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Professora Emérita da UFPB e membro da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba (AFLAP]. E-mail: [email protected]

Mulher de sucesso

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publicado em 02/10/2021 às 08h38

Recebi o livro “Memórias de Líderes da Alta Gestão.” Olho quem me mandou? Uma sobrinha querida, Luciana Rodriguez Teixeira de Carvalho. O livro é coordenado por Cristiano Lagôas e editado pela Literare Books International Brasil-Europa-USA-Japão (2020), São Paulo. Reune a biografia de líderes que se notabilizaram no mundo intelectual empresarial. Ressalta o momento difícil por que passa o planeta, merecendo o apoio da Academia Europeia da Alta Gestão. Luciana está ali em conjunto com outras personalidades de destaque.

O que seria gestão empresarial? A gestão diz dos aspectos de dirigir. Antigamente usávamos a expressão chefiar, hoje usamos o termo gestão. Será que são a mesma coisa? Não.  Apesar de terem o mesmo fim – gerenciar um negócio, uma empresa, uma instituição, uma firma etc. As vezes podem ter objetivos comuns ambos os termos assumem ideias de administrar embora de forma diferente.

Quando nos referimos a chefiar implica na capacidade de administrar, dirigir negócios, empresas e pessoas em busca de metas comuns. Sua função principal é controlar ao mesmo tempo a produção e o operariado. Essa postura ideológica teórica vem dos primórdios da administração tradicional, clássica, científica, de diversos teóricos com destaque para Henry Fayol – 1841/1925 (teoria clássica) que empregava uma visão gerencial baseada nos resultados finais da produção preconizados nos 14 princípios por ele indicados. Frederick Winslow Taylor – 1856/1915 (administração cientifica) enfoca a produção e no operário visando resultados na quantidade produtiva e na racionalização do trabalho. O operário deveria enquadrar-se na operação dos seus princípios administrativos, sem preocupar-se com ele, mas na ênfase de sua produção.

A administração ressalta a eficiência e eficácia visando o resultado final. Ambas teorias administrativas possuem uma linha vertical hierárquica e as ações sempre partem de cima para baixo, sem a atuação dos que participam da ação.  Adotava-se uma postura autocrática. Havia uma só pessoa, no caso, o chefe, que determinava o que devia ser feito e que direção devia ser tomada.  Tema que não se pretende discutir.

No mundo pós-moderno aboliu-se a figura do chefe que só  mandava e determinava. Surge a figura do gestor, que é enaltecida. O que muda?  É a administração   exercida com democracia. As decisões são participativas e coletivas. O gestor exerce sua liderança não imposta pelo cargo que possui, mas sobretudo pelo poder do convencimento em saber articular um processo de construção socializada dos liderados a reconhecerem sua liderança como verdadeira na condução dos objetivos e metas propostas pela instituição, empresa etc. As ações são corporativas e transparentes.

O perfil desse novo líder não distorce os propósitos da companhia etc.  Mas os constroem em estratégias que possam unir contextos diferentes muitas vezes marcados por desigualdades e especificidades regionais, sociais e culturais, requerendo demandas de saúde, políticas econômicas, sociais e institucionais a fim de fortalecê-las. Os liderados sentem-se partícipes e incorporam ações institucionais como suas, reconhecendo-as como legítimas devido a influência que exerceram no destino das ações tomadas na instituição. São integrantes do processo administrativo. Este é o perfil do novo gestor.

Como não ficar orgulhosa de ter uma parenta sendo destaque no mundo? Parece cabotinismo falar assim, quando hoje as distorções de comportamentos são percebidas e ter uma jovem talentosa nesse palco é motivo de contentamento. Mas vale a pergunta: Como chegou até aí? Ninguém chega a uma posição dessa do dia para a noite. Há que passar necessariamente por um processo de formação e construção que constituiu a sua personalidade de comandar e que teve início no seio da família. Nasceu em João Pessoa. Bisneta de imigrante espanhol e filha única mulher dentre três filhos, sob o manto de seus pais, Janete Lins Rodriguez e Antônio Gumercindo Falcão Rodriguez, cresceu em ambiente acolhedor, amada pelos familiares com a especial atenção de sua avó materna Odília e de seu avô João Azevedo Lins, que em sua época exercia liderança no bairro onde residiam. Luciana viveu rodeada de exemplos de gestores.  Seu avô paterno Serafim Rodriguez Martinez e sua mãe Janete estiveram à frente na Universidade Federal da Paraíba em cargos de liderança.

A sua trajetória profissional é muito rica, com demonstrações de destemor a desafios que foram enfrentados nos primórdios da adolescência com coragem e determinação. Desde cedo apresentou pendores para se doar e servir a causas que acreditava serem dignificantes.  Isto foi provado quando aceitou o convite de uma instituição religiosa no ano de 1990 para participar de experiência com o Root Group, como voluntária bolsista na Inglaterra. Atuou na cidade de Bristol, em serviços comunitários, juntamente com 186 jovens de diversos países, na área de saúde. O contexto desse contubérnio permitiu relacionar-se com temperamentos dos mais diversos e criar amizades. Vivenciou a multiculturalidade. Essa etapa da linha de seu tempo, reputa Luciana como uma das mais valiosas de sua vida, pois oportunizou-lhe ter contato com a cultura e a prática da língua inglesa. Serviu aos mais carentes que se viam abalados em sua saúde. Sentiu de perto a realidade da dor e do sofrimento, procurando mitigá-los, situação que lhe tocava o coração e fazia aprender lições de vida que guardou para sempre. A sua participação nessa obra meritória fez internalizar em seu íntimo a visão mais pura do sentimento humanitário, o que contribuiu e repercutiu sobremaneira na sua formação e que traz consigo até hoje.  Durante sua estada ns Grã-Bretanha prestou exames para a língua inglesa na Cambridge University e na Pitman UK Examination, cujos certificados deram-lhe o direito no seu retorno ao Brasil de lecionar em instituições culturais aqui sediadas.

Seguindo seu caminho Luciana fez vestibular para o Curso de Nutrição da Universidade Federal da Paraíba, obtendo êxito e, após concluído, engajou-se no mercado de trabalho. Atuou como nutricionista no PSF (Programa de Saúde da Família) sendo pioneira na inclusão da profissão no quadro multidisciplinar do programa; atuou em vários municípios paraibanos orientando o teor nutricional das merendas servidas aos seus alunos; trabalhou no Serviço Social do Comércio (Sesc-Paraíba) coordenando o Programa de Segurança Alimentar Nutricional. Casou-se em25 de Novembro de 1995, com o Dr. Alexandre Teixeira de Carvalho Junior, com quem teve dois filhos, hoje acadêmicos de medicina, Rafael e Gabriel, formando uma família feliz.

Para acompanhar o esposo, concursado do Ministério da Justiça,  em 2010,  mudou-se para a capital federal onde vive até os dias atuais: “ Cidade que me acolheu de braços abertos e muito me oportunizou na ampliação do conhecimento, na minha versatilidade, e me ensinou a administrar, formar equipes e engajar pessoas. Brinco ao dizer que meu coração hoje é Brasiliense”.

A vida de Luciana em Brasília mudou. Foi o lugar em que criou asas, voando alto, saciando sua sede de saber e de apropriar-se do conhecimento que ajudasse em seu desenvolvimento pessoal e profissional. Caiu em terreno fértil, como especialista, mestra e doutora em Saúde Pública, tornou-se professora do Programa de Pós- Graduação em Bioética da Faculdade de Ciências da Saúde Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília (UNB).Foi professora em outras instituições de ensino, ora ministrando cursos, outras vezes proferindo conferências e palestras. Ocupou vários cargos na área de saúde merecendo destaque o de gestora junto a uma operadora, que diz ser a segunda maior do país, como diretora, tutora, analista e assessora. A experiência exitosa nessa área levou-a a prestar consultoria a diversas instituições de saúde, clínicas e hospitais do Distrito Federal e de outros Estados.

Acrescenta Luciana que durante o percorrer dessa trajetória enfrentou barreiras e tem muitas histórias para contar. O dia a dia do trabalho foi cada vez mais se aperfeiçoando em sua forma de ser e gerir negócios, empresas e instituições, ajudada pela cibercultura como facilitadora no sentido de unir o colegiado e os propósitos da entidade.  Fala que sempre encontrou motivação para seguir adiante, dando o melhor de si e acreditando na verdade que sempre defendeu e no objetivo a que desejava chegar. Coloca o sentimento do amor em tudo que faz. Demonstra que o aprendizado é contínuo. O conhecimento nunca se encontra acabado, sempre tem algo a incorporar inovador, até porque na área de gestão não cabe a mesmice, há de se ter atrativos, tocar e sensibilizar incentivando as pessoas lideradas.

É o dinamismo do administrar e gerir a chama que alimenta a corporação dos empreendimentos. Suzanne Bates (2012), consultora de negócios e coach executiva americana em Wellesley, Massachusetts, estudiosa sobre liderança, define a postura de líder “como a presença executiva é uma mistura de temperamento, competência e habilidade que enviam os sinais certos para mobilizar as outras pessoas a agir”.

Constata-se que durante a atuação como executiva e gestora Luciana manteve presente a preocupação de atingir com eficiência as três dimensões, e assim entende; A dimensão técnica buscou a competência realizando cursos específicos na área de gestão que lhe atribuíram preparo para o exercício a que se propunha. Utilizou a tecnologia como ferramenta de automatização capaz de otimizar o desenvolvimento empresarial contando como aliada ao tomar decisões estruturadas para assegurar o sucesso e transformar modelos de negócios. Tornar a empresa mais competitiva. Busca a excelência em tudo que realiza com eficiência e eficácia.

A dimensão social que sempre vislumbrou – a repercussão teria a ação no empreendimento realizado pela empresa no contexto da sociedade ou comunidade onde se insere. Isto considerando a extensão de suas realizações no ambiente externo com o olhar estratégico inovador, futurista dos benefícios que seriam concedidos. A dimensão humana  é a mais importante dentro das instituições e dela dependem todas as outras. Neste contexto, Luciana aprendeu e sentiu de perto no início da vida o sentimento de solidariedade quando jovem comprometeu-se em ajudar o ser humano em suas doenças e dificuldades na busca do sucesso – a saúde.  Considera que as pessoas não são robôs, mas sim criaturas que se constituem de corpo, mente e alma, que têm inspirações e são partícipes da evolução institucional.

O seu êxito será determinante no sucesso da empresa, razão da valorização do capital humano. Isto vale para uma equipe grande ou pequena. A tecnologia da cibercultura, por mais incrementada e sofisticada que seja, não consegue superar e operar sozinha, necessita da mão do homem. Aí se vê a importância de um líder que trabalha para unir as ações e pensamentos dos constituintes corporativos. Motiva, descobre talentos, monta estratégias, reinventa rotinas, cria oportunidade para o surgimento de novos talentos e lideranças aptos a inovações e a serem resilientes voltados a alcançar o esperado pela empresa. Pode-se referir como exemplo o que têm as empresas passado com a pandemia e o novo normal, o trabalhar em home office, as operações de mercado com ênfase no delivery e por aí vai.

Falar de Luciana é dizer muito mais. Busquei a essência do que julguei como primordial no contexto onde se encontra como profissional. Há de se considerar o momento por que passa o mundo, as mudanças do agir e do reinventar dos profissionais a encontrarem soluções e caminhos para o novo normal. Ficou demonstrado, como gestora, o seu autoconhecimento, a habilidade de relacionar-se e comunicar-se com os liderados. O poder criativo e inovador, o de identificar as forças, as fraquezas, as ameaças e o surgimento das chances para impulsionar desenvolvimento empresarial e vencer a competição. Extraiu das adversidades o crescimento. Estes atributos a fazem  administradora, gerenciadora e gestora reconhecida no Brasil, e no exterior, vitoriosa. Venceu com seus próprios méritos. É seu jeito de ser, sentir e agir que traça seu perfil de líder trazendo consigo a evolução da equipe e da empresa. É este modelo que a leva ao êxito. Aí é onde reside o seu sucesso.

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* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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