João Pessoa, 21 de novembro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
conselhão

Michel Temer diz que ‘disfarçar verdade’ gerou crise gigantesca

Comentários: 0
publicado em 21/11/2016 às 14h39
atualizado em 21/11/2016 às 17h00
Presidente Michel Temer

O presidente da República, Michel Temer, reuniu nesta segunda-feira (21) no Palácio do Planalto – pela primeira vez em sua gestão – o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado “Conselhão”.

Ao discursar aos 96 integrantes do grupo – entre os quais o ator Milton Gonçalves, o ex-jogador Raí e o técnico da seleção de vôlei Bernardinho –, o peemedebista afirmou que a crise pela qual o país passa teve origem em uma tentativa “gigantesca” de “disfarçar a verdade”.

Ele falou ainda aos conselheiros que, ao assumir a Presidência, encontrou o país em uma situação na qual, além do déficit fiscal, havia “um certo déficit de verdade”, referindo-se a supostas tentativas de “ludibriar” a realidade.

Ao longo dos 42 minutos de discurso de abertura no encontro do “Conselhão”, Temer disse que só será possível vencer a crise se “trocarmos o ilusionismo pela lucidez”.

“No Brasil que nós encontramos, não havia apenas um déficit fiscal. Havia também, lamento dizer, um certo déficit de verdade, e não é possível continuar assim. A gigantesca crise que enfrentamos é, em parte, produto de tentativas de disfarçar a verdade”, declarou o peemedebista.

“Encarar a verdade muitas vezes é difícil. Mas, se você não encará-la, você irá ludibriar aqueles a quem nós servimos”, completou.

O presidente destacou aos conselheiros que, na opinião dele, é importante o governo contar com o apoio do Congresso Nacional para fazer as reformas necessárias para fazer o país voltar a crescer, entretanto, ele disse que isso não basta. Na avaliação do presidente, também é importante o apoio da sociedade.

“Precisa ter governo, precisa ter apoio político e precisa ter apoio da sociedade”, discursou.

Ao encerrar o encontro, Temer pediu que os conselheiros divulguem as ideias discutidas na reunião, por exemplo, em entrevistas e palestras, para que as propostas defendidas pelo governo entrem “no espírito e na alma” da população.

“Os senhores são ouvidos a todo momento. […] Peço que divulguem os discursos que se fizeram aqui nessa reunião. Isso vai entrando no espírito e na alma, deixando as pessoas animadas. Peço que façam propaganda, no sentido de propagar, o que foi debatido.”

Dos conselheiros, discursaram o publicitário Nizan Guanaes, a empresária Luiza Trajano e o cientista político Murilo Aragão. Guanaes, classificou de “fundamentais” as reformas propostas pelo governo Temer.

Ajuste fiscal
Ao se dirigir aos conselheiros, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que nenhum projeto de ajuste fiscal aplicado se revelou eficiente para contornar a situação financeira do Brasil e ressaltou que o déficit do país continua aumentando.

“Não há até agora nenhuma evidência de que os projetos de ajuste fiscal tenham funcionado até o momento. O resultado é um crescimento constante [das despesas]”, disse.

O titular da Fazenda ainda mostrou aos conselheiros como se encontra o déficit primário, os valores de cargas tributárias e citou projeções de despesas da Previdência Social se a reforma proposta pelo governo não for aprovada.

“Só para manter o déficit, seria necessário aumentar a carga tributária em 10% do Produto Interno Bruto (PIB). […] O que fazer então? Foco na contenção permanente de despesas e no aumento temporário de receita. Por exemplo, o programa de repatriação”, alegou.

Mulheres
Duramente criticado por ter montado um ministério sem mulheres quando assumiu a Presidência, Temer fez questão de ressaltar aos conselheiros que ele dobrou a representatividade feminina no “Conselhão” em comparação ao grupo que assessorava Dilma.

Atualmente, a única mulher no primeiro escalão do governo Temer é a advogada-geral da União, Gracie Mendonça.

Reforma da Previdência
No discurso de abertura, Temer ainda afirmou que enviará o texto da reforma da Previdência Social ao Congresso Nacional em dezembro. Para o presidente, o ajuste fiscal só estará completo com a proposta, que será uma “tarefa difícil”.

“Remeteremos ao Congresso Nacional no próximo mês, no fim do ano. Vamos tratar todos com igualdade. Ao fazermos a reforma, ampla e que dure por muito tempo, que [a proposta] faça o Brasil voltar a crescer e de forma justa. Não proporemos uma reforma da Previdência qualquer. Mas uma reforma que respeitará o direito adquirido e trará a equidade entre os setores da atividade pública, privada e política”, argumentou.

‘Conselhão’
A primeira parte do encontro com os conselheiros começou às 9h30 e se encerrou por volta das 12h30, para o intervalo do almoço.

O presidente oferecerá um almoço aos integrantes do “Conselhão” no Palácio da Alvorada. Ao final do banquete, os conselheiros retornarão para o Planalto para a segunda parte da reunião. A etapa final do encontro será comandada pelo chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Criado em 2003 no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o “Conselhão” é um órgão de assessoramento do presidente da República.

O “Conselhão” tem como função auxiliar o chefe do Executivo a elaborar políticas públicas capazes de fazer com que o país cresça economicamente e se desenvolva na área social. Cabe ao presidente da República escolher quem integrará o conselho.

