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Novo Civic chega ao país totalmente reformulado como ‘One’

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publicado em 26/10/2015 ás 15h23
atualizado em 26/10/2015 ás 15h27

Em seu perfil, o Civic aposta em enormes arcos de roda. Eles são ligados por vincos nas soleiras de porta que avançam e sequestram seu olhar até a parte de trás, onde o adorável arco de teto se integra ao jogo de lanternas proeminente. As lâmpadas dão uma levantada no visual da traseira. Como seu truque final, o novo Civic repete a mesma jogada do Chrysler 200. Ele corta o volume traseiro até o ponto que poderia ser interpretado como um hatchback.

Se há uma reclamação legítima sobre o design, é que ele poderia perder um elemento ou outro, ao invés de se agarrar a todos os detalhes e jogos de superfície como se eles fossem um recurso natural que estivesse se esgotando rapidamente.

A calma exalada pela carroceria do Civic é parcelada aos poucos pelo interior. O painel adotou linhas horizontais e largas, não muito diferente dos BMW recentes em encaixes e arremates das peças. No Civic, o painel muda da esquerda à direita, começa grosso e vai afinando até chegar na porta do passageiro, detalhada com acabamento metálico em alto relevo. O antigo quadro de instrumentos em dois andares foi banido para o caderno de desenhos futuros de algum fabricante emergente. Os displays ficam concentrados em um lugar só e a telinha multimídia básica de cinco polegadas pode dar lugar a outra de sete sensível ao toque nas versões mais caras.

Encarando o motorista nos modelos básicos, há dois mostradores de instrumentos analógicos, mas nas versões mais caras Touring, eles dão lugar a uma tela LCD com um conta-giros de 270º que emoldura um velocímetro digital.

Motor 2.0

O Honda Civic 2016 quebra a diferença entre economia e performance ao dividir a sua personalidade. É o conto de dois carros, um bem previsível e naturalmente aspirado e outro turbocomprimido e muito mais aventureiro.

Na versão mais em conta, o Civic gera sua força por meio do 2.0 de quatro cilindros (o mesmo do modelo brasileiro). Com 160 cv e 19 kgfm de torque, o motor é oferecido nas versões LX e EX, com um câmbio manual de seis marchas ou um CVT vindo da última geração do Civic(nunca oferecida antes no Brasil).

Novo Honda Civic (Foto: The Car Connection)

Embora esteja em uma configuração nova, não há muita surpresa neste motor básico. Empurrando pouco mais de 1.100 kg de Civic por aí, o propulsor levanta a voz apenas acima dos 5 mil rpm. Ele entrega o tipo de aceleração que promete não ofender nem animar ninguém. A ênfase é em eficiência e ele é brilhante nisso com qualquer uma das transmissões.

Equipado com o câmbio manual, o Civic LX 2.0 ganha as melhores médias de consumo da linha. Com 11,5 km/l de gasolina na cidade, 17 km/l na estrada e 13,1 km/l de média combinada. Se o manual fosse mais visceral – é quase desprovido da sensação gostosa de peso na caixa de mudanças ou de progressividade na embreagem – ou estivesse em todas versões, talvez nós estivéssemos implorando por mais disso. Mas, após dirigir todos, fica claro que o CVT será a escolha de quase todos os motoristas que comprarem as versões LX ou EX.

Dito isso, o CVT varia de relações mais rapidamente do que em outras caixas da Toyota ou Nissan. O CVT do Civic não traz relações de marcha programadas ou borboletas para trocas no volante. Mas, por outro lado, o que realmente preocupará os concorrentes nesta faixa de preço são suas médias de consumo estelares, que ficam em 13,1 km/l e 17,4 km/l, média de 14,8 km/l de gasolina. Como comparação, o Hyundai Elantra básico de 147 cv faz 16,1 km/l.

