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Ex-deputado federal, empresário e escritor. E-mail: [email protected]

Ontem e hoje

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publicado em 24/03/2021 às 11h05

Vamos hoje falar sobre alguns fatos históricos de ontem e de hoje.
Preocupamos muito quando nos conscientizamos que estamos envelhecendo rapidamente. A natureza sabiamente vai nos preparando, até mesmo para o nosso inevitável fim.
A minha longevidade me permitiu que eu vivesse grandes momentos, uns bons e outros difíceis e de grandes emoções. Em agosto de 1954 eu me encontrava em sala de aula no Ginásio 7 de Setembro em Natal, quando entra o diretor Professor Fagundes e manda suspender as aulas, em virtude do suicídio de Getúlio Vargas, que entre renunciar à Presidência da República, forçado pelas forças armadas, diante de graves denúncias preferiu se suicidar com um tiro no peito.
Foi a primeira tragédia que senti como menino do interior. Em 1963 conclui o curso de direito da UFPB, após ter tido uma vida agitada na política, combatendo (coronéis) e ter participado da própria agitação do governo Goulart. Segui a máxima como jovem: “quem não foi da esquerda na juventude não tem coração e quem não foi de direito na maturidade não tem cérebro”.
Fui de esquerda na juventude. Em 31 de Março de 1964, já como advogado (ver no meu novo livro “Brasil no espelho da história”). Não fugi nem reagi, fui exercer minha profissão de advogado em várias comarcas do interior da PB e RN.
O grande José Américo candidato a Presidente da República em 1937, após o golpe de Getúlio, disse: “A minha voz era ouvida pelo povo, mas os canhões falavam mais alto. Não adiantava gritar e soara o toque de recolher. Regressei, satisfeito, a minha obscuridade.”.
Era um homem valente, mas prevaleceu o bom senso. Em 1937 foi bem diferente de 1964, neste ano todos os poderes funcionaram plenamente. Vivíamos mais tranquilo do que agora, menos os que tentaram implantar a ditadura do proletariado, que mataram e morreram. Tive durante os 21 anos da Revolução de 1964 total liberdade para exercer a função de advogado, fazer o mestrado durante 4 anos na FGV de São Paulo.
Fiz curso de aperfeiçoamento e administração pública em Madrid durante 5 meses. Fiz concurso para professor da UFPB e fui nomeado. Concurso para Juiz de direito, aprovado e nomeado, não aceitei a nomeação, finalmente fui eleito deputado estadual em 1982, ainda em plena revolução.
Diferentemente de agora, em plena democracia estamos vendo a constituição ser rasgada e desrespeitada, a proibição da livre manifestação do pensamento e o direito sagrado de ir e vir, através de decretos de autoridades incompetentes, de muitos prefeitos e alguns governadores.
Isso só poderia acontecer em Estado de Sítio ou Estado de Defesa, que só podem ser decretados pelo Presidente da República e aprovado pelo Congresso. Com esses muitos outros atos que estão acontecendo no Brasil, como direito de trabalhar e de sair de casa, parece que estamos nos aproximando do comunismo, mas creio que isso não nos atingirá, prevalecerão, tenho certeza, a liberdade e a democracia, que segundo o grande Churchill tem seus defeitos, mas será sempre o melhor regime.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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