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O casarão

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publicado em 02/05/2022 às 07h00
atualizado em 01/05/2022 às 14h09

Era uma vez um casarão enorme e lindo, porém muito mal cuidado já há séculos, quando fora invadido por um bando de forasteiros que dominaram os antigos moradores e os puseram para lhes servir. No entanto, isso foi há muito tempo, portanto, não convém contar esta história agora.

Os donos, quase sempre muito descuidados, por gananciosos que eram, alternaram-se na apropriação da casa ao longo dos séculos. Nas últimas décadas, após ser tomado por um bando de insetos verdes, que depois de muito se aproveitarem daquela bagunça toda, se cansaram de lá e se afastaram por uns tempos, a enorme e bela casa mudou de mãos, sujas, imundas.

E espantava quem passasse por perto, por causa de uma fedentina insuportável que não saía por nada. Aí alguém teve a ideia de lavá-la com água de esgoto e de uma vala negra bem ali do lado, onde vários corpos haviam sido desovados. Surpreendentemente enganaram com facilidade, dizendo se tratar de água benta.

Não foi pequena a quantidade de incautos e mal-intencionados que se dispuseram prontamente a ajudar no serviço. Como alguns diziam que a casa estava mal-assombrada, vieram logo os falsos exorcistas. E também os insetos verdes, misturados a outros bichos peçonhentos, foram retornando aos poucos.

É verdade, muitas daquelas pessoas que iniciaram a tarefa desistiram quando finalmente perceberam o óbvio: que aquele arranjo era um completo desarranjo. Tarde demais, até porque os que ficaram continuaram esfregando, esfregando e se esfregando naquela nojeira toda.

O casarão lindo, que já apresentava enormes rachaduras e sérios problemas de estrutura, não aguentou tantos maus-tratos e ruiu. A casa caiu, mas ainda teve quem não percebesse e quisesse conservá-la assim mesmo. Desta forma, imaginavam, viveriam felizes para sempre.

Os que perceberam tudo desde o início, infelizes que estavam e desejando que a história não terminasse desta maneira tão tristonha, assumiram finalmente a responsabilidade de restaurar e bem cuidar do casarão. E lá estão ainda agora tentando expulsar os falsos contentes para colocarem a casa em ordem e viverem verdadeira e finalmente felizes para sempre.

Foto: Canindé Soares  

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