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“Fui tratado como criminoso”, diz Muntari após caso de racismo

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publicado em 06/05/2017 às 11h03

O meia gabês Suelley Muntari, do Pescara, afirmou neste sábado que se sentiu “isolado e irritado” nos últimos dias após a polêmica gerada pelo caso de racismo que sofreu contra o Cagliari, no último domingo, pelo Campeonato Italiano. O atleta chegou a ser suspenso por um jogo por ter abandonado a partida (foi expulso por receber o segundo cartão amarelo), mas a federação local acabou cancelando a pena e o africano poderá defender seu clube contra o Crotone, domingo.

– Eu sinto como se alguém finalmente me ouviu. Os últimos dias foram muito difíceis para mim. Eu me senti irritado e isolado. Eu fui tratado como um criminoso. Como eu poderia ter sido punido quando eu fui a vítima do racismo? Espero que meu caso ajude outros jogadores a não sofrerem como eu. Espero que isso seja um ponto de virada na Itália e mostre ao mundo o que significa lutar por seus direitos. Foi uma importante vitória para mandar uma mensagem que não há lugar para racismo no futebol, nem na sociedade em geral – disse o ganês ao site da FIFPro, o sindicato mundial dos jogadores profissionais.

Ao longo da semana, o ganês ganhou o apoio de entidades importantes no futebol mundial – e também da autoridade mais notável do esporte na Itália: o ministro do Esporte Luca Lotti. De acordo com a “Sky Sport Italia”, o político solicitou uma reunião com o jogador do Pescara. Na última terça-feira, um julgamento manteve a suspensão do meia, o que gerou novas manifestações contra a decisão.

Após a partida de domingo, a FIFPro saiu em defesa de Muntari, que também ganhou o apoio da ONU e do cônsul de Gana na Itália, que visitou o jogador. O caso ganhou maior repercussão pela punição aplicada pela federação italiana por conta da expulsão do ganês, que recebeu o segundo cartão amarelo quando deixou o gramado.

Muntari ouviu ofensas vindas da torcida do Cagliari no estádio Sant’Elia e imediatamente foi até o árbitro Daniele Minelli relatar o preconceito. Agitado, o ganês recebeu um cartão amarelo. Revoltado, o ganês deixou o gramado aos 44 minutos do segundo tempo e deixou seu time com um jogador a menos. O juiz aplicou um novo cartão amarelo, levando à expulsão do atleta – que foi suspenso por um jogo pela federação italiana. Na última sexta, a Corte Esportiva da federação cancelou a pena.

O Cagliari, por sua vez, não foi punido pelo mau comportamento de sua torcida. A alegação do tribunal foi a quantidade de torcedores que protagonizaram os gritos racistas. De acordo com os relatórios, os cantos eram realizados por cerca de 10 torcedores, o que corresponderia a menos de 1% do público no estádio. Ainda de acordo com os relatos, eles só puderam ser ouvidos porque a torcida fazia um protesto silencioso naquele momento.

Globo Esporte

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