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Livro revista trajetória política de Ronaldo Cunha Lima

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publicado em 18/03/2015 às 22h35
Ronaldo Cunha Lima

Se estivesse vivo, o ex-governador Ronaldo Cunha Lima teria completado 79 anos nesta quarta-feira, dia 18. Para lembrar a data, deputados foram à tribuna da Assembleia, pela manhã, para registrar a importância que teve Ronaldo para a política e para o desenvolvimento da Paraíba. No início da noite, o historiador José Octávio de Arruda Melo fez o lançamento do livro “Ronaldo Cunha Lima, a trajetória de um vencedor (1936-207)”. A solenidade teve início às 18h, no Sebo Cultural, no Centro da Capital. Ronaldo Cunha Lima foi advogado, professor de Direito, professor de Português e promotor de Justiça. Nasceu em Guarabira no dia 18 de março de 1936.

Na política, Ronaldo Cunha Lima foi vereador e prefeito de Campina Grande, deputado estadual, deputado federal, governador da Paraíba e senador. Morreu no dia 7 de julho de 2012, em São Paulo. Foi enterrado em Campina Grande. O livro sobre Ronaldo Cunha Lima, segundo José Octávio, “parte dos reflexos da Revolução de 1930, descamba pelo Estado Novo e vivencia o populismo das lutas estudantis à crise da legalidade, passando pela Câmara de Vereadores de Campina Grande e Assembleia Legislativa”.

O autor do livro lembra que Ronaldo nasceu em meados da primeira década pós-Revolução de 1930 e viu seu pai, Demóstenes Cunha Lima, ser prefeito (interventor) de Araruna entre 1937 e 1940. O livro ainda conta a história parlamentar do poeta, como gostava de ser chamado, de 1963 e 1968. “A partir daí (1968), o estudo (livro) situa o biografado dentro do Consulado Militar, pelo qual foi cassado (já como prefeito de Campina Grande). Mostra seu ingresso no PMDB, a volta à municipalidade campinense e ascensão ao Governo do Estado (1991-1994), Senado e Câmara Federal (por duas vezes), já na legenda do PSDB”, afirma José Octávio.

Na obras, José Octávio conta as dificuldades vividas pela família após a morte de Demóstenes Cunha Lima e revela a família tive ajuda de um irmão de Demóstenes, João da Cunha Lima, e do Cônego Bandeira. Diz, também, que Ronaldo estreitou a convivência com o Cônego Bandeira e virou coroinha para ajudar nas missas em latim. “A ajuda dos familiares só foi superada, em importância e exemplo, pelo imenso esforço de Dona Nenzinha. Abalada com a morte do marido, ela não se deixou vencer pelas dificuldades, recusando-se a voltar para o engenho de Cuitegi, porque não queria os filhos como cambiteiros de cana ou entregá-los à guarda de parentes”, afirma trecho do livro se referindo ao período em que a família Cunha Lima já estava em Campina Grande.

José Octávio aborda a vida profissional, estudantil e política de Ronaldo em Campina Grande. Diz que ele foi de jornaleiro a escrevente de cartório e professor. Foi poeta e especializou-se em Augusto dos Anjos. Afirma José Octávio em sua obra que Ronaldo ganhou de gazeteiros e garçons de Campina Grande o anel de formatura, no final de década de 1960. Revela o livro que Ronaldo conheceu sua esposa, Dona Glória, no Colégio Estadual da Prata, com quem se casou no dia 12 de abril de 1957, na Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, com as bênçãos do cônego José Trigueiro, e alianças emprestadas pelo padrinho, professor Milton Paiva.

