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Paraibano precisa ir a outros estados para transplantes

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publicado em 24/04/2017 às 16h46
atualizado em 24/04/2017 às 17h02

Além da luta pela vida e contra o tempo, quem precisa de uma transplante de órgão na Paraíba precisa enfrentar as deficiência de uma rede de captação que não funciona plenamente, conforme entidades representativas. Assim como o apresentador Jota Júnior, que faleceu na madrugada desta segunda-feira (24) enquanto aguardava um transplante de pulmão, vários paraibanos deixam casa e família para tentar aumentar as chances de conseguir um órgão e sobreviver.

O principal destino é o estado de Pernambuco, principalmente para os que estão na fila de espera por uma fígado. Apesar da Paraíba possuir um hospital credenciado para realizar transplantes deste tipo, a rede de captação de órgãos é deficitária, segundo entidades.

No ano passado, foram realizados dois transplantes de fígado no estado, mas este ano nenhum procedimento foi realizado por enquanto, segundo a Associação Paraibana de Transplantados e Familiares (Apheto).

“O último relatório da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) tínhamos quatro pacientes na lista de espera. O grande problema é que quem precisa de uma fígado não fica muito tempo na fila, porque não resiste. O transplante é o mais complexo procedimento a que um ser humano pode ser submetido e o paciente precisa permanecer estável na fila. Quanto maior tempo na fila menores são as chances de sobrevivência”, afirmou ao Portal MaisPB Danielle Paiva, presidente da Apheto.

Ela explica que os pacientes que possuem condições financeiras para arcar com os custos de uma permanência em outro estado se inscrevem na lista de espera do estado de Pernambuco. “Como nós temos um hospital credenciado, o Estado não teria a obrigação de arcar com estes custos”, frisou.

O grande desafio para quem permanece na fila de espera da Paraíba é o pleno funcionamento da Central de Transplantes e toda a rede que a envolve. “A Central tem que ser mais atuante, precisamos ter uma equipe médica de sobreaviso para os casos de morte encefálica que ocorrerem no estado. Precisamos de uma rede que funcione plenamente”, destacou.

Além de Pernambuco, outro destino dos paraibanos que necessitam de transplante é a cidade de Fortaleza, no Ceará, onde também são realizados transplantes de coração e pulmão, procedimentos que não possuem hospital credenciado na Paraíba. “Neste caso fica mais fácil para o paciente entrar com uma ação contra o Estado para que arque com os custos”, avaliou.

João Pessoa e Campina Grande realizam transplante de rim

Hospital da FAP, em Campina Grande, realiza transplantes de rim

Na Paraíba, os transplantes de rins são feitos nos municípios de João Pessoa e Campina Grande. O procedimento começou a ser realizado este ano na Capital, em um hospital particular. Conforme Carlos Roberto Lucas, presidente da Associação dos Pacientes Renais e Transplantados, o serviço ameniza a situação de pacientes que precisavam se deslocar até Campina Grande para fazer a preparação do transplante.

“Quase 70% dos pacientes renais não tem boa situação financeira”, pontuou. Assim com a presidente da Apheto, Lucas destaca que a captação de órgãos na Paraíba é deficitária.

“Estamos em um patamar muito baixo. O sistema apresenta sérios problemas. Falta entendimento entre os médicos que fazem a captação e o Governo. A equipe médica precisa ser ágil na captação, é algo que ainda precisa melhorar muito”, destacou.

Conforme a Secretaria de Estado da Saúde, nas cidades de João Pessoa, Campina Grande e Sousa são realizados transplantes de córneas.

Secretaria de Saúde garante normalidade da rede de captação

Coordenadora da Central de Transplante, Gyanna Lys Montenegro (Foto: divulgação/Secom-PB)

Em entrevista ao Portal MaisPB, a coordenadora da Central de Transplantes, Gyanna Lys Montenegro, garantiu a normalidade da captação de órgãos na Paraíba. Ela explicou que a captação é feita por equipes transplantadoras específicas.

A coordenadora afirma que o primeiro órgão a ser captado é o coração. “Em alguns situações

existe uma incompatibilidade de horário das equipes que captam os outros órgãos, mas nenhum órgão deixa de ser captado na Paraíba. Se por algum motivo a equipe da Paraíba não estiver disponível, a Central de Transplantes entra em contato com o Ministério da Saúde que envia uma equipe de outro estado para fazer a captação”, explicou Gyanna Montenegro.

Sobre a relação entre o número de captação de órgãos e o quantitativo de equipes transplantadoras no estado, Gyanna explicou que somente o aumento no número de doadores de órgãos pode ampliar a quantidade de captações. “A captação poderia aumentar a partir do aumento de doações, mas ocorre que é identificada a morte encefálica do paciente, mas a família não quer doar os órgãos”, afirmou.

Segundo ela, para que a Paraíba volte a realizar transplante de coração e passe a fazer transplantes de pulmão, por exemplo, é necessário que uma equipe transplantadora e um hospital tenham interesse em fazer os procedimentos. Com base nesse interesse, a Central de Trasplantes encaminha a solicitação para o Ministério da Saúde que, por sua vez, realiza uma auditoria para verificar se a unidade hospitalar está habilitada.

MaisPB

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