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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Mulheres continentais

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publicado em 08/03/2021 às 06h44
atualizado em 08/03/2021 às 12h37

Eu queria homenagear as mulheres, mas elas mesmas não aguentam – mês da mulher, dia da mulher. Elas não precisam disso.

Já faz uns dias que parei meu carro no Bairro dos Estados (quando ainda era possível levar passas de caju para um casal amigo). Exatamente na curva da PBprev, vi um grupo de mulheres, acho que umas 9, como se ensaiando a música ping-pong, do Gilberto Gil e dançavam alegres num jardim de luz.

A cena me chamou atenção, mas não ousei fotografar, nem filmar. Tenho que me conter e respeitar.

Eram jovens, altas, gordas, magras, umas duas mais velhas, todas juntas cantando “Yes-me-we, I and I”. Pareciam da mesma família, comendo o mesmo pão, rindo juntas de nós homens, que vivemos com dores e agora na pandemia, mais ainda. As mulheres são fortes, são F.

Naquele momento da dança, o que cada uma tem de melhor, estava ali na performance, e eram lindas porque estavam juntas, porque eram elas sem nós, porque cada uma é uma e nessa hora, excepcionalmente, nesse imenso ventre/cabeça, onde cabem todas as mulheres do mundo.

Ao chegar em casa, revi o filme “Todas as Mulheres do Mundo” de Domingos Oliveira (1966), que tinha tudo para não ser uma comédia, mas a vida é uma colmeia e tem os homens, os Paulos, Pedros e Antonios…

O filme avança clássico na lembrança de Domingos de Oliveira, que faleceu em 2019, antes do caos, da pandemia. Como canta o pernambucano Zé Manuel, uma história tão antiga de 2019.

A mulher é tão antiga, tão Platão, tão rock and roll, tão natureza, tão mitológica, tão gritante, tão mãe, tão esfolada quando o marido lhe bate, tão contra as políticas ultrapassadas. A mulher é a melhor coisa da civilização.

No filme, o ator Paulo José faz o papel de Paulo, um conquistador mulherengo, que conhece Maria Alice, que era Leila Diniz. Ele se apaixona e vai atrás da jovem até o fim da sua vida.

Paulo e Maria Alice se casam e logo vem a rotina do relacionamento e com os ciúmes, as recaídas. É sempre assim. E ainda tem no elenco Joana Fomm. Leila Diniz morreu bela. Paulo José resiste.

Eu queria tanto escrever um texto homenageando as mulheres, mas não consegui. Benção, mãe!

Kapetadas
1 – Vou lá na varanda pro dia me ver amanhecer. Viva as mulheres!
2 – Querendo beijos, mas preferindo queijos.
3 – Som na caixa: “Bonita, don’t run away, Bonita/Bonita, don’t be afraid to fall in love with me”, Tom Jobim.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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