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Cunha depõe na PF e nega que ‘vendeu silêncio’

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publicado em 14/06/2017 às 13h44

O deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prestou um depoimento de cerca de 1h30 na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, nesta quarta-feira (14). Ele chegou ao local por volta das 10h para depor no inquérito que investiga o presidente da República Michel Temer (PMDB).

O depoimento estava marcado para as 11h, e Cunha entrou em uma das salas às 11h15. Segundo o advogado dele, Rodrigo Rios, foram feitas 47 perguntas ao deputado cassado e ele respondeu as que eram relacionadas ao conteúdo da delação dos donos do frigorífico JBS, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na delação, o empresário Joesley Batista entregou a gravação de uma conversa com Temer na qual afirma que o presidente deu aval para que ele continuasse pagando Cunha, preso na Operação Lava Jato, para que o ex-deputado ficasse em silêncio e não fizesse um acordo de delação.

Ao deixar a PF, o advogado de Cunha, Rodrigo Rios, disse que o ex-deputado reafirmou que “o silêncio dele nunca esteve à venda” e que nunca foi procurado por Temer ou interlocutores do presidente para comprar o silêncio dele. “Ele negou categoricamente”, disse Rios.

Segundo Rios, Cunha não respondeu os questionamentos relacionados ao suposto recebimento de propina por parte de empresas interessadas em obter empréstimos do Fundo de Investimentos do FGTS, por ser um tema que não faz parte do inquérito que investiga Temer.

O advogado de Cunha afirmou que o ex-deputado prestou depoimento como declarante.

Condenado pela Operação Lava Jato a 15 anos de reclusão, Eduardo Cunha está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele foi preso em outubro de 2016.

Acesso aos depoimentos

Na terça (13), a defesa de Eduardo Cunha pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso às gravações que integram a investigação sobre Michel Temer antes de depor à Polícia Federal sobre o caso.

Eduardo Cunha, porém, queria ter acesso ao material da investigação com 48 horas de antecedência para poder responder às perguntas com ampla defesa – o que poderia adiar o depoimento, caso o pedido fosse aceito pelo Supremo.

Em março deste ano, Michel Temer foi gravado pelo dono da JBS, Joesley Batista, numa conversa em que, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), deu aval para pagamentos a Cunha com o objetivo de convencer o ex-deputado a não fechar acordo de delação premiada.

O presidente nega as acusações, diz que não teme delações e afirma que jamais atuou para beneficiar a JBS no governo.

Em uma carta escrita da prisão, Cunha afirmou que não teve o silêncio comprado e que nunca pediu nada a Temer.

Nesta semana, o ministro Edson Fachin concedeu cinco dias para a PF concluir o inquérito sobre Temer, prazo que vence na segunda-feira (19).

Depois, se avaliar que há provas contra o presidente, caberá à PGR oferecer uma denúncia; caso contrário, poderá pedir o arquivamento do caso.

G1

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