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Inteligência dos EUA tentam convencer Trump dos ciberataques russos

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publicado em 06/01/2017 às 11h55
atualizado em 06/01/2017 às 09h08

Os chefes de inteligência americanos se reúnem nesta sexta-feira (6) com o cético presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para tentar demonstrar a ele que a Rússia interferiu nas eleições hackeando e-mails de líderes democratas.

A reunião será realizada em um ambiente de alta tensão entre os chefes de inteligência e seu futuro presidente, que questionou os relatórios de que Moscou inclinou as eleições a seu favor.

“Espero que quando o presidente eleito receber seus próprios relatórios e puder examinar a inteligência, à medida que sua equipe se reunir e observar como estas agências são profissionais e efetivas, algumas destas tensões atuais diminuam”, disse o presidente Barack Obama na quinta-feira à filial da NBC de Chicago.

Depois que Trump expressou suas primeiras dúvidas no início de dezembro, Obama ordenou à comunidade de inteligência que preparasse um relatório completo sobre a interferência e os ciberataques russos nas eleições americanas de novembro.

Obama recebeu o relatório na quinta-feira e os chefes de inteligência planejam apresentá-lo a Trump nesta sexta-feira.

No encontro com Trump está previsto que participem James Clapper, diretor de inteligência nacional; o chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA), Mike Rogers; o diretor do FBI (a polícia federal), James Comey; e o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), John Brennan.

“Muita confiança”

Clapper disse na quinta-feira ante o Comitê de Serviços Armados do Senado que tem “muita” confiança nas provas coletadas.

“Os russos têm uma longa história de interferência nas eleições, nas suas e nas de outros povos”, afirmou. “Mas nunca havíamos encontrado uma campanha tão direta para interferir com o processo eleitoral como vimos neste caso”.

“Tratou-se de uma campanha polifacetada” na qual os ciberataques foram “apenas uma parte, já que também incluía propaganda clássica, desinformação e notícias falsas”, disse Clapper.

Clapper e Rogers, junto ao subsecretário de Defesa para Assuntos de Inteligência, Marcel Lettre, disseram em um testemunho apresentado por escrito que “apenas os mais altos dirigentes russos poderiam ter autorizado” esta operação, durante a qual os hackers roubaram arquivos e e-mails do Partido Democrata.

Estes arquivos foram publicados através do WikiLeaks, prejudicando a imagem do partido e minando os esforços de campanha da candidata democrata Hillary Clinton.

“A Rússia assumiu claramente uma postura mais agressiva ao aumentar as operações de ciberespionagem, vazaram os dados roubados nestas operações e atacaram sistemas críticos de infraestrutura”, disse Clapper.

Dúvidas de Trump

Trump, que prometeu uma aproximação com o governo do presidente Vladimir Putin quando assumir o poder, em 20 de janeiro, questionou repetidamente estas afirmações.

O magnata republicano zombou no Twitter dos erros anteriores de inteligência da CIA, do FBI e de outras agências, e desafiou seus chefes a provar que os ciberataques e os vazamentos são provenientes do governo de Putin.

Na noite de quinta-feira, Trump voltou a perguntar “como e por que eles estão tão certos sobre o ciberataque”, afirmando que o Comitê Nacional Democrata impediu o FBI de ter acesso aos seus servidores. O site BuzzFeed News afirmou que, de fato, o FBI nunca pediu para examiná-los.

Um funcionário familiarizado com o relatório disse à rede CNN que os intermediários que entregaram os e-mails roubados pela Rússia ao WikiLeaks foram identificados.

Além disso, as agências de inteligência americanas interceptaram comunicações de funcionários russos de alto escalão que diziam ter celebrado a vitória de Trump como uma vitória para Moscou, segundo o jornal Washington Post.

Uma versão desclassificada do relatório apresentado ao presidente – com detalhes sensíveis apagados – será publicada na próxima semana.

“Acredito que o público deve saber tudo o que for possível”, disse Clapper.

No entanto, a muito antecipada audiência de quinta-feira no Senado não ofereceu novas evidências para apoiar as acusações contra a Rússia.

Quando os senadores pediram que fornecesse mais provas, Clapper repetidamente indicou que não podia fazer isso em público, porque poderia prejudicar as fontes e operações da comunidade de inteligência.

G1

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