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Fake news: especialistas veem punição branda

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publicado em 04/06/2018 às 22h45
atualizado em 05/06/2018 às 08h19
Especialistas debatem 'Fake News' no Frente a Frente, da TV Arapuan

Especialistas debatem ‘Fake News’ no Frente a Frente, da TV Arapuan

Com potencial para alterar o resultado de uma eleição, as ‘fake news’ foram tema de debate com especialistas no programa Frente a Frente, da TV Arapuan, nesta segunda-feira (04). A legislação branda e a velocidade de propagação de notícias por meio de redes sociais foram alguns dos problemas apontados pelos especialistas.

O juiz Antônio Carneiro, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB) revelou que a Justiça Eleitoral se prepara e aposta na força do eleitorado na hora de procurar a verdade e checar se a notícia é de procedência ou não. Ele frisou que a justiça não subestima a força das redes sociais e tem em mente que uma fake news pode acabar com uma candidatura, um partido ou um candidato em um curto espaço de tempo.

“Vamos investir na educação. O eleitorado precisa saber que esse fenômeno existe, mas que deve procurar a verdade e como se proteger. Antes de punir temos que investir muito em prevenção”, afirmou, revelando que na Paraíba há uma série incontável de fake news propagadas. Segundo ele, a mídia digital vai ser o grande diferencial das eleições, no entanto, aposta na visão crítica do eleitor. “Ele não é tão ingênuo quanto pensamos”, acrescentou.

O magistrado reconheceu que a punição é branda no caso das fake news, com pena máxima de dois anos de detenção, podendo o responsável não passar um dia sequer atrás das grades, em virtude dos benefícios previstos na legislação.

O professor doutor em Filosofia pela Universidade Rio Grande do Norte, Bruno Ribeiro, relacionou as falsas notícias com a dissonância cognitiva, quando você é impulsionado a ler conteúdo relacionado ao que você unicamente deseja e pensa. “Eu não quero saber se a notícia é falsa ou verdadeira se ela me interessa”, explicou. Ele ainda citou a agilidade de compartilhamento de informações nas redes sociais como um dos fatores para propagação de fake news.

“O problema hoje em dia é que se começou a perceber, inclusive Facebook e Google passaram a monitorar, que  há um uso politico disso. Há grupos que fabricam, se aproveitando desse contexto onde as pessoas estão descomprometidas com a realidade tal qual ela é, para utilizar isso aí”, explicou o doutor. Ele lembrou que nas últimas eleições para Presidência da República isso ocorreu, inclusive com uso de robôs.

Por sua vez, o presidente da Caixa de Assistência aos Advogados, Carlos Fábio, afirmou que a propagação das fake news é algo que preocupa os profissionais do Direito. Ele aproveitou para cobrar celeridade à Justiça Eleitoral não punição aos propagadores de notícias falsas. “Uma notícia falsa corre dez vezes mais rápido que uma verdadeira. Então temos que cobrar que o Judiciário seja eficaz e célere”, frisou. Para ele, a principal forma de combater as fake news é investir na prevenção.

Graduado em Marketing e especialista em redes sociais, Felipe Félix alertou para o ‘estrago’ que uma fake news pode causar ao processo eleitoral e destacou que existem mais de 100 milhões de contas ativas no Facebook e outras 50 milhões no Instagram. “Além disso quase todo brasileiro tem whatsapp”, lembrou. Para ele, as redes sociais serão fundamentais nas eleições deste ano.

“Alguns candidatos entenderão que é um ambiente para construção de imagem, talvez outro pense que uma punição branda pode compensar o estrago que ele fará com uma fake news na candidatura de um oponente. O estrago que se pode fazer é muito grande e o que se faz para consertar isso talvez não chegue com a mesma intensidade que a falsa notícia”, avaliou, apelando também para o bom senso do eleitorado.

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