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Ex-meia Zinho é preso por dever pensão pra filha e diz não ter como pagar

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publicado em 13/07/2016 às 11h00

O ex-meia-direita Zinho, com passagens pela Portuguesa, Sport e São Caetano nos anos 90 (não confundir com o tetracampeão mundial Zinho, ex-Flamengo e Palmeiras), foi preso no município de Tangará (RN), a 82 quilômetros de Natal, na última sexta-feira (7). O motivo: uma dívida de pensão para uma de suas filhas, no valor de R$ 52 mil. Ele ficará preso no Centro de Detenção Provisória de Natal por 30 dias, a não ser que pague o valor devido à mãe de sua filha (que possui a guarda da menor, de 17 anos) ou entre em algum tipo de acordo.

Mas não deverá haver qualquer tipo de conciliação. O próprio advogado do ex-jogador foi quem recomendou que ele se entregasse à polícia, que bateu em sua porta na quinta-feira (6), com um mandado de prisão expedido pela Justiça de São Paulo, 2ª Vara da Família do Fórum de Santana, de São Paulo. Ele se apresentou na delegacia de Tangará no dia seguinte, e foi levado preso para Natal. E já avisou, por meio de seu advogado: vai ficar os 30 dias preso, pois não tem como pagar o valor legalmente devido.

Este é apenas o mais recente capítulo de verdadeira batalha financeira que Zinho trava com sua ex-mulher Fátima Cristine Ventura. O caso envolve empresas, imóveis, salários, processos na Justiça e supostas mentiras e traições. Zinho acusa a ex-mulher de ter-lhe tomado todo o dinheiro, e nunca estar satisfeita. Fátima acusa o ex-jogador de abandonar financeiramente a filha e ainda lhe deixar com uma série de dívidas.

Do amor até os tribunais

O mandado de prisão cumprido na última sexta-feira foi proferido porque Zinho não pagava a pensão estipulada pela Justiça, de dois salários mínimos (R$ 1.760), desde outubro de 2013. “Sim, ele sabe que deve, se descuidou nesse processo na Justiça lá em São Paulo, ele mora no Rio Grande do Norte. Mas ele simplesmente não tem esse dinheiro para pagar. Está desempregado, tem mais dois filhos pequenos, mora de aluguel, e a autora do pedido de prisão (ex-mulher de Zinho) já ficou com os bens e recursos que ele juntou ao longo da vida. E ainda se vangloria nas redes sociais pro ter feito isso (veja imagens abaixo)”, afirma o advogado do ex-atleta.

O ex-meia começou sua carreira no futebol em 1988, quando já era casado há três anos. Em 1995, em uma casa noturna, conheceu Fátima Ventura, que se tornou sua amante. A situação perdurou por três anos, até 1998, quando o jogador encerrou o casamento. No ano seguinte (1999), oficializou a relação com Fátima, que é psicóloga.

Segundo informações constantes ao longo dos três processos judiciais que Zinho e Fátima mantêm atualmente um contra o outro, Fátima, apesar de ser formada em psicologia, não trabalhou ao longo de todo o relacionamento com o ex-jogador, que foi até 2009. Nesse meio tempo, tiveram a filha, que hoje tem 17 anos.

De acordo com o advogado de Zinho, a mulher do jogador passou a cuidar das questões financeiras do marido (eles nunca casaram no papel, mas adquiriram união estável, desfeita oficialmente no ano passado). Para jogar no Ceará, em 2001, o atleta foi obrigado pelo clube a criar uma empresa, para receber como PJ (pessoa jurídica). Quem abriu a firma foi Fátima, que o fez em sociedade com ele, sendo que detinha 99% da empresa e Zinho, 1%.

Posteriormente, Zinho veio a processar o ex-clube, exigindo as verbas trabalhistas a que tinha direito. A agremiação cearense, que devia mais de R$ 150 mil ao jogador de acordo com as contas da Justiça do Trabalho, entrou em um acordo para pagar pouco mais de R$ 100 mil ao atleta. “Tirando a parte que foi para o advogado, o resto dinheiro caiu na conta da empresa, foram R$ 86 mil. E no nome de quem estava a conta da empresa? Da Fátima”, explica José Cezar Muniz, advogado de Zinho.

Já Fátima Ventura não quis falar com a reportagem. Seu advogado, que conversou com o UOL Esporte, não comentou este assunto, disse apenas que Zinho “abandonou completamente o sustento financeiro da filha. Ele diz não ter dinheiro, mas quem não tem dinheiro pede uma reunião de conciliação, de revisão do valor. Ele simplesmente parou de pagar. O pagamento mensal de pensão alimentar para menor de idade é obrigação. Nada tem a ver com qualquer outra questão financeira envolvendo os pais”, argumentou.

Já a atual esposa mulher de Zinho, Élia Carla, enviou à reportagem uma foto da casa onde o casal mora hoje em dia, em Tangará (RN). Ela afirma que o marido não tem como pagar a dívida. “A gente tem dois filhos pequenos, eu cuido deles e costuro para fora. O Zinho trabalhava na prefeitura e ganhava R$ 1.300. Hoje, está desempregado. Inclusive quem arrumou o advogado para defender meu marido foi o prefeito. Como que vamos pagar R$ 1.760 por mês? Agora meu marido está preso e eu aqui, com mais dois para criar e tendo que ganhar dinheiro. Isso é justiça?”

Após os 30 dias determinados pela Justiça, sua dívida, que tem atualmente caráter alimentar, passa a ser uma dívida comum, e sua ex-mulher terá que entrar com nova ação na Justiça para executá-la. Até lá, ela fica sem pensão e Zinho fica sem a liberdade.

Uol

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