Motor 1.5 turbo

Equipado com o primeiro motor turbo da Honda, o novo Civic esnoba potência, finalmente. Com um pequeno turbocompressor e válvula de alívio (wastegate) elétrica, o 1.5 turbo chega a 176 cv e 22,4 kgfm de torque a 1.800 rpm – e com menos de 1.400 kg para empurrar, é mais pé-pesado do que nunca. Aqui, o quatro cilindros turbo acerta em tudo – tem a doçura que esperamos da Honda sob aceleração total, não tão lindamente barulhento como os clássicos VTEC, ainda assim é feliz o suficiente. É a combinação de turbo e CVT que confunde a sua performance em baixas rotações.

Acelerando fundo e se atirando pelas curvas de Malibu e da região desértica e quente de Hell, o trem motor abre caminho com uma lufada de força que costumava ser característica dos modelos Si. Mas ao arrancar por curvas mais apertadas, é um constante conflito entre as variações de relação do CVT e o enchimento do turbo. O mesmo CVT no Accord Sport parece melhor unido ao seu quatro cilindros aspirado – mas a entrega de potência do novo Civic turbo não é diferente dos antigos motores VTEC, com seu comando de válvulas que mudava a personalidade do carro.

Novo Honda Civic (Foto: The Car Connection)

Em outras condições, o CVT responde a qualquer pisada mais forte no modo Sport, segurando as rotações lá em cima, mas sem derrubar a economia de combustível. Tanto que o consumo rodoviário é um pouco melhor, 17,8 km/l, enquanto os números na cidade são os mesmos. No modo Low (que reduz automaticamente a relação) a transmissão supera trechos montanhosos mais facilmente. Também há um botão Econ separado que relaxa a progressividade do pedal do acelerador e desliga a ventoinha do ar-condicionado para cortar o gasto de combustível.

Conforto

As motorizações têm seus altos e baixos, mas em dinâmica e rodagem, o Civic vai além do seu segmento. Não importa a medida de avaliação – precisão, estabilidade ou comportamento -, o novo Honda está em outro patamar em relação ao antigo.

É um Honda de bitolas largas, são quase cinco centímetros a mais entre as rodas dianteiras e quase quatro centímetros extras na distância entre-eixos. Também tem uma coluna de direção mais grossa, em parte para melhorar também a performance em acidentes. Por isso, o Civicprecisava de um novo sistema de direção mais exótico que no passado. A Honda escolheu um sistema de dois pinhões com relação de direção variável, criando uma direção elétrica mais sofisticada. Em vez de aplicar mais força para virar o volante ou até no ponto onde a coluna e a cremalheira se encontram, esse sistema deixa a coluna se mover sobre a cremalheira diretamente para facilitar a direção de uma maneira mais gradual e sensível. É um pouco mais complexo, mas entrega uma consistência muito boa ao virar e corrigir em curvas. Somado a isso, o Civic também pode pressionar ligeiramente o freio na roda dianteira que está no lado interno da curva, o que ajuda a estreitar a trajetória sem saídas de frente.

Novo Honda Civic (Foto: Honda)

A supremacia da direção faz dupla com a suspensão que segue o esquema clássico da Hondapela metade. A frente é McPherson, atrás, um desenho multilink com subchassi rígido. A suspensão dianteira tem buchas hidráulicas para suavizar alguns movimentos desfavoráveis. Nos modelos EX-T e acima, as buchas traseiras também são hidráulicas e isso faz toda a diferença. Embora seja bem isolado mesmo nas versões mais baratas, o Civic LX e EX roda em pneus simplórios nas medidas 215/55 aro 16. Eles perdem aderência prematuramente e têm menos habilidade na hora de absorver a pancadaria de pisos ruins. Nos modelos EX-T, EX-L e Touring, o sedã tem pneus 215/50 R17, somados ao sistema traseiro de buchas hidráulicas e, no caso do Touring, uma barra estabilizadora mais grossa atrás.

