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Hospital do Rio de Janeiro tem corpos fora da geladeira em necrotério

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publicado em 06/01/2017 às 12h58

O hospital Rocha Faria, na Zona Oeste do Rio, está com condições precárias de atendimento. Além da falta do ar condicionado em salas onde os pacientes são atendidos, o necrotério da unidade tem corpos fora da câmara de refrigeração.

Segundo os acompanhantes dos pacientes, mais de 30 pessoas ficam na mesma sala sem refrigeração. Em entrevista ao RJTV, o marido de uma paciente internada na Sala Amarela do hospital classificou a situação como desumana.

“Ela [a mulher] tem falta de ar também, está se abanando com papelão eu perguntei se pode trazer ventilador, me falaram que não pode. A gente está na mão dessas pessoas que parecem que não são humanas”, disse o homem, que não quis ser identificado.

Acompanhantes de outros pacientes contaram ainda que tem pessoas vítimas de queimadura que também aguardam no calor.

“Minha mãe foi internada na seção que é a sala amarela, tinha em torno de 31 pacientes, inclusive pacientes que já tinham feito cirurgia e estavam junto com os outros. Havia um banheiro pra uso das pessoas e ele estava entupido, relatou a professora Patrícia Matos.

A chuva que amenizou um pouco o calor na cidade nesta quinta-feira (5) trouxe mais transtorno que alívio para quem está no Rocha Faria.

“Choveu essa noite dentro do hospital. Está cheio de goteira, choveu no banheiro, entrou água no hospital. Nós estamos transferindo minha mãe daqui, tem três dias que ela está internada, foi feito o possível, mas não tem como atender todo mundo. Cheiro ruim, cheiro desagradável porque é muita gente junto, sem higiene, no calor”, reclamou a auxiliar de enfermagem Dalva Matos.

Pacientes e funcionários da unidade médica denunciam também falta de higiene no necrotério. Um vídeo feito no local mostra dezenas de corpos fora da câmara frigorífica. Além disso, por causa da demora na liberação dos corpos, carros de funerárias fazem fila pra esperar na porta do hospital.

Em junho do ano passado, o RJTV já havia mostrado situação caótica no Hospital Rocha Faria. Na ocasião, havia 63 corpos dentro do hospital fora das geladeiras. Uma das câmaras frigoríficas não estava funcionando e servia de depósito. O Ministério Público fez uma vistoria e, depois da denúncia, os corpos foram liberados para o sepultamento.

O Rocha Faria é uma das principais unidades de saúde da Zona Oeste do Rio. A unidade faz 11 mil atendimentos por mês. Ela foi municipalizada há um ano, por causa da crise financeira do governo do estado. Por causa da situação caótica em que se encontra, muita gente que procura atendimento por lá está sendo encaminhada para outros hospitais da cidade.

“Eu estava passando mal da minha trombose. Eu fui no medico e ele me mandou internar. Daí eu perguntei ‘em qual hospital”. Ele me mandou ir para o de Santa Cruz. Mas, por quê, se eu moro em Campo Grande?”, contou a dona de casa Nesia Mendes.

A direção do hospital disse que está atendendo 40% de pacientes a mais que a capacidade. Por isso, está priorizando os casos mais graves. Ainda segundo a direção, o problema no ar condicionado está sendo resolvido e até o fim do dia o hospital estará com a temperatura adequada.

A direção do hospital disse também que não recebeu nenhuma reclamação sobre a limpeza. Sobre o necrotério, a Organização Social Iabas disse que os corpos estão prontos para sepultamento, mas muitas famílias não providenciaram a retirada porque dizem que não podem arcar com os custos do enterro e dependem da justiça pra conseguir isso.

G1

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