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ENTREVISTA

Nando Reis canta em João Pessoa e lança o single “Espera a Primavera”

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publicado em 03/10/2020 às 09h07
atualizado em 03/10/2020 às 14h13

Kubitschek Pinheiro MaisPB 
Fotos – Carol Siqueira 

Neste sábado, Nando Reis vai se apresentar no estacionamento do Centro Universitário Uniesp (Arena Campus Open Air), em show numa versão acústica, no formato Drive-Out, (voz e violão) com a participação especial de Sebastião Reis, filho do cantor. A abertura dos portões será às 18h e o inicio será às 21h.
Os fás paraibanos vão conhecer o novo single do cantor, ‘Espera a Primavera’, que tem a participação de Lulu Santos, Céu,  Chris Robinson, ex-Black Crowes e ex-produtor do Nirvana. A canção inédita em dois anos de produção, versa sobre a multiplicidade de amores e já está nas plataformas digitais. A música lembra um ato de protesto e o artista confirma: “Ela tem sim, uma coisa de protesto”.

Inspirado no conceito de que “todo o amor é multicolor/é primordial”, o cantor e compositor encheu as redes sociais em uma campanha de divulgação que mobilizou outros artistas como Lulu Santos e Preta Gil.
A canção “Espera a Primavera”  foi criada nesse período de distanciamento social, explorando sentimentos de esperança que brilham nos olhos de quem busca mudança. Tem um arranjo bonito, cheio de violões, característicos do músico, além de vocais de apoio incríveis. Toda a sua perspicácia de compositor e contador de histórias, está presente em versos que deixam para o ouvinte uma mensagem de que tudo isso vai passar logo. Tomara.

Em entrevista ao MaisPB, o artista falou da alegria de estar de volta a João Pessoa, no formato show Drive-Out (ele já perdeu a conta de quantas vezes se apresentou aqui), comentou a importância de estar tocando com os filhos, revela sua indignação com Brasil atual e prometeu uma performance bem ao seu estilo, para matar a saudade dos paraibanos, que gostam muito de seus shows. Nando não para.

MaisPB – Como vai ser o show aqui em João Pessoa, neste sábado?
Nando Reis – Já fiz dois em São Paulo, um em Salvador e farei o terceiro aí em João Pessoa. Vai ser show muito bom, sou eu e meu filho Sebastião, que participa da metade do show. Vou cantar o single novo e vou tocar muitas coisas, sucessos e outras do meu repertório. É um show bem diversificado e, evidentemente, tem muitas coisas conhecidas. E tem surpresas. Eu escolho sempre na véspera.

MaisPB – Esse novo single “Espera a Primavera” parece uma canção de protesto?
Nando Reis – Eu concordo com você. Ela tem essa coisa do protesto, porque a Primavera que ela se refere, vai além da estação. O inverno rigoroso desse obscurantismo que estamos vivendo, ainda continua e continuará.

MaisPB – Essa canção foi feira na pandemia?
Nando Reis – Sim, foi feita na pandemia e se refere a toda as privações que todos nós ainda estamos vivendo, por conta do isolamento. Essas privações são análogas a outras, que estão em curso, que estão acontecendo, diante desse governo autoritário, que interpreta de maneira falaciosa e criminosa a riqueza e a diversidade que há na população do Brasil, dirigindo apenas a um segmento, e  querendo botar todo mundo dentro de um esquema ridículo.  Na verdade, é um novo autoritarismo, sob escolhas que pertencem ao indivíduo. Ou seja, uma privação de liberdade, no qual esperamos, ou há de se esperar, de se ter a esperança que virá, porque alguma coisa deve ser feita.

MaisPB – Então, você tem esperança?
Nando Reis – Claro.  Nesse sentido minha música convoca, ela se comunica com quem entende isso e de alguma maneira, convida a se dar a mão, no sentido de que é preciso que a gente se junte, para manifestar. Isso não pode ficar assim, isso não é aceitável. Tenho esperança, sim.

