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SAÚDE

CMJP e UFPB debatem tratamento da psoríase

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publicado em 31/10/2019 às 08h41
atualizado em 31/10/2019 às 05h42

Cerca de dois mil pacientes com psoríase recebem, atualmente, tratamento adequado no Centro de Pesquisa, Apoio e Tratamento de Psoríase da Paraíba (CRATP-PB), que fica no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), na Capital. A falta de informação, a discriminação e o preconceito com relação à doença fizeram com que a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizasse, na tarde desta quarta-feira (30), um sessão especial para discutir o tema.

A psoríase é uma doença inflamatória de pele, não contagiosa, multigênica (vários genes envolvidos), com incidência genética em quase 30% dos casos. O problema caracteriza-se por lesões avermelhadas e descamativas, normalmente em placas que aparecem no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.

Alusiva também ao dia 29 de outubro, que marca o Dia Mundial da Psoríase, a sessão especial – proposta pelo vereador Lucas de Brito (PV) – contou com a participação de profissionais de saúde, pacientes, ativistas e representantes de entidades que trabalham com a doença. Na ocasião, Lucas de Brito justificou que a psoríase causa preconceito, e que o Legislativo Municipal Pessoense não poderia ficar de fora dessa discussão, devendo aproveitar o espaço da TV Câmara JP para passar as informações necessárias à população.

O parlamentar lamentou que ainda exista discriminação com as pessoas que sofrem com a psoríase. “Através do debate nós temos condições de tentar diminuir o preconceito e mostrar que a doença não é contagiosa, como muitas pessoas acham”, ressaltou Lucas de Brito, que propôs uma interlocução com a Gestão Municipal para que o tratamento possa ser oferecido em algumas unidades de saúde de João Pessoa.

A médica dermatologista Esther Palitot, coordenadora do CRATP, informou que cerca de dois mil pacientes com psoríase do tipo leve ou grave são atendidos no local. Ela disse que o tratamento vai desde medicamentos para a pele, comprimidos e injeções, até medicamentos mais sofisticados imunobiológicos.

Segundo a médica, o tipo mais comum da doença é a que aparece em forma de placas, caracterizadas por manchas avermelhadas e recobertas por escamas. “As manchas ocorrem, especialmente, em áreas de trauma do corpo, como couro cabeludo, na região da palma das mãos, plantas dos pés, cotovelos e joelhos”, contou a dermatologista, acrescentando que, além de aparecer na pele, a doença também pode acometer as articulações. Esther Palitot lembrou do início das discussões sobre a doença, da fundação do Centro e destacou que no primeiro semestre de 2020 os pacientes já terão acesso aos medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A presidente da Associação dos Amigos e Portadores de Psoríase do Estado da Paraíba (APPEB), Tereza Cristina, falou que a entidade tenta dar o suporte necessário para que os pacientes, que residem em locais distantes de onde podem obter o tratamento, tenham condições de se deslocar para receber atendimento médico. Tereza revelou que muitos destes pacientes não têm condições financeiras de sair dos seus municípios para fazer o tratamento no CRAT, e explicou que a associação foi criada, há 4 anos, com o objetivo de oferecer apoio físico e moral aos portadores, pacientes, familiares e amigos.

Pacientes e professores falam sobre o assunto

O professor Shslayder Lira dos Santos, do Curso de Pedagogia da UFPB, entende que a psoríase ainda é um termo muito desconhecido, e que as pessoas acometidas pela doença ainda sofrem muito preconceito. Ele contou que, em 2016, quando percebeu que havia algumas lesões na sua pele, procurou um médico que não soube diagnosticar do que se tratava. “No Centro de Pesquisa houve um diagnóstico mais preciso”, afirmou. Conforme Shslayder, algumas pessoas com psoríase ficam depressivas, não aceitam ser diferente das outras, e muitas vezes preferem ficar no isolamento. “Há dois anos venho participando dos debates e fazendo o tratamento, e posso dizer que a qualidade de vida é possível”, completou o professor.

Para a professora Valéria Leite Soares, do Curso de Terapia Ocupacional – Campus I – UFPB, as pessoas com psoríase enfrentam dificuldades nas atividades normais do seu dia a dia, como tomar banho, fazer comida, sair, trabalhar e ter lazer. Ela informou que a doença aparece, na maioria dos casos, na fase adulta, quando a pessoa tem uma vida cheia de atividades e responsabilidades.

A professora Kátia Rau de Almeida, do Curso de Nutrição da UFPB, doutora na área, e a graduada no Curso de Medicina, Jessica Francis, destacaram a importância do Projeto de Extensão “Promovendo a conscientização acerca da Psoríase e a melhora na qualidade de vida de seus portadores”. Para Jessica, dar mais visibilidade ao projeto é importante para mostrar a realidade dos pacientes e deixar claro que eles têm condições de ter uma vida melhor.

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