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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

De mãos beijadas

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publicado em 26/10/2021 às 07h39
atualizado em 26/10/2021 às 07h48

Olhando os cachorros, até onde posso enxergar, eu sinto uma paz e escrevo com o lápis que meu pai usava, o lápis de carpinteiro. Os animais são civilizados, mas esse não é o tema de hoje. Os brutos também amam. Nunca esqueci esse filme de George Stevens, 1953.

Tá na mão

Uma mão sozinha não consegue se lavar. Talvez esteja aí a definição de que uma mão lava a outra, mas seria muito óbvio, né? Descobri isso de maneira dolorosa: deixei de apertar a mão de um cidadão. Mas não o deixei na mão.

Uma mão sozinha nunca aprendeu a se lavar direito, a amarrar o cadarço, a pentear o cabelo, escovar os dentes, segurar o garfo, a estar alerta a qualquer queda, porque ela sozinha fica livre para aparar outra mão. É a mão direita? Sei lá. Não sou canhoto.

Se a mão tivesse aprendido a falar (e elas falam) já tinha xingado a outra de tudo que não presta. Diante de Jesus, Pilatos lavou as mãos. Até quando?

De mãos atadas

(parênteses) É como aquela história que a gente diz que tal pessoa sabe onde o galo cantou, mas a pessoa que sabe onde o galo canta, ela não sabe onde o galo não canta, porque um canto é uma coisa e uma mão, lava a outra. Será?

Cumprimentos

Fui almoçar a semana passada com o amigo escritor Colaço Filho, eu que o convidei, propus que cada um pagasse o seu, mas ele não deixou. Eu levei oferendas e ele disse que ali já estavam lavadas nossas mãos. Esse cara é uma pessoa inteligente e amável. Eu bato palmas.

Passa o tempo, a gente sente saudade e já nem acena e muitos vão seguindo de mãos vazias. Tem gente que se abana com as mãos.

Tanta gente não corresponde, não oferece a outra mão.

A mão direita se vira e se contorce para segurar uma faca, uma pasta de dente, e quando ela menos espera, uma dor, uma pontada vem lembrar de sua condição de Workaholic. Aí ela se aquieta um pouco, mas logo se recupera e começa tudo de novo.

A gente passa a vida toda para ver uma mão lavando a outra.

Escrevendo a mão

Escrever não se aprende. E se aprender fica fácil, enche o saco e vende. Escrever é visitar pensamentos e aprender mais, construir uma cadeira sem ser carpinteiro, e nunca a mesma cadeira, mas sempre o mesmo sentar.

Mãos dadas

Medo, esforço e gozo, um amor perdido, uma bicicleta, uma prisão, um caminho, um barco. Nada satisfaz quando não há um encontro das mãos, mas uma mão sozinha traz orgasmos.

Notícia

A cada 1 hora, cinco pessoas ferem as mãos e punhos em acidente de trabalho no Brasil.

As mãos são membros fundamentais para a realização de qualquer atividade.

Puxa vida, terminei o texto e não escrevi nada.

Me dá uma mão aí?

Kapetadas

1 – Na prática a teoria não existe.

2 – A grande crise mundial não é das finanças, é do orgasmo.

3 – Som na caixa: “Ai, suas mãos, suas mãos onde estão, onde está o seu carinho?”, Antônio Maria

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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