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Com tumor no cérebro, idosa perde visão após 1,5 ano esperando cirurgia

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publicado em 06/03/2016 às 08h16
atualizado em 06/03/2016 às 05h22
A idosa Maria das Graças Ribeiro dos Santos, de 66 anos, que aguarda há um ano e meio por cirurgia na rede pública do Distrito Federal (Foto: Gustavo Ribeiro/Arquivo Pessoal)

Mesmo tendo feito todos os exames necessários, uma idosa de 66 anos aguarda há um ano e meio por cirurgia para a retirada de um tumor benigno do cérebro na rede pública do Distrito Federal. O caroço já atingiu o tamanho de uma azeitona e tem comprometido a visão e o equilíbrio da mulher. A família diz que o hospital alega não ter como marcar o procedimento por falta de anestesistas e tomógrafos. A Secretaria de Saúde informou aoG1 que investiga o caso.

Único filho da idosa, Gustavo Ribeiro criou uma petição online para sensibilizar o poder público sobre a situação. Ele diz não ter condições de arcar com o procedimento, que foi orçado em R$ 140 mil em um hospital particular. Por meio de redes sociais, a Secretaria de Saúde disse não ter o que fazer sobre o documento e se disse solidária à família.

“Eu me sinto de mãos atadas, porque eu não teria dinheiro para pagar essa cirurgia,”, disse o rapaz. “Ela foi internada na segunda passada [dia 29 de fevereiro] no Hospital de Base. Falaram que iam fazer consultas e viram que o quadro dela é realmente grave. Mas, até agora, não tem data ainda.”

De acordo com Ribeiro, os profissionais constataram que o tumor está pressionando a hipófise. A glândula é considerada “mestra” por controlar as funções de outros órgãos e produzir hormônios como os de crescimento, sexuais, produção de leite e tireoidianos. A idosa perdeu a visão de um dos olhos e 70% da do outro. Além disso, não consegue mais andar sem apoio.

“O médico disse que ela precisava fazer a cirurgia o mais rápido possível porque, se perdesse a visão completamente, não teria volta. Também disse que precisávamos ficar em cima, porque hospital estava muito lento. E que, operando logo, ela tinha 97% de chance de voltar a enxergar como antes”, conta o rapaz.

“Ela parou de fazer tudo o que ela fazia antes por causa disso. Ela não tem mais o equilíbrio que ela tinha também. Minha mãe não consegue assinar mais nada, a vida dela parou totalmente. Ela precisa de ajuda para andar, precisa de ajuda para comer, para tudo, tudo. Está com o emocional super abalado. A gente vai ao hospital e também fica supertriste, mas a gente tem que dar força para ela”, completa.

Ribeiro conta que vai ao hospital todos os dias. A unidade de saúde fica no centro da cidade, a 21 quilômetros de onde ele mora – Samambaia. Ele chega às 7h e sai às 19h. “Fico com ela o dia todo. Ela tem muita ânsia de vômito por causa do tumor.”

“A direção do Hospital de Base informa que irá apurar, rigorosamente, as circunstâncias do atendimento prestado a ela e as causas da não realização do procedimento cirúrgico”, disse a Secretaria de Saúde em nota. Ao todo, a unidade tem 46 anestesistas diariamente.

Descoberta

A idosa soube do tumor depois de procurar a Carreta da Visão. Ela se queixou de dificuldades para enxergar, mas, a princípio, foi diagnosticada apenas como tendo catarata. A cirurgia ocorreu no segundo semestre de 2014 e não resolveu o problema.

 “Não adiantou nada. Aí voltamos ao médico, dessa vez fizeram ressonância e aí descobriram o tumor”, lembra Ribeiro. “Ela foi encaminhada ao Base porque o médico disse que ela precisava de uma neurocirurgia e o Base era muito bom nisso.”A família tentou por meses uma consulta, sem sucesso. O médico nunca estava disponível. Com a ajuda de uma amiga que trabalha no hospital, o atendimento foi agendado para dez meses depois.

G1

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