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NO CORREDOR DA MORTE

Médico indonésio pede internação imediata de brasileiro

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publicado em 12/02/2015 às 09h24
atualizado em 12/02/2015 às 06h25

Um laudo feito por um médico indicado pelo governo da Indonésia recomenda a internação imediata em um hospital psiquiátrico do brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte na Indonésia por tráfico de drogas, informou nesta quarta-feira (12) a família do brasileiro.

Gularte, de 42 anos, foi condenado à pena máxima em 2005 por ingressar na Indonésia com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surf.

Segundo Marlise Gularte de Carvalho, de 51 anos, prima do brasileiro que acompanha o caso na Indonésia, o médico responsável pelo laudo esteve com Gularte na prisão nesta terça-feira (10).

“Ele confirmou o diagnóstico. Disse que ele está com esquizofrenia, recomenda que seja internado para tratamento”, disse Marlise. “Esse laudo já foi encaminhado para a embaixada da Indonésia em Brasília e para a chancelaria do país em Jacarta. Estamos aguardando a resposta.”

A internação de Gularte em uma clínica psiquiátrica é a esperança da família em adiar a execução. “Pela lei indonésia, uma pessoa que esteja com problema mental não é passível de execução, ela precisa entender o porquê da punição, o que não é o caso nesse momento”, disse Marlise, que acompanha o caso na Indonésia junto a outra prima e à mãe do brasileiro.

“Estivemos com ele hoje. Dentro do quadro da doença ele está confuso, está atrapalhado, fala algumas coisas que não têm nexo. Não tem noção do que está acontecendo, a doença não permite isso”, contou Marlise, que também afirmou que Gularte está “muito magro e debilitado”.

O governo da Indonésia revelou no fim de janeiro ter colocado em andamento um plano para executar outros 11 presos no corredor da morte do país. Segundo a imprensa indonésia, Gularte estaria na lista. As execuções poderiam ocorrer na última semana de fevereiro.

Segundo Marlise, a família ainda não recebeu nenhuma indicação de uma possível data para a execução de Gularte.

Avaliação médica
A avaliação foi solicitada pelas autoridades locais após o governo brasileiro apresentar um diagnóstico de psicose paranoica do preso e solicitar sua internação em um hospital psiquiátrico. O objetivo é ter a avaliação de um profissional que não esteja ligado à defesa do condenado.

Este foi o segundo médico do governo que avaliou Gularte – no fim de janeiro, uma médica esteve com o brasileiro e solicitou auxílio de outro psiquiatra para elaborar o diagnóstico.

Após o novo encontro, que ocorreu nesta terça, o segundo médico elaborou o laudo que recomenda a internação.

Com isso, o governo brasileiro espera conseguir adiar a execução de Gularte.

Anteriormente, a embaixada brasileira em Jacartaafirmou que o advogado do brasileiro é enfático ao afirmar que não se pode executar um prisioneiro na Indonésia se ele não estiver em plenas condições físicas e mentais. Estando internado e com tratamento em andamento, teoricamente ele não poderia ser executado.

A diplomacia brasileira indicou que pretende seguir trabalhando até “esgotar todas as possibilidades de comutação da pena de Rodrigo Gularte permitidas pelo ordenamento jurídico da Indonésia”.

No dia 18 de janeiro, a Indonésia fuzilou seis condenados por tráfico de drogas, entre eles o brasileiro Marco Archer Cardoso. Após o fuzilamento, a presidente Dilma Rousseff – que tentou em vão salvar a vida dele – chamou para consultas o embaixador brasileiro em Jacarta para manifestar seu repúdio à execução. O corpo de Marco Archer foi cremado na Indonésia.

G1

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