A última vez que os conselheiros da Presidência foram convocado foi em janeiro deste ano, ainda na gestão de Dilma Rousseff.

Além dos conselheiros celebridades, o “Conselhão” de Temer é integrado por pesos pesados do empresariado, como Abílio Diniz (BRF), Claudia Sender (TAM), Jorge Gerdau (Gerdau), e Luiza Trajano (Magazine Luiza).

Também fazem parte do grupo de assessoramento dirigentes das principais entidades empresariais e industriais do país, como Robson Braga (Confederação Nacional da Indústria) e Paulo Skaf (Fiesp).

Apesar de não fazer parte do “Conselhão”, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), também participou do encontro no Palácio do Planalto.

O próximo encontro do “Conselhão” está marcado para 7 de março do ano que vem (veja ao final desta reportagem a lista completa dos integrantes do “Conselhão”).

Geddel
Apesar de ser um dos ministros mais próximos de Michel Temer e responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, o chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, não participou da reunião do “Conselhão” nesta segunda-feira.

Na última semana, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero acusou Geddel de tê-lo pressionado a liberar a construção de um empreendimento imobiliário em Salvador embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) e no qual o titular da Secretaria de Governo comprou um apartamento.

Segundo Calero, a postura do ex-colega foi o principal motivo que o levou a deixar a Esplanada dos Ministérios.

Além de Eliseu Padilha, também compareceram ao encontro do Conselhão os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Mendonça Filho (Educação).

A assessoria de Geddel informou que o ministro está voltando de Salvador, onde passou o final de semana, e deve dedicar a agenda nesta segunda-feira apenas a “despachos internos”.

Veja abaixo quem são os 96 integrantes do “Conselhão” de Temer:

– Abílio dos Santos Diniz
– Ana Maria Malik
– Ana Maria Martins Machato
– Andreia Cristina Brito Pinto
– Anielle Falcão Guedes
– Anna Maria Chiesa
– Antonio Fernandes dos Santos Neto
– Ariovaldo Santana da Rocha
– Armando Manuel da Rocha Castelar Pinheiro
– Benjamin Steinbruch
– Bernardo Rocha de Rezende
– Chieko Nishimura Aoki
– Claudia Sender Ramirez
– Claudio Luiz Lottenberg
– Clemente Ganz Lúcio
– Dan Ioschpe
– Dorothéa Fonseca Furquim Werneck
– Edson de Godoy Bueno
– Eduardo Eugênio Gouvea Vieira
– Eduardo Navarro de Carvalho
– Eliana Calmon Alves
– Elizabeth Maria Barbosa de Cavalhaes
– Fábio José Silva Coelho
– Francisco Carlos Teixeira da Silva
– Francisco Deusmar de Queirós
– Francisco Gaudêncio Torquato do Rêgo
– George Teixeira Pinheiro
– Germano Rigotto
– Gilberto de Almeida Peralta
– Gisela Batista
– Guilherme Afif Domingos
– Helena Bonciani Nader
– Humberto Eustáquio César Mota
– Jackson Medeiros de Farias Schneider
– Jaime Lerner
– Janete Ana Ribeiro Vaz
– João Carlos Di Gênio
– João Carlos Gonçalves
– João Carlos Marchesan
– João Martins da Silva Junior
– Joel Malucelli
– Jorge Gerdau Johannpeter
– Jorge Luiz Numa Abrahão
– Jorge Paulo Lemann
–  José Antonio Guaraldi Felix
– José Calixto Ramos
– José Carlos Rodrigues Martins
– José Márcio Antônio Guimarães de Camargo
– José Pereira de Oliveira Júnior
– José Roberto Rodrigues Afonso
– Josué Christiano Gomes da Silva
– Laércio José de Lucena Cosentino
– Lia Hasenclever
– Lino de Macedo
– Luiz Carlos Mendonça de Barros
– Luiz Carlos Trabuco Cappi
– Luiz Mona Yabiku Junior
– Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues
– Luzia Torres Gerosa Laffite
– Marcos Antonio de Marchi
– Marcos Antonio Molina dos Santos
– Marcus Vinicius Furtado Coêlho
– Maria Berenice Dias
– Marie Anne Van Sluys
– Marina Amaral Cançado
– Maria Freitas Gonçalves de Araújo Grossi
– Milton Gonçalves
– Mônica Baumgarten de Bolle
– Murillo de Aragão
– Nizan Mansur de Carvalho Guanaes Gomes
– Paula Alexandra de Oliveira Gonçalves Bellizia
– Paulo Skaf
– Pedro Luiz Barreiros Passos
– Pedro Wongtschowski
– Raí de Souza Vieira de Oliveira
– Reginaldo Braga Arcuri
– Renata Maria Paes de Vilhena
– Renato Alves Vale
– Ricardo Brisolla Balestreri
– Ricardo Morishita Wada
– Ricardo Patah
– Roberto Setúbal
– Roberto Luiz Justus
– Roberto Rodrigues
– Robson Braga de Andrade
– Rosemarie Bröker Bone
– Rubens Ometto Silveira Mello
– Ruth Coelho Monteiro
– Sergio Paulo Gomes Gallindo
– Solange Maria Pinto Ribeiro
– Sonia Guimarães
– Tânia Bacelar de Araújo
– Teresa de Jesus Costa D’Amaral
– Viviane Senna Lalli
– Zeina Abdel Latif

G1

Leia Também