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pedido de prisão

JN reage a advogados de Lula, que solicitaram direito de resposta

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publicado em 13/03/2016 às 10h02

Na noite de sexta-feira (11), a TV Globo foi surpreendida por uma carta dos advogados Roberto Teixeira, Cristiano Zanin Martins e Rodrigo Azevedo Ferrão, do ex-presidente Lula, solicitando direito de resposta à reportagem da quinta-feira (10) sobre a entrevista dos promotores de São Paulo em que detalham as denúncias contra o ex-presidente. A carta diz se basear na lei recém-aprovada pelo Congresso, de número 13.188, de 2015.

Na carta, espantosamente, os advogados dizem que nem Lula nem sua assessoria foram procurados para oferecer uma resposta às acusações que lhes foram imputadas pelos promotores.

Eles dizem: “Registre-se, ainda, que a assessoria de imprensa do ex-presidente não foi instada a apresentar qualquer esclarecimento prévio pela emissora, como seria recomendável e necessário, de acordo com os princípios editoriais por ela divulgados.”

Isso não é verdade. Em e-mail enviado às 17h33, um jornalista da TV Globo pediu ao Instituto Lula nota comentando a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o ex-presidente Lula, no caso Bancoop.

Às 19h14, nosso jornalista recebeu de José Crispiniano, assessor de imprensa do Instituto Lula, uma mensagem sem nenhum outro comentário senão um link para a página do Instituto Lula com uma nota sobre as denúncias dos promotores.

Como é praxe, a resposta do Instituto Lula foi enviada para todos os responsáveis por noticiários da TV Globo, GloboNews e G1. Não faz sentido que todos os telejornais peçam ao Instituto Lula a mesma nota várias vezes.

A resposta do Instituto Lula foi divulgada na íntegra no Jornal Nacional. O Instituto Lula só respondeu nosso e-mail uma hora e 41 minutos depois da solicitação. Por esse motivo, antes mesmo de recebermos a sua resposta, e para dar amplo espaço de defesa ao ex-presidente, a TV Globo decidiu também pedir aos advogados de Lula, os mesmos que agora pedem direito de resposta, uma nota sobre as denúncias dos promotores.

Foi às 19h07. No e-mail, o jornalista pedia à assessoria de imprensa dos advogados que detalhassem o pedido de prisão do ex-presidente e pedia a posição deles sobre o assunto.

A resposta chegou à redação às 20h25, 15 minutos antes do início do jornal. Foi enviada pela assessora de imprensa Luiza Gorgatti, e no espaço para o assunto, dizia: Nota – Teixeira, Martins & Advogados.

Esta nota foi divulgada no Jornal Nacional praticamente na íntegra, lida por William Bonner e Renata Vasconcellos, apenas com adaptações para transformá-la em texto jornalístico.

Para sustentar o pedido de resposta, os advogados afirmam que a reportagem foi ofensiva ao ex-presidente da República. Trata-se de uma distorção. A reportagem não é ofensiva. Ela é apenas o relato objetivo da entrevista dos promotores paulistas: descreve o que foi dito sem nada endossar. O mesmo comportamento de todos os veículos de imprensa, que dedicaram longas reportagens e suas manchetes ao tema. E reproduzindo as mesmas respostas de Lula e seus advogados. Se os fatos narrados são ofensivos ao ex-presidente, a imprensa não tem nenhuma responsabilidade. Tem, porém, o dever de informar o povo brasileiro dos fatos relevantes, todos os fatos, sobre quem quer que seja.

No pedido de direito de resposta, há um texto de Lula, em que afirma que ele e a mulher, Marisa Letícia, não são e nunca foram donos de nenhum apartamento triplex no Guarujá nem em qualquer outro lugar do litoral brasileiro.

Na nota, Lula diz que o patrimônio imobiliário dele, hoje, é exatamente o mesmo que ele tinha ao assumir a Presidência da República, em janeiro de 2003.

O ex-presidente cita o apartamento onde mora com Marisa, onde já moravam antes do governo; além do rancho “Los Fubangos” e de um pesqueiro na represa Billings, ambos adquiridos a prestações.

Lula afirma que o casal também tem dois apartamentos de 70 metros quadrados que Dona Marisa recebeu em permuta por um lote que ela herdou da mãe.

Segundo a nota, tudo em São Bernardo do Campo. Tudo registrado no nome deles, no cartório e na declaração anual de bens.

A nota do ex-presidente Lula segue: “Esta é a verdade dos fatos, em sua simplicidade: entrei e saí da Presidência da República com os mesmos imóveis que adquiri ao longo da vida, trabalhando desde criança, como sabem os brasileiros. Não comprei nem ganhei apartamento, mansão, sítio, fazenda, casa de praia, no Brasil ou no exterior.”

E acrescenta: “As informações sobre o patrimônio do Lula – verdadeiras, fidedignas, documentadas – sempre estiveram à disposição do Ministério Público e da imprensa, inclusive da Rede Globo.”

Apesar de dizer que essa é, “a verdade dos fatos em sua simplicidade”, o texto se alonga em mais 28 parágrafos, em 89 linhas, em que, com ironia, se dedica, não a se defender das acusações, mas a fazer críticas ao jornalismo da Globo. A emissora não é parte nas investigações a que está sujeito o ex-presidente. Cumpre apenas a sua missão de informar o povo. Respaldada pela Constituição, continuará a fazê-lo, com serenidade, e sem nada a temer.

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