador contumaz. Dormia pouco depois da festa só para acordar cedo e caminhar pela praia vendo os últimos amigos comemorando o nascer do sol. Sim, isso sempre foi muito importante. Ver o primeiro nascer do sol do ano na cidade onde o sol nasce primeiro nos dava a sensação de sermos mais afortunados do que qualquer outro povo.

Aliás, nesse quesito de sentimentos tenho certeza de que vocês lembrarão como a efusividade nos dominava naqueles momentos; cumprimentávamos os amigos como se algo maravilhoso estivesse acontecendo. Tome abraços, tapas nas costas, apertos de mão violentamente carinhosos e até uma lagrima furtiva.

Eu sempre achei que o único defeito do ano novo é que são pouquíssimas as musicas dedicadas a ele. Enquanto o natal sempre teve muitas musicas fixadas no tema o ano novo é paupérrimo no quesito. Lembro quando muito de uma: “-Este ano, quero paz no meu coração…”, que cantávamos balançando de um lado para o outro com as mãos dadas. Vocês lembram de outras musicas marcantes no réveillon?

Hoje somos a sombra daquela esperança. Tantos amigos perdidos neste ano de 2020. Tantas restrições. Tantos sofrimentos, tantas incertezas.

Mas não temos o direito de sucumbir. Não nos é dada a possibilidade de entrarmos em 2021 de cabeça baixa. Somos mais fortes do que toda essa merda.

Somos a raça humana, vitoriosa em momentos muito piores.

E temos um trunfo, o amor de Deus por todos nós. Afinal, Seu filho foi criado à nossa semelhança.

Vamos botar pra lascar e o vírus (foto) que volte para a puta que o pariu!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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