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ENTREVISTA MAISPB

Bebel Gilberto lança disco e abre baú de recordações sobre João Gilberto

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publicado em 05/09/2020 às 10h51
atualizado em 05/09/2020 às 09h14
Fotos: Dayran Dornelles

 Kubitschek Pinheiro – MaisPB
Fotos: Dayran Dornelles

Bebel Gilberto está no Brasil e vai ficar um bom tempo. Seu novo disco “Agora” acaba de ser lançado. A canção “Bolero” em espanhol, composta por ela, Jennifer Charles e Thomas Bartlett, (este, responsável pela produção do álbum), foi um dos primeiros singles a ser lançado, junto com “Chega” em abril passado. Produzido pela gravadora belga PIAS Recordings, o CD é o primeiro de estúdio da cantora em seis anos, que saiu também em LP. A capa traz a assinatura do diretor de arte carioca Giovanni Bianco. O último trabalho foi em 2013, gravado na praia do Arpoador, diante do mar de Ipanema, no Rio de Janeiro.

O lançamento do novo álbum coincide com duas datas importantes na história da artista. Há exatos 40 anos, adolescente Bebel, então com 14 anos, estreava ao lado do pai cantando “Chega de Saudade” em um especial de tevê que se tornaria icônico. E há 20 anos o seu primeiro disco internacional, “Tanto Tempo”, estourou no mundo com quase três milhões de cópias vendidas e a alçou à categoria de diva de um novo gênero, a bossa nova eletrônica.
“Agora” começou no estúdio de Bartlett, em Nova York, sem qualquer pretensão, e terminou com 17 canções compostas entre 2017 e 2019. Em entrevista ao MaisPB, Bebel fala desse novo trabalho, dos pais Miúcha e João Gilberto, da participação de Mar´tnalia e, volta no tempo para falar sobre o dia em subiu ao palco para cantar com o pai, pela primeira vez.

MaisPB – Agora sim, saiu o CD “Agora” completo. Qual a satisfação de fazer um disco tão bom e lançar em plena pandemia?

Bebel Gilberto – A sensação é boa. Fico feliz em poder proporcionar, com a minha música, alguns momentos de prazer em meio a esse período tão conturbado que estamos vivendo.

MaisPB – Esse disco traz todas faixas assinadas por Bebel e mostra uma modernidade, eletrônica e sentimental. Vamos falar desse novo trabalho novo?

Bebel Gilberto – Esse trabalho é especial porque é orgânico e por isso extremamente sincero. Foi acontecendo ao longo dos meus encontros com o Thomás, sem contrato, sem prazo, sem pressão. Foi a primeira vez que trabalhei com um produtor assim. O Thomas me deixou ser eu mesma e acho que por isso este é o disco mais íntimo e confessional da minha carreira.

MaisPB – Você agora está no Rio, pretende viver mais tempo aí?

Bebel Gilberto – Nasci em NY, depois fomos morar no México e em seguida morei em São Paulo com os meus avós. Só depois fui morar no Rio de Janeiro. Mas foi aqui que cresci, que virei adolescente, adulta, fiz teatro, montamos o Circo Voador, me descobri cantora, compositora. De fato é o lugar que chamo de casa, mesmo depois de 30 anos em NY.

MaisPB – Três décadas em New York lhe rendeu muita experiência?

Bebel Gilberto – Muita! A minha música não tinha espaço aqui no Brasil naquela época, os anos 90, e nos EUA pude descobrir e desenvolver melhor o meu trabalho.

MaisPB – Quando você canta, a gente lembra de seu pai, a voz macia, que encantou o mundo…

Bebel Gilberto – Eu acho que consegui criar a minha marca no mundo da música, a minha sonoridade, mas as influências são inegáveis. Aprendi muito com papai e não apenas com ele. Mamãe também sempre foi uma referência para mim.

MaisPB – O CD “Agora” já está em todas as plataformas e também saiu físico. É bom essa coisa do disco físico porque a gente abre o encarte, fica mais íntimo das canções. Isso também deixa o artista mais realizado não é?

Bebel Gilberto – As plataformas digitais são essenciais, mas é uma delícia ter o disco físico em mãos. “Agora” também ganhou uma versão em vinil. Foi a primeira vez que me vi na capa de um disco em anos, fiquei super feliz.

MaisPB – Como Bebel avalia a produção de Thomas Bartlett? Ficou como você queria?

