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PSB se vira contra Agra e dá início a “esvaziamento” na PMJP

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publicado em 25/04/2012 às 11h05

“O processo de exoneração, que teve início em fevereiro, sem conversa prévia com nenhum dos exonerados é uma atitude de profundo desrespeito com auxiliares históricos da sua gestão e do nosso projeto”. É o que diz um trecho da carta renúncia do presidente do Diretório Estadual do PSB da Paraíba, Edvaldo Rosas, do cargo de Assessor Especial da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

O documento foi lido na manhã desta quarta-feira (25) durante reunião extraordinária convocada às pressas pela cúpula da sigla, na sede do partido, no Parque Sólon de Lucena. A carta diz ainda que a lista de exonerados pelo prefeito da Capital, Luciano Agra, é significativa e reveladora.

O socialista disse que sua renúncia foi uma decisão pessoal. “Pois, como presidente do partido, não poderia ver o que está acontecendo na administração municipal e ficar sem fazer nada”, justificou Edvaldo Rosas.

Apesar tecer duras criticas ao prefeito, na carta, Rosas nega que sua atitude oficialize um rompimento com Luciano Agra. “ Não é um rompimento, não quero por lenha na fogueira, mas é uma forma de repudiar o que está acontecendo”, disse Rosas.
 

Veja abaixo a íntegra da Carta Renúncia:

 

“João Pessoa, 25 de abril de 2012

 

 

Excelentíssimo Sr. Prefeito

 

Luciano Agra

 

Venho, por meio desta, encaminhar meu pedido de exoneração, em caráter irrevogável, do cargo de assessor especial que exerço junto ao Gabinete do Prefeito, pelas razões que passo a apresentar.

 Na condição de presidente do diretório estadual do Partido Socialista Brasileiro, não posso continuar assistindo inerte às iniciativas tomadas por vossa excelência no que resolveu alcunhar de reforma administrativa, esvaziando a participação do PSB no governo do Município de João Pessoa e na mesma medida ameaçando a participação de militantes históricos do socialismo na construção do projeto político que governa a Paraíba e a capital dos paraibanos.

 A história da construção dessa gestão que hoje se volta contra seu próprio partido e busca confundir sua própria militância, teve início em 2004 por um dos processos eleitorais mais inovadores que vivenciamos na Paraíba, no qual os princípios da democracia participativa e da republicanização catalisaram os anseios da sociedade e elegeram o companheiro Ricardo Coutinho para Prefeito dessa cidade. Em 2008 dando continuidade ao projeto concorremos ao processo eleitoral tendo que tomar uma decisão importante. Manter o projeto na condução única do partido construindo uma chapa majoritária apelidada de “puro sangue”.

 Sua escolha da condição de vice-prefeito nas eleições de 2008 contrariou toda a regra da disputa partidária, pois naquela ocasião não se podia lhe atribuir capital político, financeiro ou tempo de televisão, mesmo assim foi escolhido herdeiro privilegiado para cumprir uma missão, por ser considerado leal e de confiança.

 

Escolhido para cumprir uma tarefa estratégica para o partido perdeu-se em sua execução, não seguiu as orientações partidárias e por decorrência não conseguiu se viabilizar como alternativa eleitoral real, o que culmina na sua desistência a condição de pré candidato.

 No dia 04 de abril, em reunião histórica do diretório municipal do PSB, os argumentos apresentados por vários dirigentes partidários lhe convenceram dos equívocos da sua condução de todo o processo e o senhor, assumiu, publicamente o compromisso de cumprir com as decisões partidárias. Na prática, não é o que verificamos. O que é perceptível é um processo de perseguição e intimidação daqueles que se contrapropuseram aos seus propósitos, em debate político profundamente democrático e de alto nível de argumentação.

 Lembro ainda que estive em várias reuniões com o senhor, acompanhado de outros dirigentes partidários, tratando de assuntos diversos, dentre eles as mudanças na gestão municipal e a disposição do PSB na construção do melhor para a sua administração que é nossa também. Lamentavelmente, nada do acordado foi cumprido.

 O processo de exoneração sem conversa prévia com nenhum dos/das exonerados/as numa atitude de profundo desrespeito com auxiliares históricos da sua gestão e do nosso projeto teve inicio ainda em fevereiro. A lista é grande, significativa e reveladora

Vejamos: Coriolano Coutinho, Secretário Geral do PSB, Ronaldo Barbosa, Presidente Municipal do PSB, Rubens Freire, Vice-presidente Municipal do PSB, Laura Farias, Tesoureira do PSB, e vários/as outros/as companheiros/as que não ocupam cargo no partido e que preservo suas identidades por conta do clima de receios e temores criado por suas ações no ambiente da gestão municipal. Situação que está comprometendo o nosso projeto.

 Diante do descrito, reafirmo o meu pedido. Entretanto, como dirigente partidário, devo persistir no diálogo que possa vir a superar as divergências e possíveis incompreensões que existam entre nós, mas mantendo a coerência e a autonomia que se fazem necessárias nessa conjuntura. Aguardo, sinceramente, que a construção de uma sociedade socialista que é aquilo que nos uniu seja tratada como o bem maior de nossas atitudes políticas.

 Fidelidade partidária, lealdade e confiança.

Edvaldo Rosas – Presidente Estadual do PSB”

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