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Prefeito cria programa para atender imigrantes ilegais

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publicado em 10/01/2019 às 10h52
(Foto: Shannon Stapleton/Reutters)

Na última terça-feira (8), o prefeito de Nova York Bill de Blasio anunciou um plano para ampliar o acesso de 600 mil nova-iorquinos sem seguro de saúde – metade deles imigrantes ilegais – à rede municipal de hospitais e clínicas de saúde básica. Com isso, ele quer garantir que todos os nova-iorquinos tenham acesso a serviços de saúde, independentemente de renda ou status imigratório. O plano, que vai se chamar NYC Care, vai custar US$100 milhões.

O complexo sistema de saúde nos Estados Unidos não funciona como os sistemas universais do Brasil ou de vários países europeus, em que uma rede de clínicas, hospitais e serviços são financiados integralmente pelo governo. Os americanos são obrigados a ter seguros de saúde, que podem ser subsidiados pelos empregadores ou pagos do próprio bolso.

Existem serviços públicos específicos para populações vulneráveis como aposentados, crianças, veteranos e pessoas abaixo da linha da pobreza, mas estes serviços, bem como o Obamacare, estão disponíveis apenas para cidadãos americanos ou residentes legalizados.

Serviços gratuitos

Já Nova York tem um sistema municipal de saúde, composto por 11 hospitais públicos e 70 clínicas, todos gratuitos, e um plano de saúde de baixo custo, que opera dentro do Obamacare.

Mas os nova-iorquinos tendem a usar a rede pública apenas no caso de emergências, sem aproveitar o serviço para consultas de rotina ou exames simples, e muitos imigrantes nem sabem que estes serviços também se estendem a eles.

A ideia da iniciativa é aliviar os prontos-socorros municipais, garantindo mais acesso à rede existente gratuita de clínicos gerais e serviços de prevenção.

Em uma primeira fase, a prefeitura pretende fazer isso promovendo o plano de saúde municipal, chamado Metroplus, cujos preços mensais dependem da renda do morador, podendo até sair de graça. Mas o Metroplus só está disponível a cidadãos americanos e residentes com visto em dia, o que excluiria os imigrantes ilegais.

A segunda fase se destina a quem não pode ou não quer ter um plano de saúde. O sistema vai cadastrar os interessados, que não precisam apresentar documentos que comprovem status imigratório, para em seguida designar um clínico geral para cada usuário e facilitar o agendamento de consultas, que serão pagas de acordo com as possibilidades financeiras de cada um. Haverá também um serviço telefônico gratuito 24 horas por dia.

Cuidados de saúde mental e tratamento de abuso de drogas e álcool também estão incluídos na iniciativa. O programa deve começar em agosto no distrito do Bronx e se estender a toda cidade até 2021.

Exemplo da costa oeste

O modelo do NYC Care não é inédito. Ele foi inspirado em uma iniciativa existente em San Francisco desde 2007, que foi muito elogiada pelos seus resultados. Um estudo de 2011 mostrou que 75% dos participantes foram ao médico nos 12 meses seguintes à sua entrada no programa, e os números de idas ao pronto-socorro e internações evitáveis também caíram consideravelmente.

O idealizador do programa californiano, Mitchell Katz, é atualmente o chefe da rede de hospitais públicos de Nova York.

Momento delicado para Trump

O NYC Care não deixa de ser um tapa de luva de pelica de De Blasio ao presidente Donald Trump, ao dar uma solução a dois temas espinhosos para a Casa Branca: imigrantes ilegais e o sistema de saúde.

Trump está em uma quebra de braço com a nova maioria democrata no Congresso americano sobre o seu sonhado muro na fronteira do México.

Ao mesmo tempo, outros políticos recém-eleitos no Legislativo estão prometendo trabalhar para ampliar o Obamacare ou até mesmo criar um sistema universal de saúde nos Estados Unidos.

A nível estadual, os governadores recém-eleitos da Califórnia e Washington também já anunciaram que querem explorar iniciativas semelhantes às de Nova York em seus estados.

G1

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