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Lampião paraibano conta diferença e semelhança do cangaceiro

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publicado em 16/06/2019 às 19h12
atualizado em 17/06/2019 às 07h57
Deputado estadual Wallber Virgolino em entrevista ao canal de vídeos MaisTV (Foto: MaisPB)

O Lampião do bem. É assim que quer ser visto o combativo deputado estadual Wallber Virgolino Ferreira da Silva (PATRI) ou para os admiradores apenas Virgolino, o Lampião. Em entrevista ao jornalista Heron Cid, na MaisTV, canal de vídeo do Portal MaisPB, o parlamentar lembrou da alcunha que carrega ao longo da sua vida pública – dada pelo saudoso radialista Anacleto Reinaldo em 2006, quando Virgolino era delegado do Grupo de Operações Especiais, da polícia. “Ele se portava a mim como Virgolino Lampião e ficou. É um nome exótico, pegou na sociedade e carrego até hoje”.

Virgolino, o ‘Lampião do bem’, refuta qualquer tipo de prática semelhante ao do seu homônimo, o cangaceiro. “Como dizia Anacleto, eu sou o Lampião do bem. O que eu admiro não na pessoa de Lampião, mas na figura folclórica que ele representa ao Nordeste. O povo nordestino é um Lampião do bem. Um povo que resiste a seca e aos desmandos de políticos, um povo resistente e corajoso. O Lampião que represento é esse, sem crimes, mas que ama o Nordeste e a Paraíba”, afirmou.

Diferente do xará mais famoso, o Lampião cangaceiro, lembrado por vários crimes, Virgolino guarda medos. Um deles está na política, campo de atuação no momento. Alçado recentemente a condição de deputado estadual, sendo o segundo mais votado na Paraíba, com 48.053 votos válidos, Wallber Virgolino diz que teme pela sua integridade física e também da sua família. Ele atribui o receio as críticas que tem feito, sobretudo, ao projeto do PSB no estado, alvo da operação Calvário, responsável por investigar supostos desvios na Saúde.

“Durante quinze anos combati o crime organizado e arranjei muitos inimigos em nome do estado. O estado, as vezes, é covarde. Você arranja inimigos em nome dele e no fim ele vira as costas. Hoje, eu tenho medo da política. Bandido respeita a polícia. O bandido político não respeita [a polícia]. Hoje, tenho mais medo desse cenário estadual, desse cenário da operação Calvário, das acusações que eu faço, do que das minhas relações polícia e bandido, com organizações criminosas”, desabafa.

“Temo pela minha integridade e da minha família. O político paraibano, que surrupia dinheiro público, faz de tudo para apagar vestígios para continuar a roubar”, acrescentou.

Uma decisão recente do presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (PSB), proibiu o uso de arma de fogo nas dependências da Casa. A medida atingiria especialmente Virgolino, que faz uso de uma pistola por sofrer ameaças de morte por duas facções criminosas. Após uma conversa com Galdino, a exceção foi aberta.

“O presidente Adriano[Galdino] é um cara bastante sensato. O PSB politiza tudo, tudo é levado para o lado negativo, quer criar palanque, inclusive, com coisas sérias. Não há respeito a deputados. Não houve no meu caso. Levei provas para o presidente Adriano, mostrei as ameaças. O PSB tenta desconstruir. O PSB tenta passar para sociedade que sou frouxo, o ex-governador [Ricardo Coutinho] todo dia diz isso. Então, eles dizem que não fui ameaçado, mas levei para o presidente e ele viu a gravidade. E não me autorizou porque não preciso de autorização, sou delegado de polícia e a lei me autoriza, mas entendeu minha situação e passou a me defender na mídia”, contou.

“A arma é instrumento de trabalho. A arma é defesa, não é ataque. A arma é para, no meu caso, me defender e defender minha família”, assegura.

Ainda na entrevista, Virgolino faz uma autocrítica a ser feita pela oposição. Admite que o grupo abre brechas, quando não apresenta planos para contrapor a base governista. “Só tínhamos um plano: a operação Calvário”, afirmou. E adverte: “A oposição na Paraíba não pode ser uma oposição burra. Não podemos ser incoerentes. Vez por outras deixamos brechas. Não tínhamos um plano B e C”.

Para o parlamentar, a crise recente entre o governador João Azevêdo e o ex-governador Ricardo Coutinho é tão somente encenação e avalia que a oposição caiu na armadinha. “Eu e um ou outro deputado continuamos a bater. Mas em geral a oposição deu uma acalmada. Contamos com o rompimento. Acredito que seja uma encenação. João Azevêdo não rompe com Ricardo nunca. Mas Ricardo romperá com João. Mas hoje é encenação”.

A depender de Virgolino, cada passo da oposição tem que ser calculado, assim como ocorre em operações policias. Só assim atingirá a meta que almeja: derrotar o PSB. “A oposição precisa pautar sua atuação como se eles estivessem juntos. Temos que derrotar esse projeto socialista nas urnas. Não podemos contar com a sorte ou com a interferência de outros órgãos. Hoje a oposição tem essa ideia e estamos agindo dessa forma. Hoje temos estratégia para tudo. É como operação policial. Se mexer para cá ou para lá saberemos como agir”.

MaisPB

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