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Ordem para rebelião em Manaus partiu de presídio de segurança máxima

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publicado em 09/01/2017 às 09h25
atualizado em 09/01/2017 às 06h27
 A ordem para a rebelião que resultou no massacre de 56 detentos no Complexo Anísio Jobim, em Manaus (AM), na semana passada, foi dada a mais de 2 mil quilômetros de distância, no presídio federal de segurança máxima de Campo Grande (MS). A informação divulgada pelo Fantástico, da TV Globo, é de autoridades federais e estaduais.

É no presídio em MS que estão encarcerados os chefes da facção criminosa que controla o tráfico de drogas na região Norte do Brasil. O principal deles aparece em imagens obtidas pela Polícia Federal. O traficante José Roberto Fernandes Barbosa, de 44 anos, é conhecido no mundo do crime como Zé Roberto da Compensa.

Ele foi preso na Operação La Muralla, em 2015, com mais 16 chefes da facção. Eles foram mandados para para prisões federais fora do Amazonas, no Regime Displinar Diferenciado (RDD), em que o criminoso fica em isolamento.

Os chefes continuam presos, mas passaram a ter direito a visitas. Segundo as autoridades, a ordem que chegou a Manaus foi executada por bandidos do terceiro escalão da quadrilha, para matança de presos de uma facção rival, da região Sudeste, que estaria em disputa com a quadrilha amazonense pelo controle do tráfico na região Norte.

O presídio fica localizado em uma área estratégica: a rota do Solimões, por onde é escoada a droga produzida no Peru e na Colômbia, maiores produtores mundiais de cocaína. A rota pelo rio é um dos prinicipais corredores do tráfico no Brasil e é um esconderijo.

“Basicamente o que a gente tem conhecimento é a utilização de saída da calha principal do rio, utilizando igarapés, furos e utilizando a navegação no período noturno”, afirmou o capitão dos portos de Tabatinga (AM), Rogério Amorim. O Rio Solimões tem 1,6 mil quilômetros, entre a cidade na Tríplice Fronteira e Manaus.

A rebelião ocorreu no domingo (1º), dia de visita das famílias. Um policial que estava de plantão no presídio contou ao Fantástico que percebeu sinais de que algo estava errado quando os detentos pediram para os parentes deixarem o presídio.

“A gente começou a perceber porque os presos começaram a ordenar que as visitas saíssem mais breve possível. ‘Acabou a visita, acabou a visita, vamo, bóra, bóra bóra'”, afirmou, sem querer ser identificado.

Segundo o policial militar, armas, celulares e drogas entram no presídio sem nenhum controle. Imagens de 2013 mostram os presos formando fila para consumir cocaína dentro do complexo.

No vídeo, é possível ver que não há nem a preocupação de se esconder. Os homens olham pra câmera, brincam, se drogam e voltam pra fila. As armas teriam entrado pelo mesmo caminho que as drogas: o regime semiaberto.

“O complexo Anísio Jobim tem um ponto vulnerável. Se você vê esse muro aqui, essa parte aqui é o semiaberto, tudo, até lá atrás, e é colado com o fechado. O semiaberto tem arma, tem munição, tem droga, o semiaberto tem tudo. O semiaberto é como se fosse um fornecedor para o regime fechado”.

G1

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