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Vital é citado em suposta propina de R$ 40 milhões da Friboi

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publicado em 17/06/2016 às 10h05
atualizado em 17/06/2016 às 07h23

O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, citou, em delação premiada à Polícia Federal, nomes de mais de 20 políticos como supostos beneficiários da corrupção na Petrobras.  Machado disse que montou uma espécie de fundo de distribuição da propina. E a maior parte era entregue em dinheiro vivo. Entre os nomes citados está o ex-senador paraibano e hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rego.

Sérgio Machado contou aos procuradores porque, depois de uma vida inteira na política, resolveu abrir o jogo.

“Meu objetivo com isso, excelência, é porque eu envolvi meus filhos, que não tinham nada que estar sendo envolvidos. Toda a ação foi minha. Então, não seria justo, nem eu teria paz na minha consciência, se eu assim não procedesse. E esse foi a razão fundamental”.

O esquema que ele descreveu parecia uma máquina de corrupção. “É importante você compreender a engrenagem que é o seguinte. De um lado você tem os políticos que funcionam como se fossem um co-acionista da empresa ou do ministério. Do outro lado você tem as empresas querendo levar vantagem, oferecer vantagem através de aditivos etc. etc. e do outro lado você querendo dar resultado pra empresa”.

Machado disse que tratava da cobrança de propina com cerca de 12 fornecedores da Transpetro. Preferia aqueles com quem tinha contato direto: presidente ou dono da empresa e disse que criou um fundo virtual com dinheiro arrecadado de forma ilícita, e mês a mês estabelecia quanto poderia distribuir para os políticos na forma de doação oficial ou em dinheiro vivo. A cúpula do PMDB era a prioridade. “Você tinha um núcleo que era o núcleo que me colocou na Transpetro. Núcleo: Renan, Sarney, Jader, Romero e Lobão”.

Ele disse que grande parte do dinheiro desviado foi entregue ao PMDB. “Cerca de, um pouco mais de R$ 100 milhões”.

Segundo Machado, R$ 1,5 milhão foi repassado para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012 a pedido do presidente em exercício Michel Temer, à época vice-presidente.
“Eu liguei para o vice Michel Temer, marquei um encontro com ele no aeroporto militar de Brasília, na sala vizinha à sala da presidência, acerca da campanha do Chalita. Eu disse que ia, que podia ajudá-lo, em um milhão e quinhentos, mas que depois eu informaria a ele a empresa. Telefonei depois a ele informando que esta doação seria feita pelo diretório nacional através da empresa Queiroz Galvão”.

Machado disse ainda que repassou R$ 850 mil para a campanha de Chalita a pedido do senador Valdir Raupp.

Temer também é citado por Machado em outra ocasião. Ele contou que ouviu relatos de que o grupo JBS iria fazer, em 2014, uma doação de R$ 40 milhões ao PMDB, a pedido do PT, para abastecer a campanha do partido ao Senado e citou quem seriam os beneficiados: “Doação de 40 milhões, senador Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Eunício Oliveira, Vital do Rego, Eduardo Braga, Edison Lobão, Valdir Raupp, Requião e outros”.

A assessoria do senador Roberto Requião declarou que os gastos para a campanha ao governo do Paraná em 2014 foram declarados e as contas já foram aprovadas pela Justiça Eleitoral do estado.

Segundo Sérgio Machado, a doação aos senadores levou Michel Temer – ligado ao PMDB da Câmara – a reassumir a presidência do partido.

“Esse apoio financeiro do PT provocou ruído na Câmara e acabou por forçar o presidente Michel Temer a reassumisse a presidência do PMDB visando controlar a destinação dos recursos do partido”.

MaisPB com Jornal Nacional

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