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Campanha eleitoral de Lula foi feita com Caixa 2

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publicado em 05/02/2018 às 17h49
atualizado em 05/02/2018 às 16h12

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações em primeira instância da Operação Lava Jato, começou a ouvir nesta segunda-feira (5) os depoimentos sobre o processo do Sítio de Atibaia, que tem como réu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os delatores condenados na operação, os marqueteiros Mônica Moura e João Santana, foram os primeiros a prestar esclarecimentos.

A publicitária Mônica Moura afirmou que, dos R$ 18 milhões da campanha de reeleição de Lula, em 2006, R$ 10 milhões foram pagos por caixa 2. E fez questão de reforçar que a forma de pagamento era imposta pelo partido.

“O caixa 2 era opção absolutamente deles… nós, nos últimos anos, desde que a gente começou, eu consegui cada vez mais aumentar o valor do caixa 1. Claro que era mais caro, nas era muito mais seguro, era menos risco, não tinha que carregar mala de dinheiro para lugar nenhum”, argumentou.

Sobre a prática de caixa 2, Mônica Moura reafirmou a Moro:

“Não existe campanha política no Brasil sem dinheiro não contabilizado, o caixa 2, não se faz. Se alguém disser que faz não está falando a verdade”, disse.

Palocci propôs caixa 2 no exterior

Já o marqueteiro João Santana revelou detalhes sobre os bastidores das negociações dos pagamentos “não contabilizados” que recebeu durante a campanha de reeleição de Lula. E afirmou que, num primeiro momento, chegou a exigir de Palocci que, naquela campanha, não houvesse caixa 2.

“Quando estava para se negociar o contrato, eu falei com o Palocci que, tendo em vista a crise que eles tinham vivido (o escândalo do mensalão), era fundamental que essa campanha não tivesse caixa 2”, disse.

Segundo João Santana, num primeiro momento Palocci teria concordado com o pedido, mas mudou os planos meses depois, propondo uma “forma segura” para receber os valores; a abertura de uma conta no exterior.

“Ele concordou num primeiro momento, Palocci (com seu jeito) diplomático e jeitoso de ser. E no decorrer sentou com a Mônica e disse que teria dificuldades de se cumprir tudo”.

Sítio de Atibaia

De acordo com a denúncia do MPF, o ex-presidente Lula seria responsável por comandar “uma sofisticada estrutura ilícita para captação de apoio parlamentar, assentada na distribuição de cargos públicos na Administração Pública Federal” e teria recebido cerca de R$ 870 mil em vantagens indevidas em forma de reformas, construção de anexos e outras benfeitorias no Sítio de Atibaia.

Além de Lula, o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht; o dono da OAS, Léo Pinheiro; o pecuarista José Carlos Bumlai; e mais nove foram denunciados na mesma ação penal. Todos são acusados de lavagem de dinheiro e corrupção ativa ou passiva.

O ex-presidente foi denunciado em maio de 2017 e tornou-se réu em agosto do mesmo ano.

Processo

O juiz começa ouvindo as testemunhas de acusação e, em seguida, ouve as testemunhas de defesa. Segundo Moro, os advogados do ex-presidente Lula arrolaram 59 pessoas para prestar depoimento.

Os réus são os últimos a serem ouvidos.

UOL

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