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Temer diz que governo não dá importância a ocupação de escolas

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publicado em 09/11/2016 às 12h53
Presidente Michel Temer

O presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta quarta-feira (9), em entrevista à rádio Itatiaia, que o governo não dá importância às ocupações de escolas. Ele deu a declaração ao ser questionado se as ocupações, promovidas por estudantes contrários a medidas do governo, são legítimas.

“Nós não damos importância a elas [ocupações]. A pior coisa é quando acontece isso e você dá muita importância”, afirmou o presidente.

Temer afirmou ainda que, apesar de ser contra o movimento, e que “toma cuidado” para não haver acusações de violência do governo contra manifestantes.

“Sou contra mas tomo um cuidado extraordinário para não dizerem que, pelo menos, do âmbito federal, haja alguma espécie de violência. Nossa pauta é do diálogo e do convencimento”, afirmou Temer.

Os estudantes que ocupam escolas e universidades em diversos estados do país protestam contra duas medidas do governo: a medida provisória da reforma do Ensino Médio e a PEC que propõe um teto para os gastos públicos para os próximos 20 anos.

Para Temer, as ocupações foram realizadas sem a realização de um debate prévio sobre as propostas. Ele ainda disse acreditar que nem todos os manifestantes sabem o significado dos textos.

“Ao invés do argumento oral, verbal, intelectual, se tem o argumento físico. Se for perguntar exatamente o que estão combatendo, os dispositivos do texto legal, não sei se todo mundo conhece não”, afirmou.

Na avaliação de Temer, uma alternativa seria chamar especialistas para debater os temas. “É uma ocupação de natureza física. Poderiam chamar especialistas para debater, mas não há mais discussão”, acrescentou.

Nesta terça-feira (8), Temer já havia se manifestado sobre ocupações, sem mencionar diretamente as escolas. Na ocasião, ele disse que e as pessoas criticam propostas do governo “sem ao menos ler” os textos. Ele ainda fez uma ironia ao questionar se as pessoas sabem  o que é uma PEC.

PEC do teto
Na entrevista à Itatiaia, o presidente respondeu a crítica dos partidos de oposição, que chamam a PEC do teto de “PEC da morte”. Segundo os oposicionistas, a proposta tiraria recursos de áreas essenciais, como a saúde a educação. Temer disse que, pelo contrário, a PEC é a “PEC da vida”.

“Eu chamo de PEC da vida […] Até por uma razão interessante: elas [as pessoas] não leem a proposta ou têm má vontade. Dizem que não vai ter dinheiro para educação. Recomendo que leiam o orçamento que mandamos para o ano que vem. Já consideramos a aprovação do teto, que é geral”, falou.

Ele citou a saúde como exemplo de que mais verba pode ir para áreas consideradas prioritárias. “Quem conhece o orçamento sabe que podemos alocar mais recursos para a saúde”, argumentou Temer.

Delações
Temer também foi questionado durante a entrevista sobre o eventual impacto no governo de futuras delações premiadas da Operação Lava Jato. Os entrevistadores citaram a delação da Odebrecht, que ainda não foi assinada, e uma hipotética delação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Para Temer, o governo tem a “maior tranquilidade” sobre o tema. “Nós não podemos paralisar o governo de jeito maneira, porque o Executivo tem suas atividades e o Judiciário está cuidando disso como o compete”, declarou.

Ele disse ainda que é preciso considerar que uma delação significa somente que “alguém mencionou outrem”. Segundo o presidente, um longo processo tem de ser percorrido até que sejam provados eventuais crimes.

Reforma da Previdência
Outro tema da entrevista com o presidente foi a reforma da Previdência, que o governo deve enviar nos próximos dias para o Congresso.

Temer ressaltou que as mudanças nas regras previdenciárias terão uma fase de transição e que as novas regras foram elaboradas para serem “absorvíveis” tanto pela população quanto pela classe política.

“Nós temos fortíssimas regras de transição. Significa que essas coisas serão feitas ao longo do tempo. Vamos fazer uma coisa absorvível, que o povo possa absorver, que a classe política possa absorver”, disse o presidente.

Ele ainda usou a crise financeira no estado do Rio de Janeiro como exemplo de que a reforma é necessária para o país. Segundo Temer, a situação fiscal no Rio se deteriorou em razão de despesas previdenciárias.

“Você viu o que aconteceu com o Rio de Janeiro ontem? É a questão da previdência. A previdência quebrou o estado do Rio. O que vai acontecer no Brasil daqui a alguns ano é exatamente isso [se a reforma não for aprovada]”, disse Temer.

Ação no TSE
Temer foi questionado ainda sobre uma reportagem publicada no jornal “Folha de S. Paulo” desta quinta-feira. O texto afirma que a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) documentos que indicariam uma doação irregular ao então vice na chapa de Dilma nas eleições de 2014, Michel Temer.

Segundo a “Folha”, os documentos seriam uma prova de que a empreiteira Andrade Gutierrez doou R$ 1 milhão referente a propina diretamente para a arrecadação de campanha de Temer.

Ainda de acordo com o jornal, os advogados de Dilma querem desmentir o delator Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira, que afirmou que o dinheiro teria sido pago ao PT.

Atualmente corre no tribunal uma ação movida pelo PSDB após as eleições de 2014 pedindo a impugnação da chapa Dilma-Temer por ter, segundo o partido, se beneficiado de dinheiro de propina. A defesa de Temer tenta separar o julgamento, alegando que as contas dele não são as mesmas de Dilma.

Na entrevista à Itatiaia, o presidente disse que a doação da Andrade Gutierrez foi oferecida espontaneamente pela empresa.

“A empresa veio a nós durante a campanha e ofereceu a colaboração espontaneamente. Sou extremamente obediente às instituições”, afirmou Temer.

Ele voltou a afirmar que as contas dele e de Dilma, embora apresentadas em conjunto, são divididas “no papel” e que ele não está preocupado com a ação no TSE.

G1

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