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EM COMPARAÇÃO A 2015

Consumo de energia fecha primeiro trimestre com queda de 4,2%

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publicado em 28/04/2016 às 16h06
atualizado em 28/04/2016 às 13h12

O consumo de energia elétrica no país fechou os primeiros três meses do ano com queda acumulada de 4,2% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando uma demanda de 115.857 gigawatss-hora (Gwh). Na comparação com março de 2015, o consumo caiu em março 1,5%, atingindo 39.162 GWh (gigawatts-hora).

Os dados fazem parte da Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica relativo ao mês passado, mas que trazem também números acumulados entre janeiro e março. Divulgada hoje (28) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a resenha mostra a continuidade da queda do consumo de energia em março, puxada pelo setor industrial, que fechou o mês em queda de 6,2%, seguido da classe comercial, com declínio de 1,1% sobre março de 2015. Já o consumo residencial, em decorrência das elevadas temperaturas, fechou com expansão de 1,7%.

Segundo a EPE – empresa responsável pelo planejamento energético do país – quando se observa o comportamento dos setores no resultado acumulado do primeiro trimestre do ano, a queda é generalizada. A Indústria apresentou o pior resultado, com queda acumulada de 7,5% de janeiro a março, motivado pela retração da economia. O setor foi seguido pelo comércio, com retração de 3,2%, e residências, cuja queda acumulada foi de 2,5%.

Indústria

Os dados divulgados pela EPE indicam que, em março, a indústria demandou ao Sistema Interligado Nacional (SIN) 13.746 Gwh. Para a EPE, a queda de 6,2% frente ao mesmo mês de 2015 reflete “o comportamento dos indicadores de confiança da indústria que não têm apresentado sinais claros de recuperação.

No fechamento dos primeiros três meses do ano, a queda é ainda maior: 7,5%, refletindo o cenário econômico adverso de queda na renda real, aumento do desemprego e de reajustes na condições de crédito.

A EPE citou análise da CNI de março, que constata “a demanda interna insuficiente, a dificuldade de acesso ao crédito e a elevada carga tributária, que impactam a situação financeira das empresas, obrigadas a liquidar os estoques que se acumularam ao longo do ano passado e a readequar a produção ao patamar das vendas atuais”.

A análise destacou também o nível de utilização da capacidade instalada, que ainda está baixo. Os dados indicam que “o setor de máquinas e equipamentos, por exemplo, enfrenta ociosidade de cerca de 45% e os ajustes na quantidade de mão de obra, que continuam sendo implementados, explicam o aumento do desemprego formal na indústria de transformação que, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), reduziu 24.856 postos de trabalho somente em março”.

A menor queda no consumo industrial em março ocorreu em Minas Gerais, onde a queda alcançou expressivos 18,2% devido ao decréscimo, principalmente, da produção de cimento. À exceção da região Norte, que fechou o mês com crescimento de 1%, o resultado regional foi negativo nos Sudeste (-7,1%), Nordeste (-12,5%), Sul (-2,9%) e Centro-Oeste (-0,9%).

Já o estado do Pará, que expandiu 3,7%, foi o que mais contribuiu para o crescimento do consumo de energia elétrica na região Norte em março. Isso ocorreu em função dos avanços da metalurgia de metais não-ferrosos e da extração de minério de ferro para exportação.

A queda acumulada de 7,5% no consumo industrial de eletricidade nos três primeiros meses do ano foi puxada pelas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, onde se situam as principais indústrias do país e onde houve aprofundamento da crise econômica nos setores de metalurgia, com queda de 6,9%, e de extração de minerais metálicos (-9,1%), as maiores no trimestre.

Comércio e Serviços

Ao fechar o mês de março deste ano com queda de 1,1% frente a igual mês do ano passado, o setor de Comércio e Serviços manteve uma trajetória de queda iniciada em setembro passado. O setor, segundo a EPE, continua sentindo “os efeitos da atividade econômica fraca e da deterioração do mercado de trabalho”.

Na avaliação da EPE, sem perspectiva no curto prazo de melhora nesse cenário, é de se esperar que os empresários estejam reduzindo custos e postergando investimentos de expansão.
“Tem-se observado o fechamento de algumas lojas no setor comercial e que vem a se refleti no mercado de trabalho: já foram fechados no ano 168 mil postos de trabalho no comércio – o pior resultado na série de dados do Caged/MTE desde 2003, ressalta o documento.
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Apesar da queda, a EPE ressalta o fato de que, em todas as regiões, a queda observada no consumo de eletricidade nos estabelecimentos comerciais mostrou-se menos intensa do que as verificadas em janeiro e fevereiro. “Provavelmente pela influência das temperaturas mais elevadas sobre o
consumo de eletricidade nos equipamentos de climatização”.

No trimestre, o consumo de eletricidade no setor comercial ficou 3,1% menor que o do igual período de 2015, no que, na avaliação da Resenha, reflete o maior valor da tarifa de eletricidade e o quadro recessivo da economia, que influíram na desaceleração do consumo, que, com este resultado, conta três trimestres consecutivos de queda.

Residências/Calor

As temperaturas mais elevadas em março deste ano, em relação a igual mês do ano passado, levaram o setor residencial a interromper a uma sequência de quedas no consumo do setor, o que vinha se verificando desde maio do ano passado, ou seja, há quase um ano.

O consumo de eletricidade nas residências alcançou 11.315 GWh em março. No entanto, segundo a EPE “a economia, com desemprego em alta, crédito caro e renda menor, permanece inibindo o consumo das famílias.

Com menor volume de chuvas no período, o clima seco agravou a sensação de desconforto dos dias de temperatura elevada e contribuiu para aumentar o consumo de eletricidade a partir do uso de aparelhos domésticos de climatização: no Mato Grosso e em Goiás o consumo cresceu 10,8% e 7,5%, respectivamente.

No Nordeste (+4,8%), que voltou a registrar aumento do consumo após as quedas consecutivas observadas nos dois primeiros meses do ano, destaca-se expansão no Piauí (+10,2%), seguido pelos estados do Ceará, Maranhão e da Bahia, com taxas de 7%.

No Sudeste (-0,5%) e no Sul (-1,1%), o consumo nas residências manteve-se em patamar baixo, embora as reduções observadas no mês tenham se mostrado menos intensas do que as registradas no ano passado. Observou-se, contudo, crescimento no consumo no Espírito Santo (+2,9%) e em São Paulo (+2,8%), assim como em Santa Catarina (+3,1%), o que não ocorria nesses estados desde janeiro de 2015.

No acumulado janeiro/março, porém, o consumo residencial ainda permanece negativo: -2,5%.

Agência Brasil 

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