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Ex-jogador da Chapecoense revela sonhos com queda de avião

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publicado em 01/12/2016 às 06h09
atualizado em 01/12/2016 às 07h46
Soares fez parte da campanha que levou a Chapecoense à Série A, em 2013 (Foto: Aguante Comunicação/Chapecoense)

A tragédia com o voo 2933 da LaMia, que caiu na Colômbia matando 71 pessoas, entre elas quase todo o time da Chapecoense que disputaria a final da Copa Sul Americana, comoveu e chocou pessoas ao redor de todo o mundo. Mas para o jogador amazonense Soares, ex-atacante da Chape e amigo pessoal de Bruno Rangel, maior artilheiro da história do clube e uma das vítimas fatais do acidente, o impacto foi muito maior. O jogador afirma que sonhou com um acidente de avião duas vezes em menos de uma semana, sendo o última deles na noite em que a aeronave da LaMia caiu em solo colombiano.

– Sexta-feira passada tive um sonho em que estava caindo um avião. Na hora, até repreendi, pedindo a Deus que não acontecesse nada com nenhuma companhia aérea e voltei a dormir. Na terça-feira, por volta de 5h30 da manhã eu acordei assustado e até acordei minha esposa, que me viu chorando e perguntou o que tinha acontecido. Falei que tinha sonhado de novo com o avião caindo e ela disse para eu orar e ir dormir que era só mais um sonho. Por costume, peguei meu telefone, que estava carregando, para ver as mensagens e tinha mais de quinhentas do pessoal perguntando como eu estava, se estava bem, porque muitos deles pensavam que eu ainda estava na Chapecoense. Quando vi uma reportagem dizendo que o avião da Chapecoense tinha caído foi um choque. Acordei minha esposa e disse que não tinha sido um sonho. Ali o mundo caiu para mim. Chorei muito, pensei em todos os meus amigos ali, incluindo membros da diretoria. Comecei a me desesperar, tentando ligar para os parentes – relatou.

Segundo Soares, ao saber que o mórbido sonho tinha se concretizado de uma maneira tão cruel, as primeiras reações foram de choque, desespero  e incredulidade. O jogador atualmente mora em Florianópolis com a mulher e o filho. Com passagens por Figueirense, Fluminense, Cruzeiro, Ponte Preta, Grêmio e vários outros clubes Brasil afora, ele fez parte do elenco da Chapecoense em 2013, quando conheceu Bruno Rangel, um dos amigos que fez no clube.

O jogador conta ainda que já teve outros sonhos parecidos, envolvendo parentes e amigos, mas nunca tinha passado pela experiência que viveu nesta terça-feira.

– Sempre que sonho com alguém procuro ligar para saber se está tudo bem. Já sonhei com meus irmãos, com minha mãe, amigos, e sempre ligava no outro dia dizendo o que eu tinha sonhado. Infelizmente sonhei com isso e me desesperei na hora, quando li a mensagem dizendo que o avião tinha caído. Nunca imaginaria que era o avião da Chapecoense. Chorei o dia inteiro. Está sendo difícil absorver tudo isso – contou.

O atacante, que estava jogando em um clube do interior de Santa Catarina, o Hercílio Dias, conta que mesmo depois que ele saiu da Chapecoense, a amizade com Bruno Rangel seguiu firme.

– Era bem próximo do Bruno Rangel. A filha dele e o meu filho estudavam no mesmo colégio e a gente sempre estava junto. Além dos encontros que o clube promovia reunindo os familiares dos jogadores, procurávamos sair em outro dia da semana, porque tivemos uma amizade muito forte – disse.

Além tentar entender o que aconteceu, Soares conta que o mais difícil em um momento como esse é tentar explicar para quem não entende direito o que é a morte, como tudo foi interrompido de uma forma tão brusca, reiterando que pretende ir ao velório coletivo, em Chapecó.

– O mais difícil é explicar para os filhos o que aconteceu. Explicar para o meu filho, que adorava o “tio Bruno”, que ele não vai mais fazer gol, nem ser artilheiro. Estou pensando seriamente em ir ao velório, só estou vendo quando vai ser e um meio de ir. Como são apenas dois voos por dia, estamos pensando em sair de carro de Floripa para ir à Chapecó. A viagem dura mais ou menos nove horas – concluiu.

G1

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