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João Medeiros é pediatra e presidente da Academia Paraibana de Medicina. E-mail: [email protected]

Alvíssaras!

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publicado em 17/12/2020 às 06h44

Mulher segura frasco rotulado como de vacina para Covid-19 em foto de ilustração
10/04/2020 REUTERS/Dado Ruvic

Boa parte do noticiário há vários meses vem sendo inevitavelmente dedicada à COVID-19, a essa pandemia que afeta a população de países ricos e pobres, nivelando-os indistintamente quanto à incidência e à morbimortalidade.

Aliás, é surpreendente o fato de que a maior potência do planeta, os Estados Unidos, lidere o ranking mundial quanto à prevalência e o número de mortes registradas.Somos todos iguais, pelo menos perante a esse mal avassalador, corroborando com a máxima de que nem sempre com o poder e o dinheiro tudo se resolve.

O foco principal da mídia, no momento, é a vacina (foto), nossa tão acalentada esperança de erradicação dessa enfermidade.

Nada menos de duzentas e quarenta vacinas encontram-se em fase de experimentação ( pré-clínica e clínica), segundo dados da OMS, mas apenas treze caminham a passos largos na fase três de investigação científica.As notícias são alvissareiras com base na elevada eficácia que vem sendo anunciada: cerca de 95%, na maioria delas.

Muitos questionamentos e dúvidas, no entanto, ainda carecem de esclarecimentos: a doença confere imunidade definitiva? Casos de reinfecção, por diferentes tipos do vírus , embora pouco frequentes, têm sido relatados, assim como a ocorrência de mutações ligeiramente moderadas. Dessa maneira, a possibilidade de imunidade de longo prazo, seja através da vacinação ou pela infecção natural para lograr a conhecida imunidade de rebanho, deve ser vista com muita cautela.

Em geral, a produção de uma vacina pode implicar vários anos de pesquisa, até décadas, a exemplo da vacina contra malária que até hoje não saiu do laboratório. Mas o esforço uníssono da comunidade científica internacional está conseguindo um feito extraordinário, ao disponibilizar o imunobiológico em tempo recorde. O curto lapso de tempo, por outro lado, não permite assegurar a duração da sua proteção, inclusive em face da possibilidade da já mencionada mutação. É provável – e o tempo dirá – que necessitemos de reforços periódicos, talvez anuais, como ocorre com vacina contra influenza.

A necessidade é premente – não podemos esperar mais.Os efeitos deletérios da pandemia são insuportáveis, com reflexos intangíveis sobre a saúde da população, com milhões de perdas , graves repercussões emocionais, colapso do sistema de saúde e caos econômico das nações.

É evidente que sua segurança e eficácia estão acima de tudo. Em muito boa hora a ANVISA aprovou seu uso emergencial, temporário, tomando como base o aval das agências reguladoras internacionais da Europa , do Japão, da China e a FDA americana. Dessa maneira, brevemente a vacinação em massa deverá iniciar-se no País, beneficiando gratuitamente a todos.

A erradicação do vírus selvagem requer ampla cobertura vacinal; portanto, nessa hora em que se impõem os sentimentos de solidariedade e união, o bom senso deve prevalecer: espera-se a adesão de todos – é uma questão de cidadania!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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