O resultado é uma qualidade de rodagem maravilhosamente complacente, bem composta e de excelente dirigibilidade. Esse Civic não treme e dança sobre buracos, ele consegue microadministrar todos. Acrescente um sistema de freios com pedal de curso curto e reativo para dar uma performance que o Civic não tinha, realmente, desde o meio da última década.

Tamanho

A indústria automotiva chama de inflação. Nós chamamos de incrível quando um Honda Civicdos anos 80 fica lado a lado com um Civic 2016 e finge que eles são parentes. O novo Civic é grande, tão grande que está próximo não apenas do Ford Focus (de 4,54 metros), como de rivais maiores, como o Volkswagen Jetta (de 4,64 m).

A Honda diz que o incremento não é algo ruim – na verdade, com um monte de aços de alta resistência em sua estrutura, o novo Civic é quase 30 kg mais leve que o anterior, ainda que tenha crescido em quase todos sentidos. Ele tem 4,63 metros, contra 4,52 m, enquanto a largura cresceu 5 centímetros para chegar a 1,80 metro. O entre-eixos foi ampliado de 2,66 m a 2,70 m, mas a altura diminuiu de 1,45 m para 1,41 m. As proporções da carroceria também cresceram junto com o envelope maior. O capô e a parede corta-fogo ficaram quatro centímetros mais baixos, o balanço dianteiro encurtou em três centímetros e o espaço no porta-malas comporta agora 427 litros.

Novo Honda Civic (Foto: Honda)

Interior

Todos esses números e medidas podem embaçar sua visão ao ler a ficha técnica, mas dentro do habitáculo, eles valem o ingresso. Os bancos da frente são finos e envolventes e estão mais baixos do que nunca – o Civic é o primeiro carro da classe onde tive que elevar o ajuste elétrico do banco para obter a melhor posição de dirigir e não baixá-lo (até o modelo básico tem ajuste de inclinação e de altura).

A estrutura do painel é menos pronunciada e a direção ajustável em altura e profundidade tem um curso maior, então encontrar a melhor posição de dirigir é mais fácil, embora os encostos talvez empurrem demais a cabeça de alguns. Há um excelente vão para as pernas e um confortável apoio de pé esquerdo para o motorista. Além disso, eu fiquei pelo menos cinco centímetros de vão para a cabeça em um carro não equipado com teto-solar.

No banco de trás, o Civic supera quase todos os seus rivais, diga o nome e fabricante que quiser. Há vão suficiente para cabeças e pernas de um cara com 1,82 metro sentar atrás de outro com a mesma altura com uns três centímetros de folga. Os bancos traseiros têm ângulo de inclinação natural – mas no modelo básico LX não são rebatíveis.

Novo Honda Civic (Foto: The Car Connection)

Há abundância de toques bem bolados pela cabine, mas nenhum é tão inteligente quando o console central reconfigurável. Inspirado nas divisões das picapes grandes, o porta-trecos central é como um Transformer quando se transforma de apoio de braço almofadado para porta iPad, porta-copo duplo ou porta-chaves. Há também espaço para guardar o smartphone logo à frente da alavanca de marchas e um porta-luvas grande suficiente para levar uma marmita. Os bolsos nas portas são quadrados e permitem levar uma garrafa de 500 ml.

Sentimos alguns problemas de captura de movimento em alguns dos controles sensíveis ao toque, embora o Civic tenha ainda crédito por não ter abolido os botões de vez. A Hondadedicou dois comandos giratórios para o ar-condicionado – será que nós podemos fazer uma votação para usar o botão giratório da velocidade do ventilador como o controle do volume do som? Os controles do volante parecem aqueles botões macios usados no Accord, mas são de plástico comum e o controle por toque do volume aceita ser arrastado e clicado, porém também parece uma medida de economia. Aproveitando que estamos reclamando de pequenos detalhes, não há o ajuste de inclinação do banco do carona, enquanto a alavanca de ajuste da direção fica longe demais da mão – tal como o pino de plástico que permite resetar o hodômetro.

