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AÇÃO SOCIAL

Brasileiro é indicado ao Prêmio Nobel da Paz

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publicado em 27/09/2017 às 08h38
atualizado em 27/09/2017 às 05h44
(Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo)

Luiz Gabriel Tiago fala sorrindo. Ele próprio admite que é um “otimista compulsivo”. Gosta de ajudar as pessoas, de realizar sonhos. Sua paixão pelos outros é tamanha que, em 2010, fundou sua empresa social, a Pontinho de Luz, em Niterói.

Fez de sua casa o seu quartel-general, de onde parte para diversas atividades, como doações de cestas básicas, abraços públicos e visitas a asilos, orfanatos e hospitais. Conta, com orgulho, que hoje sua rede de solidariedade tem 35 mil pessoas cadastradas, responsáveis por ações sociais no Brasil e no exterior.

Graças à iniciativa, Luiz Gabriel, ou Senhor Gentileza, como é chamado, foi um dos indicados ao Prêmio Nobel da Paz de 2018.

A recomendação do brasileiro à maior premiação do planeta foi antecipada pelo jornalista Christovam de Chevalier, em sua coluna “Parada Obrigatória”, no GLOBO-Zona Sul. Quem enviou a carta de indicação à Academia Sueca, responsável pela organização do evento, foi o advogado Celio Celli de Oliveira Lima, diretor-geral da Escola Superior de Advocacia da Barra da Tijuca e coordenador do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá.

Além de professores universitários, políticos e líderes de institutos ligados à paz podem enviar suas indicações.

Em sete anos de atuação, Luiz Gabriel calcula já ter distribuído 500 toneladas de alimentos a famílias carentes. Hoje, atende mensalmente 90 famílias no Rio e em São Paulo. Niteroiense de Várzea das Moças, ele veio de uma família pobre.

Aos 16 anos, passou a vender café na Praça Quinze. Também trabalhou como office-boy. Com o dinheiro que suou para conquistar, conseguiu pagar um cursinho pré-vestibular e entrou para o Centro Universitário Plínio Leite, onde se formou em Turismo. Tempos depois, fez mestrado em Educação na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Curso é entrada para ações sociais

Após anos trabalhando com turismo, Luiz Gabriel resolveu empreender. Montou um curso pago, de 22 horas, chamado “Treinamento Gentileza”. Quem participa das aulas entra para o time do Pontinho de Luz e, a partir daí, pode participar das ações sociais.

A iniciativa é inspirada na atuação do Profeta Gentileza, de quem Luiz Gabriel tirou também um nome profissional: Senhor Gentileza, com o qual é encontrado nas redes sociais. No braço esquerdo, tatuou a célebre frase do profeta: “Gentileza gera gentileza”.

“ O tema gentileza sempre esteve muito presente em minha vida, mas era incoerente eu falar tanto nisso e não fazer nada. Foi quando conheci o conceito de empresa social, que propõe um negócio e faz a roda da solidariedade girar a partir dele”, afirmou.

Resultado será divulgado em 2018

Nunca um brasileiro venceu uma edição do Prêmio Nobel. Uma das indicadas ao prêmio deste ano é a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes. Vítima de agressões do ex-marido e defensora do direito das mulheres, ela deu nome à Lei Maria da Penha, destinada ao combate à violência familiar. O resultado do prêmio deve ser divulgado no mês que vem. Já a lista dos finalistas de 2018 deverá ser anunciada até março.

Enquanto aguarda ansiosamente os resultados, Luiz Gabriel vê sua história correr o país. Ontem, participou do programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo. Desde então, seu telefone não para de tocar. As turmas de treinamento para entrar no Pontinho de Luz estão esgotadas até o fim do mês que vem.

Surpreso com a repercussão, diz que seu trabalho deve continuar até que a fome acabe no planeta. Uma tarefa para lá de grandiosa: segundo a ONU, a falta de comida deixou refém 815 milhões de pessoas em 2016 (11% da população mundial).

“Meu desejo hoje é que as pessoas, de uma forma bem prática, não sintam mais fome, que tenham o que comer dentro de casa. Enquanto a fome não acaba, temos que continuar. Aonde tem pessoa com fome, nós levamos comida. No futuro, espero que a gente não precise fazer isso. A maior miséria que existe hoje na Humanidade não é financeira, é miséria de amor. Muitas vezes, a pessoa só quer um abraço, e nós damos também”, diz.

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