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VIAGEM DE RETRIBUIÇÃO

Bolsonaro aceita convite a Israel: “Seremos irmãos”

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publicado em 28/12/2018 às 20h30

O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, convidou Jair Bolsonaro (PSL) a viajar a Israel, em retribuição à visita que o chefe de governo israelense fez ao Brasil para a posse do presidente eleito em 1º de janeiro. Bolsonaro, que aceitou o convite, disse que fará a visita até março do ano que vem.

Os dois líderes se encontraram nesta sexta-feira (28) no Forte de Copacabana, no Rio, horas depois do desembarque de Netanyahu na capital fluminense.

“Mais do que parcerias, seremos irmãos no futuro, na economia, tecnologia, e tudo aquilo que possa trazer benefício para os dois países”, disse Bolsonaro em pronunciamento após o encontro.

Netanyahu agradeceu pelo que chamou de “gentilíssima recepção” e destacou o fato de a visita ser a primeira de um primeiro-ministro de Israel ao Brasil na história. “Israel é a terra prometida. E o Brasil é terra da promessa (para o futuro)”, afirmou. “É um momento histórico. É a primeira visita de um primeiro-ministro israelense ao Brasil da história. É difícil crer que a gente não tenha tido um contato antes. Porque os laços de fraternidade e a aliança são reais e podem levar a grandes distâncias.”

O premiê usou a palavra “amigo”, em português, para se referir ao presidente eleito do Brasil. “Convidei o presidente Bolsonaro para visitar Israel, e ele aceitou, e ele será bem-vindo como um grande amigo, um grande aliado, um irmão”, disse Netanyahu.

Bolsonaro respondeu dizendo que pretendia visitar Israel até março, com “uma comitiva de vários setores da sociedade”. “O que for acertado entre nós será muito bom para brasileiros e israelenses. E também para grande parte do mundo, porque estamos demonstrando que essas parcerias trazem o bem-estar para seus povos. Queremos que mais gente faça parceria com Israel, bem como conosco também”, disse Bolsonaro, dizendo querer começar logo essa “política de grande parceria com o Estado de Israel”.

O presidente eleito também fez referência ao seu futuro governo, dizendo que ele terá um início “difícil”. “Começamos um governo difícil a partir de janeiro, mas o Brasil tem potencialidades, tem massa humana, como a formada em nosso ministério, para que possamos vencer esses obstáculos. Em parte, precisamos, sim, de bons aliados, de bons amigos, de bons irmãos, como Benjamin Netanyahu.”

O encontro teve a presença dos futuros ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Paulo Guedes (Economia). Após a reunião, Bolsonaro e Netanyahu irão para uma cerimônia com a comunidade judaica na sinagoga Kehilat Yaacov, também em Copacabana.

Mais tarde, em evento na sinagoga, Bolsonaro chamou Netanyahu de “exemplo de patriotismo, abnegação e trabalho pelo seu povo”, “um capitão como eu, mas com história de serve de exemplo para todo cidadão de bem”.

“Eu sempre citava o exemplo de Israel. Olhem o que eles não têm e vejam o quem eles são. Agora olhem para o Brasil e vejam o que nós temos e o que nós não somos. O que nos falta é a fé, é a vontade de querer acertar, é se aproximar de bons países, é buscar parcerias e acordos”, afirmou. “Mas, com Israel, vai ser um pouco além disso. Nós seremos mais do que bons parceiros, nós seremos irmãos.”

A pequena rua Capelão Álvares da Silva, que sedia a capela Lehilat Yaacov, em Copacabana, foi interditada. Um forte esquema de segurança dos dois países amparava os dois líderes. Poucos jornalistas, selecionados previamente pela embaixada e cinegrafistas em sua maioria, participaram do evento. O restante da imprensa ficou na parte de fora. Houve uma palestra, discursos de ambas as autoridades e orações. Netanyahu escolheu falar em hebraico e foi traduzido pelo rabino Eliezer Stauber.

O intenso esquema de segurança na sinagoga inclui um sniper (atirador de elite) e o COT (Comando de Operações Táticas), grupo de elite da Polícia Federal que foi deslocado especialmente de Brasília para fazer a segurança do presidente eleito e de Netanyahu.

O clima estava “maravilhoso e sensacional, um clima de harmonia absoluta e de um carinho recíproco entre as partes, contentes umas com as outras. Isso é muito bom para os dois países”, nas palavras de Boris Sender, frequentador da sinagoga.

De acordo com ele, Netanyahu disse, em hebraico, que “o Estado de Israel, sempre, ao longo da história, esteve desprotegido. Desde o tempo do faraó. É que a oportunidade de vir ao Brasil somente agora se cristalizou e assim se criou a oportunidade de uma primeira linha político-governamental”.

O encontro terminou com um aceno de ambas as partes: “No ano que vem a gente se encontra em Jerusalém”.

Bolsonaro vestiu um quipá –todos dentro da sinagoga devem usar o acessório na cabeça. No encerramento, foi feita uma bênção chamada Bracha (pronuncia-se “Brarrá”), que consiste em acender uma vela.

Não foi mencionada a possível mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém — a eventual modificação da sede já foi mencionada pela família Bolsonaro em algumas ocasiões.

A viagem programada para o início de 2019 não seria a primeira de Bolsonaro a Israel. Em 2016, em visita ao país, ele foi batizado nas águas do rio Jordão.

Netanyahu desembarcou no Brasil por volta das 11h15 desta sexta-feira, no Aeroporto Tom Jobim-Galeão. O primeiro-ministro ficará no Rio até o dia 1º, quando seguirá para Brasília, onde acompanhará a cerimônia de posse de Bolsonaro. (Com Estadão Conteúdo)

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