“O matrimônio, de que resultaram quatro filhos e oito netos, perdurou pela capacidade de harmonização do casal. Ronaldo, mesmo irreverente e notívago, nunca deixou de respeitar profundamente a Glória, considerando-a esteio indispensável na carreira política”, sustenta José Octávio, lembrando uma frase do ex-governador: “Sem Glória, seria outra minha trajetória”. Em 1959, Ronaldo se elegeu vereador pelo PTB, partido no qual ingressou a convite do banqueiro Newton Rique após sugestão do vereador Mário Araújo. “Com 942 votos, foi o segundo mais votado entre os integrantes do PTB e o terceiro de todo o pleito. Tinha 23 anos”, frisa José Octávio. Em 1962, ganhou uma vaga na Assembleia Legislativa pelo PTB com 3.796 votos. Assumiu em 1963. Na eleição para a Mesa Diretora, segundo José Octávio, os governistas não aceitaram o nome de José Maranhão para presidente e se confrontaram com a oposição, que queria Clóvis Bezerra. Deputado de primeiro mandato, Ronaldo fechou com José Maranhão e saiu em sua defesa.

“Nós, que constituímos a bancada governista nesta Casa, consideramos, neste instante, eleito presidente da Assembleia, pela maioria absoluta dos votos, o deputado José Targino Maranhão. E qualquer tentativa de impedimento à vontade da maioria da casa de Epitácio Pessoa, nós a interpretamos como um garroteamento de nossa liberdade e dos nossos direitos”, disse Ronaldo à época. No entanto, a vitória de Maranhão não foi confirmada por questões políticas e institucionais.

Na época, segundo José Octávio, já havia uma conspiração em marcha contra o presidente da República e “a direita orgânica da Paraíba não poderia prescindir da Mesa da Assembleia”. A verdade, segundo José Octávio, é que, após o golpe de 31 de março de 1964, o governador Pedro Gondim logo aderiu ao novo governo e o presidente da Assembleia, Clóvis Bezerra, “formalizou a legitimação do golpe”. Ronaldo ainda foi reeleito deputado estadual antes de ser prefeito de Campina Grande, o que aconteceu em 1968.

Naquele ano, Ronaldo foi eleito pelo MDB, com 13.429 votos. Severino Cabral (Arena) ficou em segundo lugar, com 17.568 votos. Como? Na época havia a chamada sublegenda e os votos dados aos candidatos menos votados dos dois partidos (Arena e MDB) eram somados aos votos dos candidatos com maiores votações.

Pela sublegenda do MDB 3, Vital do Rêgo obteve 8.415 votos e Osmar de Araújo conseguiu 312 votos pelo MDB 2, possibilitando a vitória de Ronaldo. Pela Arena 2, Plínio Lemos obteve somente 635 votos e José Stênio de Lucena Lopes conseguiu 241 votos. Ronaldo assumiu, mas passou pouco tempo. Foi cassado pelo Regime Militar no dia 13 de março de 1969. Torcedor do Vasco da Gama, e com seus direitos políticos suspensos, o vascaíno foi embora da Paraíba para o Rio de Janeiro. Passou dez fora da política.

Em 1979, com anistia ampla geral e irrestrita implantada pelo presidente João Batista de Figueiredo, Ronaldo se filou ao PMDB, partido pelo qual se elegeu prefeito de Campina Grande em 1982, se elegeu governador em 1990 e senador em 1994. Em 1998, brigou com José Maranhão, perdeu duas convenções no PMDB e abandonou o partido. Ingressou no PSDB e se elegeu deputado federal duas vezes. Renunciou ao mandato em 31 de outubro de 2007 para ser julgado na Paraíba pela tentativa de assassinato contra o ex-governador Tarcísio Burity (caso Gulliver), no dia 5 de novembro de 1993, em pleno exercício do mandato de governador. Na época, Ronaldo foi informado que Burity teria atacado a honra do seu filho, Cássio Cunha Lima, hoje senador. Não mediu esforços. Foi ao restaurante Gulliver, em João Pessoa, onde Burity almoçava na companhia de amigos, e deu três tiros no rosto do adversário.

Adelson Barbosa dos Santos (Estado PB)

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