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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Inanidades sonantes

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publicado em 22/04/2025 ás 07h00
atualizado em 22/04/2025 ás 08h31

O ouvido é a vulnerabilidade, escutamos o que não queremos ou basta um gesto para estarmos desatentos, o que nos parece melhor do que faz conexão com nosso pensar. Pé de ouvido ou ouvido de penico, não tem quem aguente.

Ouvir demais, esse poço, numa velocidade quase extrema, que tenta se proteger apenas com o desvio da visão, tá ruim, viu? Olho no olho é onde localizamos a mentira dos lábios constantemente. Os olhos não mentem.

Fugimos das vozes das ruas, dos outros que querem ou suplicam nossa atenção, quando estamos noutra, mas parece que estar  por fora é bem mais complicado para quem quer que seja.  A repetição do “Né, Kubitschek?, é praticamente enlouquecedora, como  se a gente vivesse num eterno depoimento.

Aos olhos de Deus, afasta de mim os cafonas.  Eu não consigo viajar nas coisas outras, quando passam a ser uma repetição. Não que eu sou duro na queda, é que do chão, já fui.  Novos xingamentos não cabem nos meus ouvidos. Tipo “vai tomar no meio do tubo nasogástrico!”

Olho as tardes e tenho saudades de outras manhãs. Temos um teto para que o sol não fure o zinco, mas, ao chegar no em casa, o frenesim do silêncio começa a crepitar e começa o interrogatório.

Nada nos prepara para o confronto dos matracas, aliás, tudo conspira contra esse encontro, mas as vozes atrapalham, mexem na fisionomia entre pontes e pontas a nos devorar

.

O pior é que amanhã tem mais.

KapaPadas 

1 – Francisco se foi. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

2 – Lavava os pés de presidiários, andava de Fiat Uno e falava mal do capitalismo com uma naturalidade que faria Marx dizer amém. Pregava a “Igreja pobre para os pobres”, frase que causava calafrios em certos corredores da Cúria, onde o luxo barroco é menos uma estética e mais uma ideologia.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB