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Médico. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria e Diretor do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba. Contato: [email protected]

A vitória

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publicado em 27/07/2021 às 07h43

A eleição era em dois turnos. Ficamos no primeiro. Pelas contas feitas da Comissão Eleitoral, fomos para o beleléu. As primeiras contas, bem explicado, porque, quando fomos ver direitinho, ficamos em primeiro lugar. Até isso ser decidido, estávamos fora do processo eleitoral, enquanto os outros continuavam seu trabalho de campanha. Dois dias nos restou, para avisar, pelo menos, ao corpo social do Centro que continuávamos na disputa.

Definitivamente, descobri que não tenho nada de político. Embora seja um agregador, um conciliador e um condutor sereno de projetos; na hora de barganhar voto não me dou bem. Sou pouco produtivo nesse trabalho, além de não ter características dos candidatos em geral.

Trato bem, mas não sei dissimular. Sou incapaz de inventar mentiras, de modo que possa prejudicar o adversário. Isso não tem a ver com querer ser bonzinho. Tem a ver com meu jeito de ser, com minhas limitações para desenrolar esse ofício. Você precisa ouvir coisas sobre si mesmo que não vai gostar. O que você fez, pode ser destruído num minuto; e, de repente, de estória em estória, você pode virar um monstro irreconhecível para você mesmo.

Não digo que me meti numa aventura, porque eu queria continuar o trabalho que desenvolvo com relação ao ensino médico. Vejo problemas no futuro, tanto para a formação, quanto para a profissão como um todo e seus atores. Acho uma profissão fascinante. O maior fascínio que vejo é você fazer o bem, e fazendo o bem ser capaz de sobreviver. Outras profissões também vivem do bem. Mesmo no bem, há perigos na esquina.

Essa transformação repentina de tudo, preocupa-me. Não gosto do exibicionismo velado que se faz. Da autopromoção a qualquer custo. O modelo midiático é assim: primeiro você fica famoso, depois você vai mostrando o que sabe. Se souber! Tivesse começando agora, teria imensas dificuldades. Sou daqueles que vai fazendo e deixa que, no futuro, possa estabelecer-se pelo reconhecimento. Antes de qualquer coisa, para hoje, você precisa chegar primeiro que teu colega. É como se estivesse ficando um tanto selvagem.

E como estou falando de gente, sei que não somente se mata pela necessidade de sobrevivência, como vejo os leões fazendo com seus alimentos predados. Há outros desejos dos humanos: de crescer, de aumentar fortunas, cujo limite superior não há. É nesse encontro de pedras e águas que tudo pode acontecer, ou cair, ou declinar.

Ah! Fui vencedor, juntamente com Eduardo, meu companheiro de chapa. Uns estão torcendo para que eu fracasse; outros, colocando em nós esperanças de avanço, na busca por um ensino de excelência. Quando soube, recebi muito mais esse pacote de incumbências, do que consegui vibrar com a vitória. Agradeci. E recomeçarei tudo novamente, assim como em 2006 comecei, como Coordenador do Curso de Medicina da UFPB e responsável pela mudança do currículo àquela época.

Vencer é bom. Recomeçar é bom. Eu sei. Aliás, “começaria tudo outra vez, se possível fosse”. Vou até tomar um espumante para comemorar. Mas só estarei feliz se, ao final do mandato, eu tiver entregado o que projetei, tiver continuado com o respeito daqueles que em mim acreditaram nesse ano pandêmico de 2021. E que todos alcancem, junto conosco, a vitória!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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