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Deputada lamenta resultado de pesquisa sobre estupro

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publicado em 21/09/2016 às 13h30
atualizado em 21/09/2016 às 13h17
Deputada Camila Toscano, do PSDB

A deputada estadual e presidente da Comissão dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Camila Toscano (PSDB), lamentou nesta quarta-feira (21) o resultado de pesquisa encomendada ao Datafolha pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e que mostra que 33,3% da população acredita que em caso de estupro a culpa é da vítima, ou seja, três a cada dez brasileiros acredita que a culpa é da mulher.

“Se na última década avançamos consideravelmente no debate sobre violência doméstica no Brasil, com a Lei Maria da Penha e do Feminicídio, o debate sobre violência sexual permanece travado por uma série de tabus e disputas ideológicas. É de se lamentar o fato de muitas pessoas ainda culparem as mulheres pelo crime de estupro”, destacou a deputada.

O resultado da pesquisa indica que muitas vezes as próprias mulheres são consideradas responsáveis pela violência sexual, seja por não se comportarem “adequadamente” ou por usarem roupas provocantes.

“Este pensamento vem de um discurso socialmente construído. É errado achar que uma peça de roupa seja um sinal verde para qualquer tipo de violência sexual, inclusive a verbal. Todos têm o direito de sair de casa da maneira como preferirem, no horário que desejarem e para onde quiserem, sem temer qualquer tipo de abordagem grosseira”, disse Camila.

Por Região – A pesquisa também mostra o alto número de mulheres que dizem ter medo de serem violentadas. Em termos regionais, o maior medo é verificado nas regiões Norte e Nordeste do país, atingindo 72% de toda a população. No entanto, avaliando apenas as respostas das mulheres, nota-se que 90% que residem no Nordeste afirmam ter medo de sofrer violência sexual, seguidas de 87,5% da população feminina do Norte, 84% no Sudeste e Centro-Oeste e 78% no Sul do País.

Outro dado surpreendeu a deputada Camila Toscano. A pesquisa mostra que 42% dos homens concordam com a afirmação de que “mulheres que se dão ao respeito não são estupradas”, enquanto 63% das mulheres discordam. “As autoridades precisam discutir essa problemática no nosso País. Sempre o comportamento de quem foi vítima é questionado com base no que se entende serem as formas corretas de ser mulher e ser homem no mundo”, destacou.

Descrédito na Polícia – Para a deputada Camila Toscano, a falta de confiança na polícia e humilhação deixam as mulheres mais vulneráveis a esse tipo de violência. Dados da pesquisa mostram que 50% das pessoas entrevistadas não acreditam que a Polícia Militar esteja bem preparada para atender mulheres vítimas de violência sexual. E outros 53% acreditam que as leis brasileiras protegem estupradores.

“A dificuldade de reunir evidências materiais do não consentimento, bem como o risco de revitimização durante os procedimentos legais são desafios específicos relacionados à violência sexual que precisam ser considerados com urgência e seriedade pelas instituições policiais e pelo sistema de Justiça. Precisamos encontrar meios de garantir a integridade das mulheres desse País”, afirmou a deputada.

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