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ENTREVISTA

Mestre cervejeiro ajuda na escolha da melhor bebida

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publicado em 04/08/2020 às 14h31
atualizado em 04/08/2020 às 14h40

Luciano Fialho, paraibano de João Pessoa, é um dos caras que mais entende de cerveja no Brasil. Estudou no Colégio Pio X e fez agronomia em Areia-PB, o negócio dele é trabalhar com cerveja. Recém formado como engenheiro agrônomo, no fim de 1993, participou de um processo seletivo da então Cia Cervejaria Brahma (hoje AmBev) para ser “trainee” de mestre cervejeiro. Foi selecionado e começou trabalhando na fábrica do Cabo de Santo Agostinho de Pernambuco.

Após um ano e meio em treinamento prático saiu do Brasil e foi fazer mestrado em cervejaria na Bélgica, na Université Catholique de Louvain. Com o título de mestre cervejeiro, voltou ao Brasil e trabalhou em 9 unidades diferentes da empresa, onde passou pela fusão com a antiga Antarctia Paulista, quando a empresa passou a se chamar AmBev. Depois vivenciou a fusão com a antiga cervejaria belga Interbrew, onde a empresa passou a ser chamada internacionalmente como InBev.

Estava ainda na empresa quando da compra da antiga Anhauser Busch, que produz a budweiser, e a empresa passou a ser denominada AB-InBev, e se tornou a maior empresa de bebidas do mundo. Saiu dela em 2012. Ele conversou com o MaisPB, deu dicas e contou muito mais do prazer de tomar uma “estupidamente gelada”. Vamos?

MaisPB – Faz quanto tempo você trabalha com cerveja?

Luciano Fialho – Fui aprovado na AmBev em 1994, quando ainda se chamava Cia Cervejaria Brahma e voltei do mestrado em 1996. Trabalhei em fábricas da empresa em vários estados.

MaisPB – E sua marca de cerveja artesanal?

Luciano Fialho – Há alguns anos trabalho com consultoria técnica para cervejarias. Ano passado eu e dois sócios criamos a empresa MBF (Micro Brew Franchising), uma empresa franqueadora para cervejarias artesanais terem o modelo de franquia (já lançamos a franquia da cervejaria Alles Blau de Blumenau), e também temos um modelo de franquia para bares e restaurantes produzirem a própria cerveja dentro dos bares, com a metade do custo em relação à aquisição de cerveja das grandes cervejarias.

MaisPB – Você é conhecido como o mestre cervejeiro, quais são as dicas para se tomar boas cervejas?

Luciano Fialho – Procure sempre as cervejas puro malte, onde nos ingredientes têm apenas água, malte, fermento e lúpulo. A grande maioria das cervejas comerciais têm milho ou arroz numa proporção de quase a metade da proporção do malte na receita. Apesar de baratear o custo da produção, essas cervejas têm uma qualidade muito inferior às puro malte. Cervejas artesanais são sempre puro malte, e portanto, têm uma qualidade muito superior às cervejas comerciais. Então uma boa dica para beber uma cerveja sem erro é escolher sempre uma cerveja artesanal. A Paraíba já tem algumas cervejarias artesanais, e eu dou consultoria para a cerveja Quebra Quilos.

MaisPB- Qual é melhor cerveja que você já tomou?

Luciano Fialho – As que eu faço (risos). Na verdade é difícil citar uma única, mas prefiro citar estilos de cerveja como a IPA (India Pale Ale). Pois quando falamos em cerveja a grande maioria das pessoas lembra apenas de um estilo, a pilsen. Mas existem centenas de estilos de cerveja (não estou falando de marca ou fabricante, mas estilo), e o legal da cerveja artesanal é viajar nesse universo de cervejas especiais, algumas frutadas, outras com tons de café, e ainda outras bem amargas (como a IPA).

MaisPB – Você aprecia chopes também?

Luciano Fialho – Sim, na verdade chope e cerveja são a mesma coisa até a hora do envase. A única diferença é que o chope na grande maioria não é pasteurizado e a cerveja é. Seria como perguntar se alguém prefere o leite in natura ou em caixinha, os dois são leite, mas um foi pasteurizado e o outro não. Na cerveja especificamente, a pasteurização deixa um gostinho que um degustador bem treinado consegue identificar.

MaisPB – Você também aprecia um bom uísque, vinho ou só gosta de cerveja?

Luciano Fialho – Tendo álcool é só convidar (risos). Gosto de boas bebidas, e portanto, um bom whisky, um vinho tinto seco, ou ainda branco ou espumante são uma boa pedida também.

MaisPB – Uma cerveja mais fresca é o oposto de um uísque envelhecido, não é?

Luciano Fialho – Sim, a cerveja, principalmente o estilo pilsen que é a maioria das cervejas consumidas, é melhor mais fresca. Ou seja, seria o oposto de um vinho ou whisky, que quanto mais envelhecidos melhoram a qualidade. Quanto à cerveja, recomendo a pessoa antes de comprar no supermercado checar a validade (geralmente tem a data no fundo da lata ou em algum lugar no rótulo da garrafa). No Brasil a maior parte das cervejas tem validade de 6 meses. Portanto, quanto mais próxima a data escrita na embalagem do dia que for beber, mais velha ela é e podem estar com o sabor e o aroma um pouco alterados. Uma dica que dou é fugir das promoções de cerveja em supermercado, pois provavelmente estão queimando o estoque de cerveja prestes a vencer. Portanto, uma cerveja não muito velha, puro malte e servida numa temperatura entre 8 e 12 graus é o ideal para beber com responsabilidade. Só faltando um bom prato para harmonizar, e claro, uma companhia à altura. Cheers!

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

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