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Vítimas de pintor que escondia ossos eram homossexuais, diz polícia

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publicado em 28/09/2015 às 20h28
atualizado em 29/09/2015 às 09h32

O pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, de 41 anos, preso na sexta-feira (25) suspeito da morte de um jovem de 21 anos já cumpriu pena por dois homicídios, segundo a polícia civil. Na casa dele, no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, além do corpo de Carlos Neto Alves Júnior, a polícia encontrou o cadáver ou restos mortais de pelo menos outras três pessoas que ainda não foram identificadas.

Oliveira está preso temporariamente no 77º Distrito Policial, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Segundo policiais que fizeram a sua prisão, o pintor confessou ter matado Carlos Júnior, também conhecido por Mudinho, mas não havia se pronunciado sobre as outras vítimas. Ele apenas afirmou que um crânio humano encontrado em sua casa foi pego em um cemitério.

Carlos era homossexual e estava aposentado por conta de uma surdez de nascença. De acordo com o delegado Édilzo Correia de Lima, a polícia trabalha com a hipótese de que uma moradora da região, também homossexual e que já está desaparecida há meses, seja uma das outras vítimas encontradas na residência.

O delegado ressaltou, no entanto, que tanto Júnior quanto a mulher desaparecida eram usuários de drogas. Para ele, o fato de ambos serem homossexuais pode mascarar a real motivação do crime, que ainda não foi esclarecida.

Além disso, familiares de uma mulher desaparecida encontraram, por conta própria, nesta segunda-feira, novos restos mortais na casa do pintor. A estudante carioca Renata Christiana Pedrosa Moreira, de 33 anos, desapareceu em janeiro deste ano. Ela morava com uma companheira em um apartamento também na região do Jabaquara. Usuária de drogas, costumava comprar entorpecentes para consumo próprio na favela onde o pintor vivia. Os dois, no entanto, não se conheciam, garante a família.

Desde o desaparecimento da filha, Maria de Fátima Pedrosa começou o que classificou como “trabalho de detetive” ao lado da nora. Juntas, elas deram início a uma grande busca em paralelo às ações da polícia. Como o último registro do GPS do celular de Renata apontava para a região da favela, elas decidiram concentrar os esforços na área.

Cansada de esperar pelo trabalho da polícia que, segundo ela, afirmava que Renata estava viciada em crack e morando na rua, na manhã desta segunda-feira (28), ela e a nora compraram uma pá e decidiram entrar na casa do pintor para ver se encontravam alguma pista ou pertence da estudante.

Utilizando a ferramenta e também as próprias mãos, elas cavaram e vasculharam a residência até encontrar objetos, como calcinha e meias, e também restos mortais. Nenhum dos itens, no entanto, foi reconhecido pelos familiares como de Renata.

“Só vou acreditar [que a filha está entre as vítimas] se eu vir alguma coisa dela, ou o DNA, que ainda vai ser feito. Se eu vir o celular ou alguma joia que ela estava… Qualquer coisa assim. Até que me provem o contrário. O que escavamos foi pele, ossos de algum tempo. Nada que provasse que minha filha estava ali”, afirmou Maria de Fátima.

Mãe pediu para filho se entregar
O assassinato ocorreu na noite da última quarta-feira (23) na residência do pintor, localizada na Rua Professor Francisco Emídio da Fonseca. Segundo a polícia, o pintor confessou ser o responsável pela morte e se entregou após um telefonema da mãe dele.

A polícia chegou ao imóvel após uma denúncia e localizou o corpo de Júnior enterrado em um cômodo da casa. A mãe do acusado, que mora em frente, informou ter visto a vítima e o filho entrarem juntos no imóvel. Segundo ela, o pintor saiu da residência na manhã de sexta e não voltou mais. A pedido dos policiais, a mãe e a irmã do suspeito ligaram para ele e o homem decidiu se entregar, segundo o boletim de ocorrência.

Em depoimento, o suspeito disse que Júnior entrou em sua casa com uma faca na mão na companhia de outro rapaz. Segundo ele, após uma discussão, a vítima o esfaqueou no braço, ele conseguiu tomar a faca de Júnior e começou a golpeá-lo. O rapaz que estava com o jovem fugiu durante a briga, de acordo com a versão do suspeito.

Ao perceber que a vítima estava morta, o pintor afirmou ter se desesperado e decidido enterrar o corpo. Ao realizar a perícia no imóvel por causa do assassinato, foram localizados três cadáveres e uma ossada. As outras vítimas não haviam sido identificadas até este domingo.

A Polícia Militar achou também roupas manchadas de sangue, uma faca, um soco inglês, e um celular, que foi reconhecido por uma manicure de 33 anos como sendo de sua irmã, que está desaparecida. Segundo ela, o boletim de ocorrência ainda não havia sido registrado.

Por estar com ferimentos no braço e na perna direita, o pintor foi encaminhado ao Hospital São Paulo, onde foi medicado antes de ser levado à delegacia. A perícia foi realizada e
todo o material encontrado no imóvel, apreendido. O caso foi registrado no 16º Distrito Policial, na Vila Clementino.

G1

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