MaisPB – O clipe da canção “Esperar a Primavera”, lembra cenas do filme Hair  (de 1979, direção de Milos Forman, originalmente um musical da Broadway, lançado em 1967, no bojo da contra-cultura, do pacifismo e da contestação à Guerra do Vietnã). É um clipe muito bonito e a gente sente a energia da busca pela mudança?
Nando Reis – Olha, eu convidei a Zizi Bacio, uma jovem diretora que eu conheço há muitos anos. Ela estudou com minha filha Sophia, que tiveram uma banda. Eu queria que ela concebesse o clipe e fez muito bem, na forma de interpretar a música, de mostrar através da canção, a parte visual. Eu  achei muito sensível. E ao mesmo tempo, o clipe tem essa coisa da alegria, que é o que merecemos, e queremos e  devemos ter como Nação. Como população, evidentemente, como mundo. A música é pra cima e o clipe também.

MaisPB – A gente percebe que o  clipe revela uma liberdade sem tamanho?
Nando Reis –  É isso mesmo, dessa liberdade de movimentação, seja de livre circulação, que está além da pandemia, que extrapola, dessa situação que está aqui com o textual. É um direito que não pode ser retirado de ninguém.

MaisPB – Onde foi gravado?
Nando Reais – Foi num sitio aqui perto de São Paulo, que nós alugamos, numa cidade chamada Santa Branca.

MaisPB – Esse single vai trazer outras canções para um futuro disco de inéditas?
Nando Reis – Eu espero isso. É uma locomotiva para outras coisas que virão.

MaisPB – Que bonito você cantando como os filhos…
Nando Reis – É o ciclo da vida. Eu fico feliz de ter colocado no mundo filhos que têm e dividem essa mesma ideia e esse olhar sobre o mundo, que  deve ser preservado. Primeiro, porque é o único que nós temos e a vida deve se dar dessa forma, com liberdade. É assim que eu olho para os meus filhos quando eles crescem. Respeitando suas escolhas, tendo uma admiração, amorosidade, que é o que mais falta neste mundo. E para isso, nós temos que lutar.

MaisPB – Como você tem visto o Brasil?
Nando Reis – O Brasil é uma sociedade desigual, injusta, preconceituosa, agressiva e tudo que nós temos é lutar. Tudo está sendo cada vez mais destruído. No clipe, há uma pequena utopia assim, de revelação, do que se aspira. São princípios elementares de universos, de liberdade.

MaisPB – A cantora Céu está ótima no clipe?
Nando Reis – Tem a Céu, meu filho mais velho Theo e o Sebastião. Ali está bem representado, masculino, feminino e filhos. Todos no elenco. São pessoas que representam a diversidade, essa população, a qual a gente vive dividindo e se comunicando.

MaisPB –  E a participação do Lulu Santos?
Nando Reis –  É um artista que eu admiro muito, de muita importância para o Brasil, que também está nessa questão da liberdade, que se colocou quando casou com Clebson (Teixeira).  Deu voz a um sentimento  importante, no sentido de ser a pessoa que tem essa projeção, que está lá. Ele acaba sendo um representante. Isso é elementar, você escolhe com quem você quer ficar, quem você quer amar. Sem ingerência. Também tem a participação de meus amigos norte americanos Barret Martin (Mad Seasons, Screaming Trees), tem o Chris Robinson (The Black Crowes). Está tudo ali, norte e sul, dois polos da América. O bom mesmo é saber o que a música diz, a forma como ela foi feita. Até os músicos Felipe Cambraia e os teclados por Alex Veley tocam comigo (da banda Os Infernais)

MaisPB – Hoje a gente tem visto muito isso – Caetano Veloso canta com os filhos, Gilberto Gil também…
Nando Reis – Claro que isso toca em mim. Nós temos essa relação de afinidade e gosto de vê-los presentes naquilo que faço. Sim, só acho que existe há muito tempo: o Tom (Jobim) sempre tocou com seus filhos, o Dorival Caymmi também. Acho legal, isso é emocionante.

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