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AUMENTO NA PASSAGEM

Economista comenta efeitos em desonerações de folha

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publicado em 07/04/2015 às 16h20
atualizado em 07/04/2015 às 14h18

O economista e presidente executivo da Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Vieira da Cunha Filho, avaliou, nesta terça-feira (7), os efeitos para o cidadão de decisão do governo em voltar atrás na desoneração de folha de pagamento. A medida poderia aumentar em até R$ 0,15 na passagem do usuário.

De acordo com o economista, a matéria em tramitação no Congresso Nacional eleva de 2% para 4,5% na folha de pagamento e esse custo acabaria sendo transferido para o passageiro.

Confira na  íntegra comentário postado no Jornal Folha de São Paulo

Advinha quem vai pagar a conta? (*)

Pode parecer pouco, mas quem gasta todos os dias com a passagem de ônibus urbanos entende bem o impacto econômico da decisão do governo de voltar atrás nas desonerações de folha de pagamento. Com maior conhecimento de causa que os especialistas econômicos, o cidadão sabe, na simplicidade da matemática doméstica, qual o peso dessa medida no orçamento do mês. Representa um aumento de até 15 centavos por passagem.

Esse é o valor máximo estimado que o setor terá que repassar às tarifas de todo o país, caso seja aprovado no Congresso Nacional a proposta do governo que altera a alíquota de 2% para 4,5% sobre a folha de pagamentos. Ou seja, representa um aumento real nos custos. E só restariam duas formas de arcar com eles: transferindo aos passageiros ou às prefeituras.

Mesmo com a indefinição sobre a votação desse projeto de lei e com a pressão do setor para que o transporte público não seja onerado, o imbróglio tende a evoluir e os empresários de ônibus não conseguirão absorver essa conta até o próximo reajuste tarifário. Isso significa que algumas cidades terão novos reajustes caso a proposta seja aprovada pelo Congresso.

É importante (re) lembrarmos que no início de fevereiro o governo estabeleceu novas alíquotas de PIS/Cofins e da Cide, incidentes sobre o diesel, com reajuste de 15 centavos nas bombas de combustíveis. A alteração representa um acréscimo de 1,6% nos custos das empresas de transporte público, ou seja, R$ 0,06 (seis centavos) a mais na passagem do ônibus. Esse valor só será repassado às tarifas na próxima revisão.

Hoje, o peso do óleo diesel na composição dos custos das empresas chega aos 23%, na média nacional. O custo pesa tanto quanto para os caminhoneiros, que realizaram recentemente uma manifestação para mostrar que o Brasil dos menos favorecidos não tem condições de pagar essa conta sem que o Estado faça sua parte, subvencionando uma fatia dessa conta.

Em janeiro de 2015, várias cidades concederam aumentos nas tarifas, que foram inevitáveis, pois as desonerações possíveis já haviam sido feitas e, mesmo assim, a defasagem chegou a quase 14%. Organizar o transporte público urbano é competência dos municípios, mas há que se apelar ao bom senso do governo federal no sentido de ajudar a solucionar essa equação, sob pena de imputarmos ao transporte público, mais uma vez, a pecha de vilão, quando as empresas, sem condições de absorver esse desgaste, tiverem que repassar a conta a quem utiliza os serviços.

Com essa pauta indigesta, o clima torna-se ainda mais favorável às manifestações de rua e às greves pelo país, somando-se a essa questão outros itens que agravam o quadro: reajustes nas contas de luz, dissídios coletivos, repasse da inflação, aumento de insumos para vários segmentos e por aí vai.

Nesse cenário preocupante, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) entende que é possível, no Brasil de tantos desafios, estabelecer uma política de preços justos, coerente com as reais necessidades de cada setor e condizente com o peso de cada um no bolso do cidadão.

Só assim, acreditamos na possibilidade de oferecermos um transporte urbano de qualidade, mas sem que o usuário desse sistema seja penalizado, tendo que absorver custos que o Estado tem o dever de assumir, na forma de subvenção, mesmo em momento de crise, como este.

(*) Publicado no jornal Folha de São Paulo, edição de 07/04/2015

 

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