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'tax free'

Mulher de Cunha pede restituição de impostos de conta secreta

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publicado em 27/05/2016 às 08h48
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz

Apesar de não ter declarado seus gastos com cartão de crédito abastecido com uma conta secreta no exterior, a mulher do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Cláudia Cruz, pediu a autoridades estrangeiras o reembolso dos impostos dos bens adquiridos com esse cartão –o chamado “tax free”.

Os pedidos constam nos extratos do cartão de crédito de Cruz obtidos pela PGR (Procuradoria Geral da República) após a descoberta das contas secretas no exterior.

Só depois que o Ministério Público da Suíça enviou à PGR os detalhes sobre as quatro contas –três que tinham Cunha como beneficiário final e uma cuja titularidade era de Cruz– é que ela declarou às autoridades brasileiras seus gastos com o cartão.

Cruz é alvo de uma investigação no Banco Central sob suspeita da omissão dessas despesas, o que é passível de pagamento de multa.

Turistas têm direito ao “tax free” na aquisição de mercadorias em determinadas lojas no exterior, obtendo estorno de parcela do preço pago, a título da restituição de imposto.

Os extratos obtidos pela Folha mostram diversos pedidos de “tax free” de pequenos valores, com a referência de que teriam sido feitos na Suécia, mas sem a discriminação dos produtos. São valores, por exemplo, de € 59, € 35, € 71 e € 53.

Há ainda lançamentos com a informação “restituição de imposto rejeitada” e a referência à Irlanda, em valores de, por exemplo, € 104 e € 202.

Na denúncia contra Cunha sobre as contas na Suíça, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, a PGR aponta despesas da família Cunha no exterior. Há, por exemplo, gastos de US$ 5.000 na Chanel e de US$ 8.000 na loja de sapatos Pravda Abbigliamento.

A PGR aponta que as despesas foram custeadas com propina desviada da Petrobras. Os cartões de crédito eram abastecidos com recursos dos “trusts” de Cunha.

A investigação contra Cruz foi enviada à 13ª Vara Federal de Curitiba.

OUTRO LADO

A defesa de Cruz afirma que a conta no exterior já foi declarada às autoridades brasileiras e que contesta, junto ao Banco Central, a obrigatoriedade dessa declaração. Segundo a defesa, ela mantinha menos de US$ 100 mil na conta, o que a eximiria da obrigação.

Cunha nega ligação com as contas no exterior. Afirma que transferiu o patrimônio a “trusts” e que, por isso, não era mais o dono dos recursos e não precisava declará-los. Também nega o recebimento de propina.

Uol

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