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Entrevista MaisPB: Fernanda Takai e marido ‘geraram’ disco no isolamento

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publicado em 25/07/2020 às 11h32
atualizado em 25/07/2020 às 14h35
Fotos: Dudi Polonis

reportagem especial: Kubitschek Pinheiro – MaisPB

fotos: Dudi Polonis

Depois do CD e DVD “O Tom da Takai” (Deck/2018), cantando as canções de Tom Jobim, a cantora Fernanda Takai está lançando um novo álbum autoral “Será que Você Vai Acreditar?”, também com selo da Deck, que já está nas plataformas. O disco físico sairá quando a fábrica de Manaus reabrir. Esse é o quinto disco solo, juntando-se a 21 discos lançados com a Banda Pato Fu, que Takai é integrante.

Se a pandemia adiou os planos de muitos artistas, com Fernanda Takai foi diferente. O coronavírus ainda nem era notícia no Brasil, quando ela decidiu fazer um álbum após o carnaval, entre uma apresentação e outra com do Pato Fu ou sozinha. Mas a agenda foi paralisada em março, e Fernanda se concentrou em gravar no estúdio montado em casa.

É o primeiro solo de Fernanda em seis anos – período em que fez dois discos com o Pato Fu e o projeto do disco cantando Jobim. O marido dela, John Ulhoa. músico do Pato Fu, toca todos os instrumentos das dez faixas desse novo disco. Para Fernanda, gravar em meio à pandemia foi uma boa maneira de manter a rotina de trabalho sem sentir que estava presa em casa.

O repertório já estava quase todo fechado. “Terra Plana”, cuja letra tem o verso que dá nome ao álbum, foi feita por John, um presente para Nina, a filha do casal.

Fotos: Dudi Polonis

“Estamos vivendo em busca de um novo mundo e o resultado começa bem. A gente não sabe como a vida vai ser, depois dessa pandemia. Nós começamos a gravar logo depois do carnaval. Já ouvíamos as histórias do vírus na China, mas não tínhamos noção do que vinha por aí. O repertório definido, apenas duas canções vieram depois”, comenta ela pelo telefone em entrevista ao Portal MaisPB.

Takai acredita que se se não tivesse acontecido o confinamento social, o disco só sairia bem depois “Exato. Além dos shows da banda Pato Fu, eu também estava fazendo meus shows, aí como a gente parou, eu e meu marido ficamos em casa no nosso estúdio e esse disco acabou sendo feito só por duas pessoas, por mim e John”, revela.

A primeira faixa “Terra Plana”, ( dela e do marido John), é uma canção que faz uma viagem no tempo. “Se eu disser, que mesmo tendo medo/ Você deve se arriscar/ Será se você vai se machucar?/ Se alguém te contar, que a Terra é plana, e não dá pro espaço viajar/ Será que você vai acreditar? Eu sei que você, já pode entender, é meio difícil, envelhecer”.

Terra Plana ganhou um lyric vídeo com imagens da Terra captadas pela Estação Espacial Internacional. “A gente precisava de um vídeo bem legal. Os comentários são engraçados. Os ‘terraplanistas’ falam que isso é fácil de simular, mas muitos gostam da música e acham que ela é a favor deles”, conta a artista.

Outra canção que ganhou lyric vídeo foi “Não Esqueça” (segunda faixa), do gaúcho Nico Nicolaiewsky, morto em 2014. O próprio autor nunca registrou oficialmente a música, que também é um recado de pai, recomendando não esquecer de lavar as mãos, algo tão necessário nos dias de hoje.

“Não esqueça”, fala de um questionamento de mãe e filha, mas curiosamente a letra pede que a filha não esqueça de lavar as mãos. “Essa canção e outras, você percebe que elas dialogam muito com o que está acontecendo nessa pandemia. Veja bem: as melodias e letras foram feitas antes de tudo acontecer”, reflete ela.