Bebel Gilberto – Foi mágico! O Thomas conhece muito o meu gosto musical e sabia exatamente como tirar o melhor de mim para este trabalho.

Chega de saudade

Uma das mais belas canções em uma das melhores interpretação, “Chega de Saudade” composta por Vinícius de Moraes e por Antônio Carlos Jobim, João Gilberto gravou pela primeira vez em 1958, em 78 rotações.
Na verdade, “Chega de Saudade” é o álbum de estreia do cantor e compositor brasileiro João Gilberto, lançado em LP pelo Odeon em março de 1959, tendo sido mantido em catálogo desde o seu lançamento até 1990, por 31 anos consecutivos.

A faixa-título do LP, lançou a carreira de João Gilberto, e tornou conhecido o movimento da Bossa Nova que se iniciava. Em 2007, foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o quarto melhor disco brasileiro de todos os tempos. Em 2001, foi induzido ao Grammy Hall of Fame. No mesmo ano, foi um dos membros inaugurais do Hall da Fama do Grammy Latino. Ou seja, a canção chega a “matar a saudade” de João Gilberto, falecido em junho do ano passado.

MaisPB – A canção “Chega de Saudade” está marcada em sua carreira?

Bebel Gilberto – Eu já tinha feito alguns trabalhos como cantora, como com Os Saltimbancos e Pirlimpimpim, mas acho que aquela apresentação ao lado do papai cantando Chega de Saudade foi a primeira vez que me vi de fato como cantora, por isso considero ‘a’ estreia. Fiquei tão nervosa! Lembro que a Rita Lee foi super carinhosa comigo e me deu uma flor da cor do meu vestido.

MaisPB – Tantas coisas e fatos importantes em sua carreira…

Bebel Gilberto – “Essas efemérides são muito importantes para fazer a gente olhar para trás. E eu percebi que tenho muito orgulho de tudo o que construí até aqui com a minha música. São momentos distintos e muito importantes, que moldaram que eu sou hoje.

4 – “Bolero” ( a quarta-feira) é uma canção em espanhol que traz Bebel ao lado de Jennifer Charles e Thomas Bartlett. Você poderia nos contar mais sobre essa parceria?

Bebel Gilberto – Eu e Thomas nos conhecemos há mais ou menos 10 anos. Imediatamente, ficamos amigos e começamos a fazer juntos uma turnê atrás da outra. Thomas esteve comigo no Brasil duas vezes. Na primeira vez, fizemos SESC Ibirapuera e também no Circo voador. Foi lindo! A segunda vez foi para gravar “All in one”, na Bahia, com Carlinhos Brown, disco que lancei pela Verve em 2009. Foi nessa época que começamos a compor juntos e escrevemos para “All in one” as músicas “Secret” e “Forever”. Hoje em dia, ele é a pessoa com quem mais escrevi músicas na vida, e isso é o maior orgulho!

MaisPB – a cantora Mart’nalia canta com você ‘Na Cara’, (sexta faixa) além de ser coautora. Foi muito boa a participação dela, não é?

Bebel Gilberto – A Tnália é maravilhosa! Uma grande amiga e uma pessoa muito criativa, divertida , daquelas boas de ter sempre por perto. Nos divertimos muito fazendo a música, gravando e, mais recentemente, fazendo o clipe aqui no Brasil

MaisPB – Ainda estamos em pandemia, mas quando isso passar Bebel vai cantar Agora nos palcos do Brasil?

Fotos: Dayran Dornelles

Bebel Gilberto – Com certeza! Alguns shows na Europa já foram remarcados para maio do ano que vem, mas sabemos que isso ainda pode mudar. Eu tenho levado essa quarentena com muita serenidade, só sinto falta mesmo de fazer show. Assim que der, estarei nos palcos brasileiros mostrando esse trabalho. Torcendo para que seja em breve, mas somente quando for seguro.

MaisPB – O que você acha dessas lives, que às vezes são cansativas?

Bebel Gilberto – Confesso que às vezes tenho preguiça de assistir. Mas elas são também um alento para muitas pessoas neste momento em que temos que nos resguardar, não podemos ir a shows. E de vez em quando aparecem também umas pérolas, como as lives da Teresa Cristina, que são maravilhosas exatamente pela falta de produção, pelo fato de as pessoas estarem ali completamente à vontade. Não é à toa que são um sucesso.

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