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pressionada por credores

Odebrecht venderá R$ 12 bilhões em ativos para pagar dívidas

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publicado em 02/04/2016 às 12h28

Investigada pela Operação Lava-Jato, pressionada por credores e com uma dívida bruta de mais de R$ 90 bilhões em valores do fim de 2014, o Grupo Odebrecht confirmou que está negociando a venda de ativos para melhorar o caixa das subsidiárias e equacionar o perfil de seu endividamento. A expectativa, segundo a direção do grupo, é levantar cerca de R$ 12 bilhões até o fim deste ano.

Estão na lista de ativos postos à venda a Odebrecht Ambiental, a hidrelétrica de Chaglla e a rodovia Rutas de Lima, ambas no Peru; a participação de 28% do grupo na hidrelétrica de Santo Antônio, uma mina de diamante e um bloco de exploração de petróleo, em Angola.

Também estão sendo negociados ativos das áreas de infraestrutura, da Odebrecht Transport, e imobiliários, da Odebrecht Realizações Imobiliárias. A empresa, que atua em 14 setores, descartou a venda de sua participação na petroquímica Braskem, como se cogitou no mercado.

FITCH VÊ ESTRATÉGIA PARA OBTER LIQUIDEZ

Além de vender ativos, o grupo corre para renegociar débitos. A Odebrecht Agroindustrial, do setor de açúcar e etanol, por exemplo, tem dívidas de R$ 13 bilhões e receitas de menos de R$ 3 bilhões. De acordo com fontes do grupo, as negociações com os principais credores, Bradesco e o BNDES, estão adiantadas. Os bancos já teriam concordado em conceder um prazo de três anos de carência para o principal da dívida, além do alongamento por mais dez anos. Como contrapartida, a Odebrecht reincorporará a usina geradora de energia à base de bagaço de cana, avaliada em R$ 2 bilhões, além de fazer um aporte de capital na empresa.

O grupo baiano também está renegociando as dívidas, da ordem de R$ 12 bilhões no fim de 2014, da Odebrecht Óleo e Gás, afetada pela crise do setor do petróleo e pelos problemas da Petrobras, sua maior cliente. Essas negociações envolvem detentores de bônus perpétuos e outros títulos de dívida.

Depois da prisão do presidente da holding, Marcelo Odebrecht, há mais de nove meses, o grupo demorou a indicar um novo dirigente, o que deixou os credores ainda mais preocupados. O cargo só foi preenchido em dezembro passado, com a indicação de Newton de Souza, executivo que integrava o Conselho de Administração do grupo.

A Odebrecht deve divulgar os números de seu balanço de 2015 no fim deste mês, e a dívida tende a subir um pouco mais, impactada pela variação cambial. Ao mesmo tempo, a companhia deverá apresentar um faturamento maior do que o de 2014, já que cerca de 61% de suas receitas atualmente são obtidas no exterior.

Para o diretor da Fitch Ratings, Ricardo Carvalho, a venda de ativos é estratégica para dar liquidez ao grupo. Ele diz que a empresa sofre com o risco de imagem por causa das investigações da Lava-Jato e, por isso, novos financiamentos ficam mais difíceis.

— Neste momento de incerteza, os bancos fazem exigências maiores para rolagem das dívidas — explica Carvalho, observando que as vendas dos ativos poderiam ser feitas com maior velocidade.

Enquanto a Lava-Jato não se encerra e as penalidades para a companhia não são definidas, é difícil dimensionar o prejuízo que o grupo terá com o processo:

— O anúncio de que a empresa negocia acordo de leniência sinaliza que o processo caminha para seu término.

OGlobo

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