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PGR vê ‘anuência’ de Temer para propina

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publicado em 19/05/2017 às 13h04

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou, em pedido de investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF), que houve “anuência” do presidente Michel Temer ao pagamento de propina mensal para o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por parte de um dos donos da JBS, Joesley Batista.

Na noite do último dia 7 de março, Joesley Batista, delator da Operação Lava Jato, teve um encontro com Temer no Palácio do Jaburu, em Brasília, e, com um gravador escondido, registrou a conversa.

A expressão “anuência” encontra-se na narrativa desse encontro feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) e integra o inquérito já autorizado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar o presidente.

“Os interlocutores tratam do ex-deputado Eduardo Cunha. Joesley afirma que tem procurado manter boa relação com o ex-deputado, mesmo após sua prisão. Temer confirma a necessidade dessa boa relação: ‘tem que manter isso aí, viu’. Joesley fala de propina paga ‘todo mês, também’ ao Eduardo Cunha, acerca da qual há anuência do presidente”, diz o relato oficial registrado pela PGR.

O trecho do diálogo em entre Temer e Batista com a referência a Eduardo Cunha é o seguinte, conforme a gravação:

  • Joesley Batista: Agora… o negócio dos vazamentos. O telefone lá [inaudível] com o Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, e não sei o que. Eu estou lá me defendendo. Como é que eu… o que é que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo, ok…
  • Temer: Tem que manter isso, viu… [Inaudível]
  • Joesley: Todo mês. Também. Eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado aqui no processo, assim [inaudível]…

No documento, divulgado nesta sexta-feira (19) pelo STF, Janot diz que o pagamento de propina a Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, mesmo depois de presos, tinha como “motivação principal” garantir o silêncio deles ou, ao menos, a combinação de versões sobre irregularidades.

“Eduardo Cunha, ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados, era do mesmo partido do presidente da República, PMDB, e se tornou pública a tentativa de Cunha arrolar o presidente da República como uma de suas testemunhas, fato reconhecido pelo próprio presidente como uma tentativa de constrange-lo. Depreende-se dos elementos colhidos o interesse de Temer em manter Cunha controlado”, explica Janot mais adiante.

G1

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