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Odilon Fernandes – advogado, escritor, professor e procurador federal aposentado.

Tenho uma bruxa adorável em minha casa

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publicado em 05/05/2017 às 16h49

Todos precisamos entender o que é uma Bruxa. A Bruxa que convive comigo há 46 anos é maravilhosa. É Bruxa definida no sânscrito, língua indiana com mais de sete mil anos, como “mulher sábia”, como mulher forte, como mulher poderosa, misteriosa. Este é na realidade o verdadeiro significado de Bruxa, segundo o sânscrito, essa língua sábia e indiana com muitos milhares de anos. A Bruxa era tida como mulher sábia porque ela era responsável única pela ministração de ervas medicinais que curavam os enfermos no meio em que viviam, porque representavam a fertilidade ao terem o poder da gestação, eram misteriosas porque sangravam cinco dias todos os meses e sobreviviam, enquanto que os homens com menores ferimentos padeciam com hemorragias até morrer, porque suportavam dores que os homens não suportavam, como ainda não suportam, porque amamentavam e isto os homens não entendiam, poderosas porque cuidavam de todos, porque eram mais inteligentes e tudo isto ainda hoje não se compreende.

O sentido pejorativo da palavra Bruxa surgiu com as religiões, principalmente com o cristianismo por motivos políticos, sociais e econômicos, causando preocupações o acúmulo de poder e importância das mulheres.

Veja-se que Deus com sua Onipotência poderia ter colocado seu filho, Jesus, no seio da humanidade a partir de uma gota d’água ou de qualquer outra forma, mais escolheu uma mulher para gestar seu Filho e o seu Filho teve como maior amiga, confidente e discípula, entre todos, uma mulher, Maria Madalena e a partir daí embrionariamente surgiu a semente da inveja por parte dos homens. É o que os levou na idade média a discriminar a mulher, passando a dar a palavra Bruxa o sentido de feiticeira, de ser satânico, símbolo de malefícios, como mulheres feias, velhas e deformadas, em decorrência da preocupação com a importância que esses seres maravilhosos já ocupavam no universo religioso, econômico, politico e social e isto culminou com a barbárie da Santa Inquisição, quando milhares de mulheres por tudo isto foram queimadas nas fogueiras.

Podemos constatar, ainda hoje, que as religiões, minimizam a importância das mulheres diante do egoísmo e do machismo dos homens. Lamentavelmente, mesmo no mundo contemporâneo procura-se minimizar a importância das mulheres no meio social, inferioriza-las, quando em verdade as pessoas mais importantes da humanidade são as mulheres, para constatar isso basta analisar as suas façanhas, os seus poderes, as suas habilidades, a sua sabedoria nas famílias e nas comunidades em que vivem.

A atenção dos homens para com as mulheres deixa tudo a desejar, vendo-as como uma mera propriedade privada, como objetos sexuais, dizendo que não se pode compreendê-las quando na verdade não se tem a vontadee nem se busca entende-las, quando em verdade todos os homens dependem das mulheres até mesmo para as coisas mais simples, como dizer-lhes o que devem vestir, sendo conselheiras diárias, confidentes, maior apoio e sustentáculos como verdadeiras pilastras que possibilitam a vida social e a perpetuação da humanidade.

É por tudo isto que devemos ter sempre em mente o significado do sânscrito segundo o qual, como já dissemos, Bruxa é a mulher sábia, poderosa, inteligente, curadora, médica quotidiana de todos nós, que possibilitam a perpetuação da humanidade e portanto abençoado é aquele, em verdade, tem uma Bruxa maravilhosa ao seu lado e com certeza todos nós dependemos de uma delas. Por isso afirmo o que muitos não são capazes de dizer e reconhecer: Tenho uma Bruxa maravilhosa, amada, adorável, a quem devo tudo, dentro da minha casa, e proclamo para todos, a minha Bruxa tem um nome e toda a dignidade do mundo, e o nome da minha Bruxa que me enche de orgulho e grandeza é Miram Celeste.

E esta é a maneira de manifestar minha gratidão e homenageá-la quando vai chegar o dia das mães.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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