Novo Honda Civic (Foto: The Car Connection)

Segurança

A Honda estabeleceu a meta de atingir notas superiores de segurança para todos seus modelos e criou o Civic para obter cinco estrelas nos crash-tests. Ainda não foi realizado nenhum teste público, mas o modelo parece ser capaz de cumprir essa promessa, da adoção de aços de alta resistência ao nível maior de equipamentos de segurança.

Todos modelos vêm de série com airbag duplo e controles eletrônico de estabilidade e de tração, junto com o assistente de partida em rampa (hill-holder). Uma câmera de ré de amplo ângulo de visão também vem de série, tal como viva-voz Bluetooth. O próprio projeto de carroceria do Civic adiciona segurança – tal como na maioria dos Subaru, as colunas do Civic são estreitas e permitem uma ótima visibilidade, embora a traseira mais empinada atrapalhe mais a visão pelo retrovisor do que no passado.

A Honda finalmente passou a oferecer alguns itens de segurança dos Civic mais caros nos mais baratos. De série no Touring, os controle de cruzeiro adaptativo, assistente de mudança de faixa e frenagem automática e aviso de colisão dianteiro podem ser colocados em todas outras versões por US$ 1 mil (cerca de R$ 3.800, pela cotação atual).

Versões

Com preço de US$ 19.475 (cerca de R$ 75.500), o Civic básico LX vem de série com ar-condicionado automático, trio elétrico, freio de estacionamento eletrônico, sensor de luz, lanternas e luzes diurnas em leds, controle de cruzeiro, partida sem chave, sistema multimídia com LCD de 5 polegadas e quatro alto-falantes, Bluetooth e uma porta USB de 1 watt especial para recarregar smartphones mais rápido.

Por US$ 21.875 (R$ 84.800), o Civic EX ganha câmera que amplia o campo de visão do lado direito no momento em que você aciona o pisca, banco traseiro rebatível, retrovisores externos aquecidos, tela touchscreen de sete polegadas compatível com Apple CarPlay e Android Auto, partida remota, uma segunda entrada USB, sistema de som com oito alto-falantes e 180 watts e botão de partida.

A partir de US$ 23.035 (R$ 89.300), do EX-T para cima, todos os Civic passam a vir com o motor 1.5 turbo e CVT. Entre os itens de série, há luzes de neblina, bancos dianteiros aquecidos, rádio XM e HD, ar duas zonas e rodas 17 polegadas. O EX-L de US$ 24.535 (R$ 95 mil) adiciona bancos revestidos de couro, banco do motorista com ajustes elétricos e GPS da Garmin.

No topo da gama, o Touring chega a US$ 27.335 (R$ 106 mil) e ganha, além dos assistentes de segurança citados acima, banco do carona com ajustes elétricos, bancos traseiros aquecidos – menos o central -,  navegador, faróis integralmente em leds e som de 450 watts.

Quase R$ 106 mil por um… Civic? Se você está desconfiado em relação a esse preço mesmo que este carro seja referência para a classe, compre em outro lugar. Com a inflação do tamanho, vem a inflação no preço.

O Civic reestabeleceu a Honda como a melhor marca de sedãs do tipo, mesmo que o próprio já não seja tão pequeno assim. As vendas nos EUA começam em novembro. No Brasil, o modelo chega no segundo semestre de 2016.

Ficha técnica

Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16V, comando duplo, injeção direta, turbocompressor gasolina.
Cilindrada: 1.497 cm³
Potência: 176 cv a 5.500 rpm
Torque: 22,4 kgfm a 1.800 rpm
Câmbio: Automático CVT, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente, McPherson dianteira e  multilink na traseira
Freios: Discos ventilados dianteiros e discos sólidos traseiros
Pneus: 215/50 R17
Comprimento: 4,63 metros
Largura: 1,80 metro
Altura: 1,41 metro
Entre-eixos: 2,70 metro
Tanque: 46,8 litros
Porta-malas: 427 litros (dados da montadora)
Peso: 1.267 kg

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