A terceira faixa “Não creio em mais nada”, é uma canção popular, (de Totó), que Fernanda regravou, sucesso de 1970, de Paulo Sérgio. “Não sei o que faço/ A minha vida é uma luta sem fim/ Me sinto no espaço, o tempo todo a procura de mim/ há dias na vida, que a gente pensa que não vai conseguir/ Que é bem melhor deixar de tudo e fugir/ Que outro mundo tudo vai resolver”.

Mais atual impossível, não é Fernanda? “Esse sentimento que a gente tem, que vem de longe, é totalmente atual. Paulo Sérgio morreu cedo, jovem. Conheci essa canção quando era criança. No tempo em que essa música tocava muito no rádio. Eu morava em Jacobina. (na Bahia). E ficou na minha cabeça. Várias coisas que eu regravo, são coisas que ficaram na minha memória. Eu ouvia muito Nara Leão, em casa. Se a gente não regravar determinados clássicos, eles acabando ficando só pra geração que conheceu e ouviu na época”, disse.
Fernanda nasceu no Amapá, morou na Bahia e hoje vive em Minas com o marido e a filha.

Virgininie, Maki, Michael Jackson e Amy Winehouse

Fernanda é pop e regravou a bela canção “One Day In Your Life” (quarta faixa) hit de Michael Jackson de 1975. “Quando eu estava aprendendo a tocar violão, queria tocar essa música, mas era difícil”, relembra a artista, que homenageou também Amy Winehouse com a regravação de “Love Is a Losing Game” – (sexta faixa) “Eu acho essa música linda, sempre gostei muito da Amy. Vi o show dela no Brasil, ela já estava mal. Eu torci para ela não morrer, Até escrevi sobre isso. São duas canções lindas. A do Michel, ele já estava se despedindo do grupo que ele cantava com os irmãos (The Jackson Five) A da Amy é muito triste, mas é bela. Eu tinha que gravar”.

“A de Michel Jackson, na verdade é um single. Ele chegou a tocar com eles ( Jackson Five), mas a canção fez mais sucesso na Europa e aqui no Brasil. É uma música de transição, eu ficava com vontade de gravar”. Essa não é a primeira vez que Takai grava Michael Jackson – no CD “Luz Negra” ela canta “Ben”, ao vivo (no DVD e CD) “Ben” é uma canção de Donald Black e Walter Scharf, gravada em 1972 pelo cantor americano, então adolescente, para a gravadora Motown.

Uma convidada do disco é Virgininie Boutaud, vocalista do grupo Metrô, que fez muito sucesso nos anos 80. Ela compôs e canta com Fernanda a quinta faixa “O Amor em Tempos de Cólera”. “Essa canção é forte, reflete sobre esse tempo em que estamos vivendo, com as pessoas dando muitas pancadas nas outras na redes sociais A gente fala da cólera mesmo, da raiva, que o tomou conta do mundo. E a nossa música tem o acolhimento, para sossegar o coração”.

Hoje Virgininie mora na França, em Toulouse. “Ela se casou, mudou do Brasil, ficou um tempo sem cantar, ficou viúva na França e voltou a cantar e fizemos essa canção juntas. Ela mandou a voz da França”.

Maki Nomiya, conhecida por integrar o duo Pizicatto Five, é coautora e canta a parte em japonês da canção “Love Song” – nova faixa – (de Takai, Jonh e da japonesa) “Ter a Maki comigo neste disco foi bom demais. Ela é uma cantora pop, de muito sucesso nos aos 90, mas a banda acabou e Maki continua com carreira solo. Hoje, mora em Tóquio. Já fui ao Japão sete vezes tocar e cantar. Ela sempre vai me assistir. “Love Song” é tipo disco music. “É a mais feliz do meu disco”.

A capa é do artista paulista Renato Larini, que trabalha com colagens, linguagem de humor e melancolia. “Eu adorei arte dele”, fecha Fernanda Takai

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